Desde Março de 2024, Angola enfrentou um desafio em termos de saúde pública e sustentabilidade ambiental. A proibição da venda de bebidas espirituosas em embalagem plástica está plasmada no Decreto Executivo nº 13/24 de 12 de Janeiro.
Contudo, um ano após a implementação da norma, a venda de bebidas em pacotinhos continua, desafiando as autoridades e revelando uma resistência à mudança.
Cada indivíduo consumidor de pacotinhos encontra nestas bebidas uma motivação, uma sensação e um estímulo diferente. Para alguns, a bebida serve para desanuviar; para outros, serve para dar força ao corpo depois de muito esforço.
No caso de João Boquinha, residente no Porto Pesqueiro, os pacotinhos, segundo disse, geram alegria à alma e fazem esquecer a situação que o país enfrenta.
Além disso, João diz que sempre que consome é-lhe mais fácil fazer as coisas, não se intromete na vida de ninguém, mas não nega o facto de certos colegas consumidores apresentarem comportamentos desviantes.
Sapateiro e pai de dois filhos, “Mestre Rã”, como também é conhecido, tem 47 anos de idade, mas a trajectória no mundo do álcool começou em 2001, quando ainda era um jovem de 23 anos.
Ser sapateiro é uma das várias funções que desempenhou ao longo da vida, pois, como afirma, para além desta, já foi taxista, vendedor de sacos, auxiliar das vendedoras do mercado do Roque Santeiro e trabalhou nos Assuntos Sociais da Casa Militar.
Apesar da ronda da Polícia na zona em que vive, João conta que há muitas casas de bebida a comercializarem todo o tipo de bebida, pelo que, estas mesmas casas têm João como um fiel comprador, que só não faz uso de todas as marcas pela discrepância no preço.
O preço mais barato de uma saqueta de whisky é de 80 kwanzas, ao passo que o mais caro do que isso varia entre 100 e 350 kwanzas por saqueta. Até às 11 horas da manhã do dia da nossa reportagem, Boquinha não tinha atendido qualquer cliente, mas já tinha em mão 200 kwanzas.
Com tais valores, fez questão de comprar duas saquetas de marcas diferentes e provar para nós que é um “craque”. Aquela era uma quantidade insignificante se comparada com os dias normais, que tende a ingerir mais de 10 pacotinhos.
POR:Stélvia Faria e Germano Notícia