Entre 2019 e 2023, as trocas comerciais de bens transacionáveis (excluindo serviços) totalizaram uma média de 1.149,3 milhões de euros em exportações de Portugal para Angola e 488,1 milhões de euros em importações angolanas, resultando num saldo positivo de 661,3 milhões de euros para Portugal.
De acordo com o Estudo do Barómetro dos Gestores realizado pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal-Angola (CCIPA), Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e a PwC, em 2023, Portugal exportou para Angola bens avaliados em cerca de 1,3 mil milhões de euros, o que representou uma redução de 11,2% face a 2022, equivalente a menos 160 milhões de euros.
No mesmo ano, as exportações totais de bens e serviços somaram 2,2 mil milhões de euros, ultrapassando ligeiramente os valores pré-pandémicos de 2019 (+6,2%). Já em 2024, entre Janeiro e Setembro, as exportações portuguesas de bens para Angola registaram uma queda acentuada de 23,4%, totalizando 753,1 milhões de euros, ou menos 229,6 milhões de euros em comparação com igual período de 2023.
Por outro lado, as importações portuguesas provenientes de Angola caíram drasticamente. Em 2023, Portugal importou 271 milhões de euros em bens, uma redução de 56,6% face a 2022, resultado principalmente da diminuição de 61% na importação de petróleo.
Apesar disso, os produtos agrícolas angolanos, como frutas e hortícolas, ganharam espaço, representando 21 milhões de euros em importações, um aumento de 20% face a 2022.
Alterações no ranking comercial Angola, que desde 2019 ocupava a 9.ª posição como principal destino das exportações portuguesas e era o terceiro mercado mais importante fora da União Europeia, caiu para a 13.ª posição em 2024.
Em contrapartida, Portugal mantém-se como o segundo maior fornecedor de Angola, atrás da China. Os principais produtos exportados por Portugal para Angola em 2023 incluíram máquinas e aparelhos (35,2%), fornecimentos industriais (26,3%), e produtos alimentares e bebidas (16,7%).
Entre os itens individuais destacaram-se medicamentos, vinhos e peças de máquinas. Já Angola exportou, sobretudo, combustíveis e lubrificantes (85,8%), produtos alimentares e bebidas (8,7%) e fornecimentos industriais (3,5%).
Apesar do declínio no comércio, o investimento directo entre os dois países tem apresentado sinais de recuperação. Em 2023, o investimento angolano em Portugal alcançou 5.704 milhões de euros, superando os níveis prépandémicos.
Além disso, mais de 1.250 empresas portuguesas ou de capital misto estão estabelecidas em Angola, actuando em sectores como agroalimentar, energia, tecnologias de informação, telecomunicações, construção civil e farmacêutico.
O sector da construção civil continua a ser o principal motor da presença empresarial portuguesa em Angola, empregando milhares de trabalhadores, a maioria cidadãos angolanos.
Em 2022, cerca de 4.784 empresas portuguesas exportaram para Angola, refletindo o compromisso em manter as relações comerciais activas, apesar dos desafios.
“Com Portugal a posicionar-se como um dos principais investidores em Angola e o mercado angolano a oferecer oportunidades crescentes, sobretudo nos setores agrícola e agroindustrial, as perspectivas são de que a cooperação bilateral possa ser revitalizada, alinhando-se às novas dinâmicas económicas globais”, aponta o relatório.
Por: Francisca Parente