Em entrevista exclusiva ao Jornal o OPAÍS, o director do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, explicou que o verdadeiro foco do satélite é diminuir a infoexclusão no país, levando comunicação aos pontos mais recônditos do país. Nos dias que correm, o Angosat já dá soluções funcionais e operacionais a sectores da agricultura, petróleos, mineração e logística, tendo reiterado que o satélite angolano tem ajuda- do a que se deixe de gastar 15 a 30 milhões dólares na compra dos serviços no exterior e sublinhou que o Angosat-2 é operado há mais de um ano por quadros nacionais
Qual o estado de situação do Angosat?
Antes de mais, dizer que o Projecto Angosat não é apenas o satélite, mas um projecto com diversas componentes, onde o satélite é apenas um destes componentes. O satélite Angosat-2 está operacional e está a ser utilizado para prover serviços de comunicação como exemplo do projecto Conecta Angola. Acresce a isso que tem também permitido, por meio do projecto Conecta Angola, levar Internet para áreas mais recônditas, especialmente no Leste do país.
Referiu que falar do Angosat é falar de um projecto. Pode explicar?
Quando falamos do Angosat, falamos de um projecto que envolveu construção e lançamento do satélite, aquisição da posição orbital, construção de um Centro de Controlo e Missão de Satélites (MCC), infraestruturas externas de apoio à operacionalização do Centro como estações de energia, tratamento de água, estradas, entre outros. Permita-se dizer que o Angosat-2, por intermédio dos vários parceiros, já permitiu a implementação de mais de nove terminais receptores de satélite na vertente social e mais de 200 na vertente comercial.
Esta gestão exige quadros certificados. Como estamos quanto a isso?
Não estamos mal. Temos aqui um processo de formação continua. Hoje já estamos a operar o satélite há mais de um ano em órbita a 100% com mão-de-obra nacional.
Quais as instituições responsáveis pela formação destes quadros?
Os quadros angolanos foram certificados para operação de satélites pela Agência Espacial Russa (ROSCOSMOS), pela Airbus Defense and Space (ADS), uma das maiores entidades no mundo em matérias de Satélites, pela Thales Alenia Space, além de receberem formações a nível de mestrados e doutoramentos em Universidades tais como George Washington University (EUA), Instituto Superior de Aeronáutica e Espaço (ISAE-SUPAERO) da França, Universidade de Tver State University, Rússia.
Vivemos o tempo da Internet por fibra. Há quem mesmo questione a relevância do satélite para os serviços de Internet. Como olha para isso?
É verdade que hoje há a fibra, mas é importante perceber que o satélite não é um substituto da fibra, mas sim um meio de comunicação complementar. Como é sabido, em África a maioria da população vive em zonas rurais e remotas. O Angosat-2 tem sido útil na complementaridade da rede de fibra nacional e o alcance das zonas recônditas, onde a fibra não chega.
Pode Explicar melhor?
Estou a falar por exemplo da zona do Leste, os casos da província do Moxico, Lunda Norte, Lunda Sul e Cuando Cubango. Aí está o foco, chegar onde não há qualquer oferta de serviços de comunicações no país, já que convencionalmente as empresas de telecomunicações, na sua maioria não investem em zonas com pouca densidade populacional, pois ali não há expectativa de retorno do investimento. Tendo em conta os custos operacionais e de manutenção dos equipamentos terrestres.
Já há efeitos do Conecta Angola, onde?
O foco do Conecta Angola é o Leste do país conforme referido anteriormente, em localidades como Sombo na Lunda Sul, Canzar na Lunda Norte, Dirico, Jamba Cueio e Luiana no Cuando Cubango, entre outros. Neste momento podemos nos orgulhar de já termos aproximadamente nove terminais de acesso à Internet nestas regiões do país. Importa referir que ao fazermos isso, estamos a ajudar a diminuir a infoexclusão, um dos principais objectivos do MINTTICS.
Podemos então dizer que este é o foco do programa por agora?
Sim. Temos uma missão que é diminuir a info-exclusão no país.
POR: Ladislau Francisco