O país gasta cerca de 100 milhões de dólares norte-americanos, todos anos, no processo de recolha e saneamento básico, de acordo com a Presidente do Conselho de Administração (PCA) da Agência Nacional de Resíduos (ANR), Nelma Caetano, que chama a atenção para o investimento na reciclagem de resíduos sólidos
A responsável da ANR, que falava na abertura da conferência nacional de resíduos, que termina hoje, na cidade de Luanda, disse que actualmente o nosso país gasta com o sistema de recolha e saneamento básico cerca de 100 milhões de dólares norte-americanos, uma situação que poderia ser minimizada, uma vez que, só na província de Luanda, com o processo de reciclagem de resíduos é possível arrecadar 550 milhões de dólares.
O país tem infra-estruturas e instalações de tratamento e reciclagem, divididas em colecta e selecção (num total de 36), triagem e reciclagem de resíduos (75), com- postagem (20), lixeiras (54) e cinco aterros sanitários. Destas infra- estruturas, 22 trabalham plásticos, 31 metal ou sucatas, 19 latas, sete tratam de papéis, quatro de vidros e duas de pneus. As províncias de Luanda, Benguela, Bié, Huambo e Huíla são as que mais reaproveitam e tratam os resíduos sólidos.
Essa actividade é desenvolvida por associações de defesa do ambiente, cooperativas de catadores de resíduos e em- presas de reciclagem. Apenas 25% do resíduo produzido em Angola é reinserido ao sistema económico. Os novos centros urbanos trouxeram uma nova realidade, segundo a PCA, sobre o estado do saneamento básico no país, pelo que se estima que 30% das zonas habitadas possuem saneamento básico. Nelma Caetano lembrou que a gestão dos resíduos em Angola é da responsabilidade dos governos provinciais e cabe a ANR executar a política nacional de gestão.
Actualmente, o país está com uma produção anual que se aproxima das 25 milhões de toneladas, com média diária de 0,75 quilo- gramas de resíduos/habitante. “A população é participe activo na gestão dos resíduos e a sua integração no sistema de gestão é importante. O processo de separação ainda não é feito de forma integrada e, praticamente, apenas 20% da produção de resíduos não chega aos aterros sanitários”, sublinhou.
Instalação de ecopontos precisa- se
Nelma Caetano assegurou que a instalação de ecopontos nas avenidas jogará um papel fundamental para a recolha selectiva nas cidades e facilitará a sua gestão. Por outra, a gestão de resíduos em Angola é feita com base no Plano Estratégico de Gestão de Resíduos (PESGRU), sendo que cada província elabora o seu Plano Provincial de Gestão de Resíduos Urbanos, que devem estar alinha- dos com o PESGRU e submetem a aprovação da Agência Nacional de Resíduos.
Com a política de valorização de resíduos pretende-se que apenas os materiais não recicláveis vão parar ao aterro sanitário e, desta forma, se aumente o tempo de vi- da útil dos mesmos. Os especialistas dizem que das 25 milhões de toneladas de resíduos, apenas 25% não chegam aos aterros sanitários.
Sustentabilidade não pode ser ignorada
Por seu turno, a ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, disse que, nos últimos anos, a sociedade angolana tem reconhecido o valor da sustentabilidade, até porque ignorar este facto nos leva a suportar custos económicos, sociais e humanos indesejáveis. De acordo com Ana Paula de Carvalho, o crescimento económico que se está a preparar, e que se encontra em plena aceleração, obedece ao princípio elementar da sustentabilidade.
“É necessário crescer mais do que se está a registar actualmente, mas precisamos de crescer de uma forma a que se evite os solavancos, sobres- saltos e a insegurança do futuro”, sustentou.O crescimento verde significa investir nas tecnologias ambientais e é uma peça central na nova fase de crescimento que já se está a testemunhar a nível do país, em vários sectores, com destaque o da energia e petróleos.