De um total de 3,5milhões de empregos, mais de 72 por cento foram não salariais, nomeadamente angolanos proactivos que iniciaram uma micro empresa para gerar rendimentos para o agregado familiar, sob a forma de trabalho independente (52 por cento), trabalho familiar não remunerado (10 por cento) e empregadores de pequena escala (7 por cento), aponta um relatório do Banco Mundial apresentado ontem, em Luanda, numa cerimónia que contou com a presença de membros do Executivo e representantes da sociedade civil
Angola criou, durante o período 2 0 0 9/2 019, 3,5 milhões de empregos líquidos, anunciou, ontem, um relatório do Banco Mundial apresentado em Luanda, testemunhado por membros do Executivo e sociedade civil. O relatório do Banco Mundial, com foco para o emprego juvenil, realça que, apesar de um abrandamento económico desde 2015, a economia angolana criou uma média anual de 350.000 empregos.
O documento refere que a participação na força de trabalho é elevada a 76 por cento, em comparação com 66 por cento entre os países comparáveis e dois terços (65 por cento) da população adulta tem um emprego. Da população adulta activa no mercado de trabalho, esclarece o relatório, uma grande par- te (85 por cento) está empregada. Entretanto, apesar das elevadas taxas de participação e emprego, muitos angolanos trabalham em empregos de baixa produtividade com perspectivas limitadas de aumentar os rendimentos ou a qualidade do emprego.
Segundo ainda o relatório, mais de 72 por cento dos empregos criados durante 2009- 2019 foram não salariais, nomeadamente angolanos proactivos que iniciaram uma micro empresa para gerar rendimentos para o agregado familiar, sob a forma de trabalho independente (52 por cento), trabalho familiar não remunerado (10 por cento) e empregadores de pequena escala (7 por cento). Segundo ainda o documento, a maioria dos novos empregos não salariais eram ocupações não qualificadas nos sectores da agricultura e comércio, que contribuíram muito pouco para o crescimento económico ou para o bem- estar dos trabalhadores devido à baixa produtividade e salários e à ausência de benefícios sociais li- gados ao emprego.
As mulheres, sublinha o documento, eram particularmente activas nestes sectores. Já os sectores “melhores”, em termos de estabilidade no emprego e benefícios, desempenharam um papel mais modesto na criação de em- prego. Estes incluíam o lucrativo sector extractivo, serviços financeiros, indústria transformadora e emprego no sector público.
Empresas jovens
O relatório do Banco Mundial deixa ainda claro que a maio- ria das empresas que operam em Angola são jovens, com possibilidades limitadas de contratação e qualidade de emprego potencial- mente inferior para os trabalhadores. Neste sentido, o relatório mostra que, aproximadamente, 68 por cento das empresas que operam em Angola têm menos de 5 anos, enquanto 21 por cento tem menos de dois anos. “Embora as empresas jovens dominem o mercado, elas lutam para crescer e tornar-se entidades criadoras de emprego”, sublinha o documento, fazendo referencia que as empresas jovens representem 73 por cento das empresas não registadas, ou seja, informais.
Participação de todos
Para o director regional do Banco Mundial, Albert Zeufac, comparando com outros países da região, Angola não está tão mal as- sim, mas precisa fazer um esforço de continuar a inserir os jovens no mercado de trabalho formal. Segundo Albert Zeufac, o em- prego é importante para a garantia de um ambiente de paz em Angola, pelo que as acções com vista a criar maiores e melhores oportunidades de emprego devem ser accionadas todos os dias com a integração dos vários sectores da vida social, desde o sector privado e público, assim como os diversos seguimentos da sociedade civil.
Medidas políticas permitem salvaguardar postos de emprego
Por seu lado, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, disse que o Executivo angolano tem consciência que o trabalho é essencial para a subsistência das famílias. O acto de trabalhar, frisou, garante uma posição de dignidade para o trabalhador, não apenas por permitir a manutenção financeira das famílias, mas também por constituir um factor de integração e inclusão social. Neste sentido, referiu que o desemprego juvenil é um mal que enferma a sociedade angolana, pelo que deve ser continuamente combatido.
Por esta razão, referiu que no domínio da Administração do Trabalho tem-se vindo a empreender um esforço incessante para a redução dos níveis de desemprego com a materialização de diversos programas de formação profissional e promoção de empregabilidade. Segundo ainda a governante, com vista a diminuir o impacto da pandemia da Covid-19, assim como o da recessão económica, o Executivo Angolano implementou, a par de outros Governos do mundo, medidas políticas integradas e de larga escala, concentradas em quatro pilares funda- mentais, nomeadamente o apoio às empresas ao emprego e a renda, a estimulação da economia e do emprego, a protecção dos trabalhadores no local de trabalho e o diálogo social para encontrar soluções.
Estas medidas, destacou, permitiram, de certo modo, a geração de um total de 490 mil e 768 dos 500 mil previstos para o quinquénio 2018-2022. “Apesar de, por força da pandemia da Covid-19, termos registado empregos destruídos, com maior destaque nos anos de 2020 e 2021, perfazendo o total de 271 mil e 562 que perderam os postos de trabalho”, destacou, acrescentando ainda que “importa realçar que, ainda assim, com todo o esforço do Executivo, conseguiu-se conservar 219 mil e 206 postos de