Professor catedrático da Universidade Agostinho Neto, o sociólogo Paulo de Carvalho é o presidente da Academia Angolana de Letras, um selecto grupo de personalidades ligadas ao mundo das letras formado há sete anos. Nesta entrevista a OPAÍS fala sobre os objectivos da organização e os desafios que tem enfrentado na sua liderança
Cerca de sete anos de- pois da sua criação, que balanço se pode fazer da Academia e os objectivos que estatutariamente diz perseguir, que são o ensino, estudo e incentivo da língua portuguesa e outras nacionais?
A Academia Angolana de Letras foi proclamada a 15 de Setembro de 2016. Já lá vão 7 anos, portanto. A primeira direcção foi comandada pelo escritor Boaventura Cardoso, também antigo Ministro da Cultura. Nós integramos a segunda direcção da AAL, cujo mandato se aproxima do final. Penso que o balanço é positivo, tendo em conta o facto de estarmos quase praticamente entregues à nossa sorte. Noutros países, as academias de letras são parceiros governamentais, devidamente acarinhados e com acção preponderante no que diz respeito à concepção de políticas públicas sociais, sobretudo culturais e educativas. Por cá, estamos longe de alcançar esse desiderato. Aliás, sete anos depois, nem ao menos conseguimos registar a Academia como instituição de utilidade pública.
Os angolanos, pelo menos aqueles bem informados, conhecem os objectivos perseguidos pela Academia de Letras? Qual tem sido, por exemplo, a participação dos académicos e estudantes de áreas como a educação, línguas, literaturas e afins?
Acredito que o angolano médio não saiba o que é a Academia de Letras. Talvez a confunda com a União dos Escritores (ou com as associações de escritores, pois ao contrário do que ocorre com as Academias de Letras, pode haver mais que uma associação de escritores). Mas o angolano com formação média, no mínimo, tem a obrigação de saber o que é e para que serve uma Academia de Letras. Como é óbvio, temos difundido as nossas actividades, também nas faculdades e institutos médios, mas temos de assumir que é diminuto o interesse dos estudantes em aprender e em discutir de forma séria os problemas da nossa sociedade. E o sistema de ensino angolano não contribui para isso; muito pelo contrário.
Angola não ratificou o Acordo Ortográfico, mas faz uso em demasia de livros grafados com o mesmo. Trata-se de uma questão comercial ou apenas política?
De facto, o Estado angolano não ratificou o acordo ortográfico da língua portuguesa de 1990. E nós, Academia Angolana de Letras, subscrevemos integralmente essa opção. Algumas pessoas estão contra nós, porque partem do princípio de que estamos contra o acordo e ponto final. Não é nada disso. A questão é muito simples: o acordo ortográfico simplesmente desconsidera a realidade dos países africanos onde se fala português. Do mesmo mo- do que acontece com o Brasil, onde as características da língua tupi guarani são consideradas no acordo, é preciso que o acordo contemple alguns elementos da grafia das nossas línguas africanas, de modo que o português se compatibilize com elas.
Não é apenas um capricho, é antes uma questão de soberania e de respeito pelas particularidades de cada país. Não devemos considerar apenas as particularidades do português falado no Brasil e em Portugal; é preciso, também, considerar as particularidades do português falado em Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste. Se existimos para uma provável ratificação do acordo, devemos antes de mais estar considerados nesse acordo, ser parte dele. O que não ocorre até agora. Quanto à utilização por cá, de livros produzidos no Brasil e em Portugal, não nos podemos pronunciar a respeito, pois trata- se de uma questão de Estado, sobre a qual não podemos ter qualquer influência. O máximo que podemos fazer é reclamar desse facto, bem como do facto de o software que utilizamos nos desconsiderar também.
Qual é a língua portuguesa que se fala em Angola, quando entre as razões apontadas para a ratificação estará, segundo alguns, a exclusão de algumas terminologias assentes do português dito angolano?
A língua portuguesa tem variantes, mesmo dentro de Portugal e dentro do Brasil. Cá em Angola, viajando de Norte a Sul, notamos também diferenças, mas mais na pronúncia que na escrita. Nós temos um português falado em em em Angola, com expressões que têm vindo a ser consideradas no vocabulário da língua, que é fixado no dicionário editado pela Academia das Ciências de Lisboa (Academia na qual existe uma área de Letras – foi assim que se fez a coisa em Portugal, ao contrário de Angola, onde existe mesmo uma Academia de Letras). Portanto, não se trata propriamente de vocábulos, a questão é mais séria, começando mesmo pelo alfabeto da língua portuguesa. Por que razão, por exemplo, não existe a letra K no alfabeto da língua portuguesa? Este é apenas um dos vários exemplos de desconsideração pela nossa realidade, que podemos citar.
O que pensa do facto de em alguns países da lusofonia – e talvez noutros onde existam angolanos e cidadãos de outros pontos do mundo que fala português – usarem de forma corrente expressões ‘angolanas’ e que já aparecem em dicionários do Brasil e de Portugal?Qual é a posição da Academia sobre o assunto?
Nós nada temos contra a inclusão desses vocábulos no dicionário da língua portuguesa. Até porque a língua portuguesa há muito deixou de ser apenas património de portugueses, ou de Portugal; faz parte também do património angolano. É isso que desejamos ver reflectido no acordo ortográfico dessa língua que, afinal, nos é comum. A língua é comum; é preciso que o acordo ortográfico dessa língua seja também comum.
Qual é a visão da Academia em relação aos manuais escolares em uso no país? A diversidade de livros, uns escritos em português não ratificado pelas autoridades angolanas, pode ou não atrapalhar o processo de formação?
Claro que atrapalha. Aliás, haver manuais com grafia não ratificada pelas autoridades angolanas é uma trapalhada de todo o tamanho – chamemos-lhe assim, para não sermos indelicados.
Como é possível haver no mercado a comercialização, até em demasia, mesmo para alunos do ensino primário, em escolas privadas, de manuais diferentes daqueles que são utilizados no ensino público?
É uma aberração. Denota o modo disfuncional como funciona o nosso sistema de educação. Mas isso até nem é o mais grave. Temo-nos perguntado amiúde se estamos a educar ou se estamos a deseducar as novas gerações.
Qual é a relação que a Academia tem ou que deveria ter com o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento da Educação?
Não existe qualquer relação com esse instituto. Que eu saiba, nunca fomos contactados pelo INIDE. Até nem sabemos se ainda existe. Se calhar existe e até tem feito algum trabalho digno, mas não temos conhecimento, nem existe qualquer relação da Academia de Letras com tal instituição.
Hoje, há muita publicação no campo da prosa, poesia e até mesmo de estudos científicos. Qual é a qualidade que estas obras apresentam? A Academia está satisfeita?
Obviamente que estamos satisfeitos com a publicação de livros e de revistas nas várias áreas do saber. Quanto à sua qualidade, não nos podemos pronunciar. De quando em quando, ainda se nota a publi- cação de livros sem o mínimo de qualidade e de rigor. Mas aí tudo depende das editoras e de quem compra esses livros. O que é preciso é garantir que livros sem o mínimo de qualidade literária ou académica não sejam utilizados no sistema de educação formal, da base ao topo.
Há, claramente, muita gente a escrever e alguns destes autores – ou escritores, como se consideram – dão-se até ao luxo de exigir pronunciamentos como da própria União dos Escritores e de outras organizações. Tem lido estes no- vos escritores – ou autores? Que avaliação faz deles? Há algum que lhe merece destaque?
É muito difícil fazer a avaliação global que me pede. Se o fizesse, certamente incorreria em erro e não seria uma avaliação justa. Por outro lado, como percebe, não posso falar em nome da União dos Escritores (com a qual temos uma excelente relação de parceria), mas no que diz respeito à Academia de Letras, posso dizer que somos favoráveis à publicação de obras de qualquer tipo, desde que se respeitem as normas linguísticas em vigor no país e desde que as editoras mantenham o rigor que delas se exige. Depois, o mercado ditará aquilo que deve e o que não deve ser consumido. Esta semana, curiosamente, o Prémio Sagrada Esperança não foi atribuído pela organização, por não encontrar qualidade num grupo de 28 candidatos. Há cor- rentes que dizem que a Academia se deveria pronunciar sobre o assunto, até porque se trata de um prémio em homenagem ao seu patrono, António Agostinho Neto
. (Risos) Bem, pessoalmente, acho que a Academia não se pode pronunciar sobre o assunto, visto que ninguém em sua representação integrou o júri. Não tivemos qual- quer contacto com os trabalhos apresentados. O que posso dizer é que, se o júri considera não ter realmente havido qualquer obra merecedora do prémio, foi bom ele não ter sido atribuído. A questão a colocar é: por que razão os jovens candidatos a escritores não apresentam os seus trabalhos à avaliação de escritores consagrados? Infelizmente, a nossa juventude está a agir dessa forma incorrecta, publicando sem se sujeitar antes à crítica. Eu também soube há dias que um orientando meu na faculdade publicou um livro, sem sequer ter pedido a minha opinião antes de o publicar. Está convenci- do que é autónomo, que não precisa de orientação. Não percebe que ainda hoje eu, que sou catedrático, ainda dou os meus trabalhos a colegas para se pronunciarem. Obviamente que vou deixar de o orientar. A imodéstia é inimiga da perfeição!
“Temos alguns poucos escritores consagrados internacionalmente”
Há três anos, o escritor Lourenço Mussungo, num outro pré- mio, no caso António Jacinto, havia sido acusado de plágio. É um caso único ou ao longo dos anos de existência da Academia surgiram outros?
Plágios, na literatura e na música, são coisas que ocorrem há já bastante tempo. Em caso de plágio na literatura, a mancha fica para toda a vida do (suposto) escritor. E plágio em literatura científica também existe, como é óbvio. Neste último caso, quando é detectado plágio em trabalhos conducentes a grau académico, a grau é retirado. Infelizmente, ainda temos em Angola faculdades e institutos não só sem detector de plágio, mas também onde se combate quem detecta plágio. A questão é que, tirando duas ou três excepções, não vejo até hoje interesse na detecção de plagio e ser retirado qualquer grau académico por plágio. Se eu decidisse, mandava fazer uma vistoria por amostragem, aos trabalhos de licenciatura, dissertações de mestrado e teses de doutoramento de Angola, para verificar o plágio e a qualidade desses trabalhos. Com consequências, claro. Por falar em plágio, sabe que existem “em- presas” que fabricam trabalhos de licenciatura e dissertações? Há anos que toda a gente sabe da sua existência e ninguém faz nada contra essa fraude…
Em Angola, já existem ‘best- sellers’?
Claro que sim. Poucos, mas temos. Temos alguns poucos escritores consagrados internacionalmente. Como por cá se lê muito pouco e o sistema de educação não fomenta o gosto pela leitura, é difícil falar em best sellers cá dentro. Mas há uns poucos livros que esgotaram logo no dia do lançamento.
Qual é a relação existente entre a Academia de Letras e a União dos Escritores Angolanos?
É uma boa relação. Aliás, corrijo: é uma excelente relação. Uma vez que a grande maioria dos membros da Academia integra também a União dos Escritores, foi na sede desta associação que se realizaram todas as reuniões que antecederam a proclamação da Academia. E como a Academia Angolana de Letras não tem ainda uma sede, com sala de reuniões, muitas vezes recorremos aos préstimos da UEA para realização das nossas actividades. Temos deles recebido todo o apoio, que aqui agradecemos publicamente.
O que tem sido feito em prol das línguas nacionais? Ainda é possível reverter o estigma que em determinados meios mais ocidentalizados se observa em relação a quem fale uma delas?
Claro que é possível reverter. Até porque a estigmatização tem mais origem nas nossas próprias cabeças. Não se admite que não se ensine qualquer língua nacional no ensino primário. Na Academia, defendemos que se deveria ensinar ao menos uma língua nacional, por regiões.
Há muito que se falou da introdução dessas línguas no ensino, mas quase que não se observa, havendo alguns casos raros. A Academia tem algum estudo sobre isso?
Não temos qualquer estudo, nem é nossa vocação fazer estudos sobre a matéria. Para isso, precisá- vamos de recursos financeiros, de que não dispomos. A Academia emite pronunciamentos, emite declarações; e há já uma declaração sobre o assunto, na qual recomendamos que hoje, transcorridos 48 anos sobre a nossa independência política, devamos fazer aquilo que deveria ter sido feito na década de 1980: o acesso à instrução ser feito na língua materna de cada um, de modo que as crianças que não falam português deixem de ficar diminuídas no pro- cesso de aprendizagem da escrita. Por não se adoptar este princípio universal, muitos jovens angolanos vêm-se depois diminuídos no acesso ao mercado de trabalho.
Nas décadas de 70 e 80, era visível a presença do INALD na contribuição da literatura, com a tradução de obras de escritores africanos, alguns deles célebres e vencedores do Prémio Nobel da Literatura. Hoje vamos vendo um crescimento de livros sobre auto-ajuda vindo sobretudo do Ocidente e um desaparecimento até daqueles que nos são mais próximos fisicamente. Quer comentar?
Recorda-se dos bons tempos do INALD, com os nossos confrades Boaventura Cardoso, Dario de Melo, Octaviano Correia e outros. Sim, o INALD deixou a sua marca, do mesmo modo que a Faculdade de Ciências Sociais da UAN o fez em relação à tradução de Estudos Sociais de autores africanos. Temos de reverter o actual quadro desolador, que olvida nomes africanos.
Os poucos recursos disponíveis devem ser direccionados para aquilo que nos convém, em termos de literatura de qualidade O que falta para que a geração de 90 e a chamada Zen, a ligada às novas tecnologias conheçam e leiam mais sobre escritores africanos?
Em primeiro lugar, é preciso acabar com a ideia segundo a qual África está culturalmente distante de nós. É uma ideia errada, que nos foi inculcada pelo colonialismo e mantemos até hoje, que precisamos de abandonar. Depois, é preciso incrementar uma maior cooperação com os países africanos. O que se passa é que muitos de nós pensamos que podemos competir com países europeus, quando não conseguimos sequer competir com os nossos vizinhos, em praticamente nenhuma área. Por exemplo, como é possível falarmos em “metro”, quando não nos ocupámos ainda do “milímetro”? Temos de ser mais modestos e mais realistas se queremos progredir, se queremos realmente desenvolver o país.
Quais são as razões que contribuem para que se leia cada vez menos?
Pelo mundo, lê-se cada vez me- nos – as redes sociais vêm contribuindo para isso. Quanto a Angola, apesar das muitas chamadas de atenção, o sistema de educação contribui dramaticamente para o desgosto e a aversão à leitura. Temos pessoas que chegam ao ensino superior sem nunca ter lido um livro. O que foi, pois, que esses aprenderam, para além da arrogância e dos egos exacerbados? Praticamente nada. E temos jovens que abominam qual- quer governação corrupta (e ainda bem que o fazem), mas em contra- partida são cabuladores, plagia- dores e não se importam de pagar para aprovar na escola. Temos de perguntar: que futuro se prepara, sem leitura e sem ética?
Um dos integrantes da Academia, José Luís Mendonça, tem-se queixado da não implementação de um Plano Nacional de Leitura por parte das autoridades. Trata- se de um projecto a solo ou contou com o apoio da agremiação que dirige?
O confrade José Luís Mendonça, que infelizmente optou por abandonar a Academia de Letras (mas respeitamos a sua decisão, como é óbvio), tem toda a razão. Não é único a fazê-lo. Nós, enquanto Academia, também o temos feito com frequência, quer em pronunciamentos públicos, quer no decurso das nossas conferências. Temos um representante da Academia na comissão estatal que se ocupa da matéria. Ainda no mês passado perguntámos o que está a ser feito e a resposta continua a não nos satisfazer
Temos visto e acompanhado os debates realizados pela Academia. Mas se sente sobretudo uma forte presença dos homens liga- dos às letras. Quem pode, afinal, ser membro da Academia de Letras e ganhar uma cadeira na organização?
Sim, nós temos estado presentes todas as semanas, com discussões à volta de temas ligados à Sociedade e à Literatura. Foi a covid que nos fez optar pelas conferências online, via Zoom – as já habituais Conversas da Academia à Quinta-feira. Sim, temos tido a presença de pessoas ligadas às Letras, às Artes e à Ciência, angolanos e de outros países, académicos e não académicos. É claro que nem toda a gente pode integrar uma Academia de Letras. Ainda há dias abrimos concurso para admissão de novos membros, para cobrir as seis vagas de pessoas que nos deixaram e a quem vamos continuar a prestar homenagem. Está a decorrer o processo de avaliação, de modo que o assunto ainda não chegou à direcção, que se vai pronunciar e vai depois remeter as propostas à assembleia- geral. Para ser admitido na Academia, é preciso reunir pelo me- nos dois dos seguintes requisitos: ter obra publicada (livros), ter obra estudada em universidades e ter recebido prémios de mérito literário ou científico. Depois, é preciso obter o aval de pelo menos três membros da Academia, que de- vem subscrever a candidatura.
Luanda e o país, além da União dos Escritores e da própria Academia, tem outros ‘cafés’ de cultura para debates sobre a vida política, económica e social?
Saudamos o regresso da Maka à Quarta-feira, que a União dos Escritores voltou a promover. Esperamos que o faça (quase) todas as quartas-feiras, para termos assim ocupadas as quartas e as quintas- feiras. Não tenho conhecimento de quaisquer outros locais, além destes dois, com conversas e discussões periódicas. Não seria justo se não mencionasse aqui o Memorial António Agostinho Neto, onde também se realizam, de quando em quando, actividades de natureza cultural.
Disse que a Academia não está reconhecida como instuição de utilidade pública. O que falta?
O processo passou pelo Governo da província de Luanda, ainda ao tempo do governador Adriano Mendes de Carvalho. Seguiu depois para o Ministério da Justiça, onde se encontra encalhado desde então, já lá vão alguns anos. Dizem-nos que está suspenso o processo de reconhecimento de associações de utilidade pública, porque há muitas associações. A pergunta é: serão mesmo associações de utilidade pública? Se são, que se mantenham como tal. Se não são instituições de utilidade pública ou se não prestam contas, que se lhes retire esse estatuto. Mas que não se mate a iniciativa de real utilidade que uma Academia de Letras tem, em qualquer parte do mundo. Por exemplo, temos o nosso primeiro livro pronto, à espera de publicação há mais de um ano, porque a entidade financiadora falhou.Temos prontos os dois primeiros números da nossa revista, que já deviam ter saído, mas estamos a depender de outros. Se tivéssemos recursos, já teríamos cá fora pelo menos três livros e os dois primeiros números da revista Academia
Pelo menos. E gostaríamos de ter começado já a trabalhar nas características e na norma do português falado em Angola… Mas a Academia tem recebido algum apoio por parte do Estado angolano?
Sim, temos de ser justos. Ao tempo da Ministra da Cultura, Carolina Cerqueira, a Academia de Letras recebeu algum apoio. Mais recentemente, com o Ministro Filipe Zau, temos recebido também algum apoio a partir do sector da Cultura, que aqui agradecemos. É o que nos tem permitido pagar a Zoom (cujo serviço não é tão barato assim), dentre outras actividades que temos realizado. Claro que não se trata do apoio que receberíamos se nos tivesse sido atribuído o estatuto de utilidade pública, como deveria, mas tem sido um grande auxílio. Uma vez que, com acima de 50 actividades ao longo de cada ano, seremos certamente a associação mais dinâmica dos últimos três anos, esperamos que o Estado nos contemple com o estatuto de utilidade pública. Acho que já fizemos por merecer esse estatuto.