Várias seitas religiosas, casas de curandeiros e de oração que vinham funcionando à margem da lei na província de Cabinda foram encerradas, recentemente, pela Secretaria Provincial da Cultura em Cabinda. Para o efeito, a operação contou com o apoio de efectivos da Polícia Nacional (PN), do Serviço de Investigação Criminal (SIC) e do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB)
São, no total, 21 curandeiros (vulgo “kimbandeiros”) que foram proibidos de exercer esta actividade por realizarem “rituais estranhos”, simularem a cura de muitas doenças, prometerem facilitar o acesso ao emprego a muitos cidadãos, bem como resolver questões de mulheres com problemas de infertilidade.
O secretário provincial da Cultura em Cabinda, Ernesto Barros André, disse que os referidos kimbandeiros, na sua maioria proveniente da República Democrática do Congo (RDC), para além das práticas nocivas, se dedicavam também ao contrabando de combustível.
A título de exemplo, como prova, contou que numa das casas desmanteladas foram retirados 140 vasilhames e 26 recipientes cheios de combustível. As acções das forças de ordem pública, enquadradas na “operação Lussolo”, levada a cabo pela PN em 2023, culminaram ainda com o encerramento de três células de oração, a suspensão de outras duas e emissão de 22 advertências para se melhorar as condições de trabalho.
Uma outra situação que aflige as autoridades locais tem que ver com a forma como as pessoas são facilmente “instrumentalizadas” por falsos profetas ou líderes religiosos. O secretário da Cultura afirmou que a população de Cabinda, estimada em cerca 600 mil habitantes, adere com bastante facilidade a qualquer doutrina que se introduzir na província. “As pessoas são levadas a toda base de doutrina.
As pessoas, desde a sua mocidade, foram aprendendo a palavra de Deus através de uma igreja, mas chega um dado momento que põem tudo em causa para aderir a outras religiões e outras doutrinas”. Para Ernesto André, isto deve- se, talvez, às raízes pouco seguras daquilo que se aprende nas igrejas, por ser fácil uma religião se implantar na província de Cabinda. “Isto deixa as pessoas admiradas. Enquanto deveríamos defender aquilo que já conhecemos e já temos na nossa base doutrinária”, considerou.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda