Mais operadores e comunicações melhores e, possivelmente, mais baratas, privatizações de empresas relevantes, preço do petróleo mais elevado, alterações no câmbio do Kwanza e aumento dos salários mais baixos são tópicos inscritos na agenda para 2018.
Em 2018 Angola passará a comunicar melhor, com a entrada em funcionamento do cabo submarino de fibra óptica (o SACS da Angola Cables) que liga Fortaleza, no Brasil, a Sangano, perto de Luanda. A ligação à América do Norte será assegurada por outro cabo submarino, o Monet, que une o Brasil a Miami, nos Estados Unidos. A partir do espaço o Angosat, o satélite angolano de comunicações lançado ontem, cumpridos os três meses previstos para testes, passará a prestar serviços às operadoras nacionais. Estas contarão com mais um ‘player’ no mercado, dado que o Governo lançou o concurso público internacional para seleccionar o quarto operador de telecomunicações no país, incluindo a rede fixa, móvel e de televisão por subscrição.
Além disso, a Angola Telecom, que além da rede fixa passará a operar a rede móvel, verá 45% do seu capital aberto a privados. O que significa que poderemos contar em 2018 com serviços de telecomunicações melhores e mais baratos.Se a Angola Telecom dá o tiro de partida ao programa de privatizações, ainda pouco se sabe sobre as empresas que serão abertas ao capital privado ou cuja estrutura accionista sairá, na totalidade, da esfera pública. Entre as unidades a privatizar figurarão empresas de áreas relevantes como a energia e o petróleo e as operações de transferência de propriedade poderão passar pela bolsa, havendo, quanto a esta, a expectativa de que finalmente comece a funcionar o segmento accionista.
No que respeita ao sector da energia o grupo chinês Three Gorges (CTG), que controla a portuguesa EDP já anunciou, por mais de uma vez, que pretende expandir os seus investimentos aos países africanos de língua portuguesa. O ano que aí vem encarregar- se-á de dissipar as dúvidas que subsistem sobre estas matérias. O preço do petróleo deverá subir e não são poucos os analistas a admitir que o preço do barril de Brent (referência das ramas angolanas) poderá atingir USD 70. O que, a acontecer, gerará maior desafogo orçamental (o preço do barril inscrito no OGE para 2018 é de USD 50) e terá impacto positivo sobre o afluxo de divisas ao país, aliviando a pressão sobre a política cambial.
As grandes companhias petrolíferas reforçarão a sua resiliência, construindo portfólios que se adaptem a diferentes cenários de preços, tendo em conta não só a volatilidade do mercado como também preparando a transição do modelo energético a longo prazo. A exploração de novos poços retomará, incluindo em águas profundas, tendo em conta o ajustamento nos custos ditado pela crise do preço. De acordo com a consultora especializada em energia WoodMackenzie a exploração em águas profundas em Angola apresenta em 2017 custos de produção 30% mais baixos que os observados em 2014 em alguns projectos. Haverá ainda mudanças na taxa de câmbio do Kwanza e no acesso a divisas.
A política de câmbios fixos cederá lugar a uma outra mais flexível, em que a moeda nacional poderá flutuar numa banda que estará associada à inflação. Também a venda de divisas deixará de ser directa sendo reintroduzido o regime de leilão de preço. É sintomático, quanto à política cambial, que o Orçamento de Estado recém proposto para 2018 não inclua qualquer estimativa quanto à taxa de câmbio média do Kwanza. Não se esperam grandes alterações nas remunerações no ano de transição que está aí à porta, com os custos a continuar sob severa vigilância, sabendo-se, contudo, que os salários mais baixos deverão ser actualizados, já que o Executivo admite, na proposta orçamental para 2018, ‘estudar a possibilidade de um ajustamento de 15% do salário nominal, para os funcionários com salários nas categorias mais baixas’. L.F.