A falar em exclusivo para OPAÍS, o Presidente do Conselho Executivo da TAAG (PCE), Eduardo Fairen, aponta para o negócio de cargas como sendo estratégico para a companhia. Rendeu mais de 33 milhões de dólares aos cofres da TAAG em 2021, cresceu 5,8%, em 2022, e ganha cada vez mais relevância na carteira da companhia de bandeira nacional
O Novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto vai contar com um centro logístico e ligações terrestes e ferroviárias para pólos de distribuição, o que representará uma mais-valia para o desenvolvimento do negócio de carga da TAAG, conforme adiantou o Presidente do Conselho Executivo da TAAG, Eduardo Fairen, que não revelou o total da facturação da companhia em 2022, durante a entrevista exclusiva OPAÍS. Trata-se de um segmento que, segundo o interlocutor, é estratégico para a TAAG e tem apresentado uma procura significativa.
Actualmente, é um nicho de mercado que tem trazido receitas para a companhia, sendo responsável por cerca de 25% da receita da companhia de bandeira no referido ano. Em 2021, ano em que se registou um resultado negativo de 296,3 milhões de dólares, conforme o relatório de gestão da companhia, a TAAG facturou 33,6 milhões de dólares com o transporte de carga. Um aumento de 4 milhões de dólares no comparativo com 2020, altura em que facturou 29,6 milhões de dólares com o mesmo segmento. Assim, do total de 174,7 milhões de dólares arrecadados pela companhia em 2021, pouco mais de 19,2% provinha do transporte de cargas.Segundo este jornal apurou, o sector de cargas cresceu quase 6% na relevância de receita da companhia, o que traduz um crescimento do segmento de cargas que tem vindo a ganhar cada vez mais relevância no negócio da empresa.
Novo Aeroporto de Luanda
Actualmente, o segmento de negócio de carga da TAAG conecta vários países e regiões, incluindo Maputo, em Moçambique, São Tomé, Windhoek, na Namíbia, Luanda, Nigéria, Joanesburgo e Cidade do Cabo na África do Sul, na Europa, Portugal, Espanha e Itália, enquanto na América do Sul constam São Paulo, no Brasil, e Cuba.
Espera-se que este sector cresça exponencialmente quando o Novo Aeroporto Internacional de Luanda (NAIL) entrar em operação. Não obstante a isso, “a TAAG linhas Aéreas de Angola é uma companhia com uma estratégia for- te a nível do negócio de carga e está a trabalhar para captar cada vez mais contratos”. A companhia aérea está a to- mar medidas activas para relançar as rotas de e para a China, cujo restabelecimento permitirá à TAAG oferecer ligações de longo curso da Ásia, nomeadamente China- África e América do Sul, com escala em Luanda. Acredita-se que o novo aeroporto irá, com certeza, acelerar e impulsionar ainda mais o desenvolvimento do negócio de carga.O acordo entre a TAAG e a China Lucky Aviation, assinado em Junho de 2022, é uma das evidências do que se avizinha.
Na altura, o acordo estava avaliado em 200 milhões dólares de receita por ano para a companhia de bandeira nacional, sendo que pode mesmo chegar aos 600 milhões de dó- lares em caso de cumprimento dos três anos de contrato. Um acordo que entra no âmbito da estratégia de diversificação de fontes de receita e prevê a utilização de aviões da TAAG em regime de charter, ou seja, arrendamento por um tempo determinado, exclusivamente para transporte de carga. O acordo as- senta a actividade de carga na rota Changsha (CSX) – Luanda (LAD) – São Paulo (GRU), liga três países de continentes diferentes, China, Angola e Brasil , prevendo a possibilidade de adição de novas rotas com origem em outras cidades chinesas além de inicial chinesa.
Tipicamente, a carga a transportar é constituída por matérias-primas, produtos agrícolas, material de eletrónica e bens diversos. Para isso, a TAAG está a estudar opções que incluem um cargueiro nativo ou transformar aeronaves de passageiros, com alguma antiguidade, para operar no segmento de carga, “sempre que legalmente aplicável”, disse o PCE. Assim, o Novo Aeroporto Internacional de Luanda (NAIL) Dr. António Agostinho Neto, foi descrito pelo Presidente da Comissão Executiva da TAAG, Eduardo Fairen, como uma infraestrutura moderna e tecnologicamente avançada, que vai cobrir uma área total de 75 km2 e, portanto, projectado para acolher as maiores aeronaves de categoria crítica como o caso do Airbus A380.
Terá uma capacidade de 15.000.000 passageiros ano e está projectado para manusear um volume de carga de 50.000 toneladas ano, abrindo portas para que o ecossistema de aviação angolano possa receber mais aeronaves, atrair mais tráfego e se consolidar como um entreposto de carga muito relevante. “Podendo, assim, Angola tirar maior proveito da sua localização”, disse. A sua localização pode favorecer fundamentalmente a consolidação de Luanda como um HUB capaz de oferecer conexões de grande conveniência para os países da região da África Austral, assim como ligações Norte-Sul, portanto, Europa-África e Leste-Oeste, ou ainda Ásia-África-Américas.
“E como é natural”, apontou o responsável, “a TAAG irá beneficiar de todas estas sinergias, assumindo o desafio de dimensionar a sua frota e operação para obter mais escalabilidade e absorver a demanda de tráfego que o novo aeroporto irá gerar”. Sendo África um actor fundamental do ponto de vista geoestratégico, devido ao potencial de consumo, desenvolvimento económico, demográfico e ligação conveniente para todas as partes do mundo, há uma expectativa por parte da TAAG, segundo Eduardo Fairen, de que o Novo Aeroporto Internacional, pelas condições de infraestrutura, tecnológicas e outras , será fundamental para impulsionar o tráfego e o transpor- te de carga a nível global, trazendo novas tendências de circulação de pessoas e bens, com benefício para a região austral e operação da TAAG.
POR: Ladislau Francisco