O jovem Manuel Ventura da Costa, mais conhecido por Bad, de 32 anos, e o seu companheiro do crime conhecido apenas por 3.5.5, integram um grupo de 12 supostos marginais que foi, recentemente, desmantelado pela Polícia Nacional por, alegadamente, estar envolvido num duplo homicídio ocorrido no dia 20 de Janeiro, em Luanda
O grupo de malfeitores pôs fim a vida de Honória Afonso, proprietária da residência alvo do assalto, com a ajuda de Paulina de Oliveira, a alegada namorada do marginal 3.5.5, que se encontra em fuga. Ela é ainda descrita como sendo a informante do grupo de marginais, ou seja, a pessoa que tinha a missão de fazer a pesquisa prévia sobre as condições financeiras da família que seria assaltada na calada da noite.
Na noite do dia 20 de Janeiro, a dupla, Bad e 3.5.5, fazendo fé na informação de que numa das residências do bairro das Lagostas, no Distrito Urbano de Ngola Kiluanje, havia uma quantidade considerável de dinheiro, decidiram mobilizar alguns integrantes do grupo para realizar um assalto à mão armada. A informação da existência de valores havia sido passada ao 3.5.5 por Paulina de Oliveira, conforme contou, ontem, à imprensa, Bad, um dos integrantes do grupo detido pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda.
Segundo a fonte, não conseguiram entrar com facilidade na residência, pois se depararam com resistência por detrás da porta. Neste caso, conforme conta Bad, os seus amigos fizeram tiros para neutralizar quem estivesse a impedi-los, tendo atingido mortalmente a jovem Honória Afonso André, de 21 anos, filha da dona da residência. Bad recorda, em declarações à imprensa, que de seguida entraram na residência e se depararam com as pessoas aos prantos clamando por socorro. “Como estava fora não tive conhecimento que os disparos atingiram, mortalmente, a filha da dona da casa”, desabafou
Segundo o suposto marginal, quando os seus comparsas regressaram, afirmaram que na residência havia apenas bens materiais, pois não encontraram dinheiro. “Praticaram o crime de roubo qualificado de 200.000 kwanzas, três telemóveis, uma carteira contendo diversos multicaixa e uma coluna reprodutora Bluetooth”, detalhou Emanuel Capita, porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Bad afirma que foi o próprio 3.5.5 quem disparou propositadamente contra a própria namorada. “Ele disse que disparou contra a jovem porque era sua namorada. E eu também fiz um disparo”, detalhou o jovem que já tem antecedentes criminais, tendo cumprido pena de prisão nas cadeias de Calomboloca e na Comarca de Viana. Daí seguiram, ele numa motorizada e os seus companheiros numa viatura, para a próxima residência que seria assaltada naquela mesma noite.
Justificação da morte
O porta-voz do Serviço de Investigação Criminal (SIC), Emanuel Capita, disse que os implicados decidiram em primeira instância agredir fisicamente a cidadã Paulina de Oliveira, de 19 anos, “por sinal namorada de um dos implicados foragidos, pelo facto de esta ter sido a informante do grupo, pesando sobre ela a falsa pista sobre a existência de valores avultados na residência da sua vizinha”. Segundo Emanuel Capita, descontentes, alguns dos membros da associação criminosa decidiram matar a cidadã, pois, no seu entendimento, espancá-la apenas não seria suficiente, porque sabia que foram eles os autores do crime que vitimou a vizinha. “No sentido de não deixarem pontas soltas, decidiram assassinar a cidadã com um disparo de arma de fogo do tipo AKM, na região torácica, pondo-se em fuga”, esclareceu.
Familiares clamam por justiça
Antónia Marques Sebastião, mãe de Paulina de Oliveira, manifestou que a sua família ficou surpreendida com a informação que receberam na Esquadra, onde foi desencadeado o competente processo-crime. “Na medida em que ela era muito doentinha, sofria de asma, tímida e medrosa”, descreveu. A malograda era a segunda filha, de um total de quatro. Consternada com a dor que a corrói, passado um mês desde que a morte assolou a sua família, disse estar satisfeita em ver os marginais presos e que espera que se faça justiça. “A Paula nunca apresentou nenhum mau comportamento.
Ela até gostava muito de ir a festas. Ela me dizia que não tinha namorado”, desabafou em lágrimas. Acrescentou de seguida que “pretendo perguntar aos criminosos porquê que fizeram isto”. Ao recordar o último momento que passou com a filha no dia 20, Antónia Sebastião afirmou que ela recebeu, por volta das 19 horas, uma mensagem e saiu de casa sem se despedir. Num primeiro instante, pensaram que ela estivesse sentada na porta de casa ou nos arredores do bairro, como era do costume.
Por volta das 21horas, deram conta que não estava em nenhum dos lugares acima referido. Preocupados, ligaram para ela e o telefone chamava mas ninguém atendia. Deixaram mensagem e, ainda assim, ela não respondeu nem retomou as chamadas. Segundo a nossa interlocutora, por volta das 5 horas, um vizinho telefonou ao pai da Paula a perguntar por ela. Assim que o pai informou ao vizinho que estavam justamente a procurá-la, eis que ele recomendou que fosse à lixeira mais próxima, nas imediações de um estaleiro da empresa Ango-Austral. Antónia Sebastião conta que quando lá chegaram encontraram três polícias a protegerem um cadáver no chão, era o corpo da sua filha Paulina de Oliveira.