A província de Luanda está a implementar um programa de arborização da cidade, com a meta de atingir a plantação de um milhão de árvores até 2027. um dos grandes entraves tem sido a vandalização e roubo de árvores já plantadas, bem como a sua conservação. A educação ambiental ainda está longe de ser alcançada, enquanto iniciativas particulares ganham mais força
O lançamento do programa de arborização da província de Luanda, no dia 15 de Dezembro do ano passado, orientado pelo governador da província de Luanda, foi feito com a pretensão de serem plantadas seis mil árvores, de forma faseada, em toda a extensão da Avenida Lueji A’Nkonde, no distrito urbano do Sambizanga.
O programa contempla a plantação de um total de um milhão de árvores, até 2027, com o objectivo de inverter o cenário de falta de árvores na província, estimular o surgimento de novas áreas verdes, promover a saúde dos solos e do ambiente, bem como garantir as condições de vida e o bem-estar social público. No distrito urbano do Sambizanga, mais de 1.500 árvores foram plantadas, em toda sua extensão, e deste número 189 foram vandalizadas, causando um prejuízo de aproximadamente, 945.000 mil kwanzas, segundo a administradora do distrito urbano do Sambizanga, Betânia Lopes.
As árvores foram compradas nos viveiros existentes na província de Luanda, cujos preços variam dos 2 aos 20 mil kwanzas, dependendo do tamanho, espécie e da quantidade que se pretende. “Na rua Lueji A’ Nkonde, estão a ser colocadas as acácias, e as que estão a ser plantadas actualmente foram adquiridas, cada, a 9 mil Kz. Comprar plantas tem um custo muito elevado e destruí-la é dinheiro perdido”, desabafou.
Têm um universo de 198 plantas vandalizadas, disse, e o cálculo mínimo de 5 mil Kz cada planta, o distrito teve um prejuízo de aproximadamente 945 mil kwanzas. Muitas árvores estão a ser vandalizadas e roubadas por crianças e pessoas adultas, por isso foram criadas estruturas para proteger as plantas, mas estas também estão a ser roubadas. Considera importante o constante apelo para a sensibilização no seio da comunidade sobre a preservação das plantas.
O programa tem estado a ser orientado pela administração, parceiros sociais e, todos os dias, os funcionários da área comunitária, com as associações do distrito, estão focados no tratamento das plantas, como a rega, o trabalho é consolidado com as igrejas que também não estão de fora no que à manutenção das árvores diz respeito. Plantaram na rua Lueji A’Nkonde, na 12 de Julho, no Miramar e também na avenida Alameda.
Segundo, Betânia Lopes, estão abertas parcerias com as pessoas que têm viveiros para que deixem de comprar plantas. Já receberam três propostas, que estão a ser avaliadas pela área técnica e o Gabinete Jurídico.
Projecto de adopção de árvores
Por outro lado, Betânia Lopes fez saber que, a nível do Sambizanga, foi adoptado o projecto de adopção de árvores, através do qual é feita a entrega de uma árvore a um munícipe, ele recebe com um certificado e ajuda a controlar as árvores todas. “Felizmente foi um projecto bem recebido pela comunidade, as árvores que foram entregues estão a crescer bem, sob o olhar atento da comunidade. E diariamente recebemos solicitações de vários munícipes empresários que pretendem adoptar árvores”, avançou. A responsável referiu ainda que, nas escolas, igrejas e residências, estão a levar especificamente árvores de fruto e sombra. E nas casas, os munícipes podem manifestar se pretendem árvore de fruto.
Floresta da Ilha: O “pulmão” da cidade a ser maltratado
Considerada por muitos como o grande pulmão da arborização em Luanda, a Floresta da Ilha, no distrito urbano da Ingombota, está voltada ao lixo e maus-tratos das árvores
Segundo o administrador do distrito urbano da Ingombota, Paulo Furtado, tudo tem sido feito para a manutenção das árvores que ali se encontram. “A floresta vai sofrer uma requalificação que contempla também a preservação do espaço verde”, disse. De momento, as árvores muito antigas da floresta da ilha têm sofrido restauro, tem sido feita limpeza periódica no local, mas “enquanto não se der um uso, ou tratamento definitivo na floresta, é um caso muito complicado.
Porque é um espaço aberto ao público e, volta e meia, as pessoas vão acomodar-se lá, sem regras e, muitas vezes, transportam lixo”, descreveu. Apesar de estarem a fazer um trabalho correctivo com o apoio da Polícia Nacional, reconheceu que não tem sido fácil. Enquanto não se der o tratamento daquele perímetro, acrescentou, ainda vamos assistir este tipo de situação. “Algumas pessoas, na cala- da da noite, no final de semana, vão depositar lixo na floresta da ilha”, denunciou.
Já começaram com o processo de limpeza, todos os sábados, com a empresa Elisal e não tencionam desistir, até se efectivar o processo de requalificação da floresta, que é um grande pulmão da cidade de Luanda. Na Ingombota, a campanha do PAL é feita particularmente no que diz respeito à manutenção e reposição de muitas árvores. Existe na localidade, muitas árvores velhas que têm estado a cair, que estão secas, e trabalham com a comunidade local para que possam apadrinhar e cuidar de- las. O responsável manifestou que o distrito conta com uma grande zona verde, quase que 70 por cento do distrito é arborizado, predominância das árvores do tipo palmeiras e coqueiros.
A nível do distrito, já foram plantadas aproximadamente 2.000 árvores. A meta é cobrir todos os espaços que estão definidos como zonas verdes a nível local e chegar às seis mil árvores. E aliado a isto, têm um programa que já está a ser desenvolvido há muito tempo, de fazer manutenção e revitalização dos espaços verdes, largos e separadores. “A maior parte dos espaços verdes, ajardinados, largos, separadores, já estão requalificados com padrinhos ou empresas que têm ajudado na manutenção”, garantiu.
Mais de sete mil árvores já plantadas no município de Luanda
Das 101 mil e 48 árvores que se prevê plantar até 2027, a nível do município de Luanda, sete mil e 808 árvores de diversas espécies já foram plantadas até o mês de Fevereiro. Desta cifra, 550 foram vandalizadas e furtadas, segundo o director do Ambiente e Saneamento Básico da localidade, Sílvio Alvarenga. A nível do município de Luanda, prevê-se a plantação de 101 mil e 48 árvores até 2027, já que o Programa de Arborização de Luanda prevê, para a província, a plantação de um milhão de árvores no mesmo período.
O director do ambiente e saneamento básico, do município de Luanda, Sílvio Alvarenga, referiu que até ao momento já foram plantadas sete mil e 808 árvores de diversas espécies, porém, o furto e a vandalização de árvores fizeram 550 vítimas.
A nível do município de Luanda, em cada distrito, têm um jardim modelo, que representa o PAL. O programa ainda não está inserido no OGE, por isso, não tem orçamento específico, mas os técnicos trabalham e contam com a ajuda da sociedade civil, as pequenas, médias e grandes empresas, bem como as pessoas de boa vontade que podem ajudar na campanha, com sementes, plantações, entre outros apoios. Para apoiar o programa de arborização, há motocisternas de mil litros, e cada município se beneficia de uma ou duas.
“As directrizes do programa ainda estão a ser desenhadas, situações como regulamento, funcionamento e projectos para criação de viveiros. Existe ainda um mapa com o qual a equipa faz a monitorização das actividades realizadas”, sublinha. Para além de se registarem campanhas de iniciativa da população, empresas e pessoas colectivas, cada distrito tem uma equipa técnica. “Os benefícios são vários, com maior destaque para o oxigénio, retenção de dióxido de carbono, metais pesados, embelezamento.
Entretanto, a província de Luanda tem ainda poucas árvores em relação ao recomendado, que são 12 metros quadrados de árvore em cada pessoa, que significa três árvores de médio porte”, disse. Sílvio Alvarenga lembrou que o Programa de Arborização de Luanda teve início em Dezembro de 2023; na altura, foram seleccionadas as ruas para arborizar, tal como as espécies e as quantidades a serem plantadas; de seguida, deu-se o início à primeira fase, que foi a de arborizar as ruas, avenidas, largos e as escolas, onde foram plantadas árvores frutíferas.
POR: Stela Cambamba e Maria Custódia