Os moradores da centralidade da Quilemba, no município do Lubango, capital da província da Huíla, mostram-se apreensivos com a decisão da administração local de encerrar todos os serviços comerciais que funcionam adaptados em residências. Pelo facto de a centralidade não ser contemplada com lojas, os moradores discordam da decisão
São milhares o número de pessoas que habitam a centralidade da Quilemba, inaugurada em 2019 pelo Presidente da República, João Lourenço, sem qualquer serviço social, nomeadamente mercados, padarias, bancos e farmácias. Para satisfazer as necessidades, os moradores são obrigados a per- correrem longas distâncias apesar da exiguidade de transportes públicos naquela circunscrição da cidade do Lubango.
Com vista a contrapor a situação, alguns microempresários adaptaram as vivendas do tipo T3 em estabelecimentos comerciais, como lojas, restaurantes, talho, farmácias, salão de beleza, padarias e lanchonetes. Entretanto, estes operadores comerciais foram surpreendidos com a informação segundo a qual estes estabelecimentos serão encerra- dos, pelo facto de estarem em locais impróprios.
Rauna Johanes, moradora da centralidade da Quilemba há três anos, numa zona em que está concentrado o maior número de residências adaptadas em lojas, disse que, apesar de exíguas e com poucos os produtos, estas têm estado a reduzir as distâncias percorridas pelos moradores na busca de serviços e bens fora da Quilemba.
“Esta é uma péssima medida, porque acho que, antes de as autoridades locais fecharem, deveriam dar terrenos a estes empreendedores para que pudessem exercer as suas actividades, porque são eles que nos ajudam diariamente”, observou.
Quem também não concorda com o encerramento é Luísa Menezes, pela falta de transportes públicos que ligam a urbanização às grandes superfícies comerciais ou ao mercado paralelo do Mutundo, que dista a 12 quilómetros da centralidade.
“Aqui não tem mercados, não tem lojas, tudo é feito no Mutundo, e nem sempre a pessoa tem dinheiro para pagar um táxi, por exemplo, só para comprar pão na padaria”, desabafou.
Foi identificado um espaço para o comércio
Proprietário de um talho adapta- do numa residência, Nuno Lupeke revelou que a informação é do seu domínio, porém, foi-lhe dito que, para a construção de um estabelecimento comercial, é necessário a aquisição de um terreno infra-estruturado que está a ser comercializado a 8 mil Kz cada metro quadrado. “Aceitamos que as adaptações feitas nas residências não são correctas, mas a nossa intenção foi apenas de aproximar os nossos serviços aos moradores da centralidade”, justificou. Quem partilha da mesma ideia é o jovem António Luís, gerente de um outro estabelecimento comercial, tendo dito que está apenas a aguardar que as autoridades locais encontrem uma solução.
Administração local desdramatiza A equipa de reportagem do OPA- ÍS contactou o administrador da referida centralidade, Enriques Domingos, que começou por esclarecer que muitas residências que foram transformadas em locais de venda têm estado a prejudicar a segurança pública, com as suas actividades, sobretudo com a poluição sonora e obstrução de estradas, por conta das viaturas mal estacionadas.
“Já fizemos dois encontros com os proprietários destas residências adaptadas para o comércio no sentido de se pensar na transição, uma vez que temos terrenos infra- estruturados para este efeito. O que não queremos é que estes comerciantes fiquem distraídos e venham outros investidores de fora e ocupem estes espaços”, disse. Por outro lado, Enriques Domingos assegurou que só serão encerradas todas as residências adaptadas para locais de venda cuja actividade perturba a ordem pública e o bom funcionamento de uma centralidade. “Residências há em que se exerce a actividade comercial de forma ilegal, fecham as ruas com viaturas, colocam música alta, entre outros. Estas vamos encerrar”, assegurou.
POR: João Katombela, na Huíla