Localizado na província do Bengo, próximo de Luanda e dos principais mercados consumidores, o Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD) foi estruturado em três unidades fundamentais: o parque de armazenamento, a tubovia de transporte e a unidade marítima.
Com uma capacidade total de 582 mil metros cúbicos de combustível, o terminal promete aumentar a eficiência da distribuição e garantir maior estabilidade energética ao país. Um projecto de desafios e superação O caminho até à concretização desta mega infra-estrutura foi desafiador.
Em 2018, o projecto foi retomado com o objectivo de fortalecer a segurança energética nacional, ganhando um novo impulso em 2021 com a aceleração das obras. A engenharia envolvida exigiu a colaboração de especialistas de vá- rios países, incluindo uma significativa participação de engenheiros angolanos.
Um dos primeiros grandes desafios foi a escavação de uma falésia de 55 metros de altura, concluída em tempo recorde de 115 dias, utilizando explosivos e tecnologia de ponta. Durante este processo, foram removidos 111 mil caminhões de rocha, um volume suficiente para formar uma linha contínua de Luanda a Benguela.
A construção do quebra-mar, estrutura essencial para a segurança das operações portuárias, foi igualmente complexa. Com 1.700 metros de extensão e 2,4 milhões de metros cúbicos de rocha utilizados, a obra demandou estudos avançados em centros de pesquisa na Dinamarca e no Brasil, garantindo a sua máxima eficiência e segurança.
Outro marco significativo foi o transporte dos 34 bullets de LPG (gás liquefeito de petróleo), fabricados na China. Cada um, com 72 metros de comprimento e 420 toneladas, percorreu um trajecto de aproximadamente 52 mil quilómetros antes de ser instalado no terminal.
Infra-estrutura robusta e alta tecnologia
O TOBD destaca-se pela modernização e automatização dos seus processos. O parque de armazenamento inclui 16 tanques com capacidade para 480 mil metros cúbicos de combustíveis, suficientes para abastecer 8,7 milhões de veículos, e 34 bullets de LPG, capazes de armazenar 102 mil metros cúbicos, o equivalente a 4,7 milhões de botijas de 12 kg.
A tubovia, com 70 km de extensão, interliga todas as unidades do terminal, garantindo a rápida movimentação dos produtos. A unida- de marítima conta com dois berços de atracação preparados para receber navios de até 150 mil DWT, além de um berço de serviço.
Na vertente ambiental, o projecto foi concebido para minimizar impactos, com sistemas de gestão de resíduos, reutilização de água e o uso de energia renovável. A segurança operacional foi outra prioridade, reflectida na marca de zero acidentes graves em mais de 22 milhões de horas trabalhadas Impacto socioeconómico e perspectivas futuras Além da sua importância estratégica para a segurança energética do país, o Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD) teve um impacto directo na economia local, gerando mais de 4.300 empregos directos, dos quais 97% foram ocupados por angolanos.
O projecto apostou também na capacitação profissional, com destaque para a formação de jovens e mulheres em áreas técnicas, incluindo soldadura. Inicialmente focado no abastecimento do mercado interno, o TOBD tem potencial para expandir a sua actuação, consolidando-se como um centro amplo logístico de combustíveis para a região centro-ocidental do continente africano.
TOBD reforça a segurança energética e moderniza sector petrolífero
Ao discursar no acto de inauguração do terminal, o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Gaspar martins, destacou a importância estratégica da infra-estrutura, ressaltando que a petrolífera nacional recebeu “com satisfação a orientação do executivo” para concluir a obra, que é “uma mais-valia para a empresa e para a indústria petrolífera nacional”.
Segundo o responsável, o TOBD é um dos maiores activos construídos de raiz no sector petrolífero desde a independência nacional, com capacidade de armazenagem de 582 mil metros cúbicos de combustíveis, repartidos entre 320 mil metros cúbicos de gasóleo, 160 mil metros cúbicos de gasolina e 102 mil metros cúbicos de gás doméstico (lPG). “este terminal assegura as reservas estratégicas e de segurança nacional, contribuindo para a autossuficiência do país em produtos refinados”, afirmou o PCA da Sonangol.
Investimento e desafios superados
Com um custo total de 700 milhões de dólares, o projecto enfrentou vários e significativos desafios durante a sua execução, incluindo o impacto da pandemia da Covid-19 e um contexto económico desfavorável. Ainda as- sim, a Sonangol assumiu integralmente o investimento, reconhecendo a importância do terminal para o sector energético nacional.
Além da sua função primária de armazenagem, a petrolífera está a promover parcerias comerciais com empresas internacionais, garantindo maior rentabilidade e eficiência operacional da infra- estrutura. Gaspar martins anunciou que a fase de comercialização dos produtos armazenados no terminal terá início em Julho deste ano.
Expansão e impacto na população
A infra-estrutura não apenas reforçará a segurança energética do país, mas também permitirá a construção de uma nova unidade de enchimento de gás, o que terá um impacto positivo na vida da população. o responsável adiantou que, dependendo da evolução do mercado, a capacidade de armazenagem do TOBD poderá ser alargada em mais 200 mil metros cúbicos, além da possibilidade de diversificação de serviços e produtos refinados.
“No ano de celebração dos 50 anos da independência nacional, sentimo-nos satisfeitos por colocar este terminal ao serviço do país. Fazemo-lo, como dizemos aqui no TOBD, de angola- nos para angolanos, com o foco em produzir para transformar”, afirmou PCA da Sonangol.
No ano em que Angola celebra 50 anos de independência, a inauguração do terminal oceânico da barra do Dande simboliza um novo capítulo na trajectória do país rumo ao progresso, reforçando o compromisso da petrolífera nacional, Sonangol, com a soberania energética e o desenvolvimento sustentável.