A companhia de bandeira nacional, TAAG, registou um resultado líquido de 460.14 milhões de kwanzas, durante o exercício económico de 2022, o que representa um aumento global de 30 %, face a 2021, anunciou, ontem, em Luanda, a administradora financeira da instituição, Gabriela Bastos.
De acordo com o relatório de contas da TAAG, as receitas operacionais de 2022 ascenderam os 390 milhões de kwanzas, o dobro do volume de receitas do ano 2021, fruto do aumento das frequências e ocupação de passageiros por quilómetros (ASK), por voo, em mais de 80 %, num crescimento de 226%, face a 2021, atingindo 51%
dos níveis de 2019. O relatório sustenta que as métricas de volume aumentaram significativamente, face a 2021, numa tendência de recuperação consistente e sólida dos níveis pré-pandemia, não obstante a frota em operação ser mais reduzida, o que representa uma operação mais eficiente.
Neste particular, os dados do relatório indicam que o número de passageiros transportados cresceu 182 por cento, comparado a 2021, o que representa 64% dos níveis de 2019, onde o volume de partidas aumentou 160%, período pré-Covid em referência, usado para estabelecer analogia no sector da aviação civil. O relatório ilustra que as receitas operacionais deste exercício económico representam 99,6% deste indicador de 2019, assumindo assim uma recuperação efectiva das receitas, que superam as perspectivas da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA), apesar de -49% da ocupação de assentos no ano de 2019.
Contribuíram igualmente para estes resultados, a injecção de recapitalização de 87 milhões de dólares, pelo accionista principal, o Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), aliado ao plano de reestruturação e optimização da estrutura de cus- tos e balanço. O relatório da TAAG, que passou pelo auditor externo, sem qualquer reserva, destaca que a renegociação das históricas dívidas da companhia resultou no perdão de cerca de 31 milhões de dólares.
“A diminuição do passivo é resultado do esforço combinado de cumprimento das obrigações de pagamento correntes e da renegociação de passivos que, no exercício de 2022, resultou em perdão de dívidas vencidas no montante de 31 milhões de dólares,” assevera o relatório. A administradora Gabriela Bastos, que apresentou os resultados financeiros, disse que à evolução dos custos operacionais ascenderam a 480 milhões de kwanzas, o que representou 81% da estrutura de custos reportada para 2019, apesar da subida do preço do combustível Jet A1.
No entretanto, explica a administradora, os custos operacionais aumentaram face ano anterior, mas mantiveram-se abaixo dos níveis de 2019 (-20%), fruto de um esforço de renegociação dos principais custos directos de operação e de uma optimização da capacidade oferecida. As obrigações decorrentes da amortização dos financiamentos para a aquisição dos motores e aeronaves foram cumpridas. No passado dia 5 do corrente mês, o Relatório e Contas da TAAG, referente ao Exercício de 2022, foi aprovado em Assembleia Geral de Accionistas.
Constrangimentos da mudança
Na abertura do evento, a Presidente do Conselho de Administração da TAAG, Ana Major, disse que “não tem sido um processo sem turbulências. Mudanças tão urgentes e tão profundas não são conseguidas sem adversidades ou sem trazer a superfície problemas antigos e dores prolongadas”, realçou. O início do segundo semestre do ano de 2022, continuou, conheceu o movimento sindical e a greve dos pilotos (crises cuja gestão consumiu cerca de 4 meses) que culminou com aumentos salariais a partir do mês de Novembro de 2022.
Ana Major disse que ao longo deste processo foi possível identificar oportunidades para reduzir custos e aumentar a receita, porém essas oportunidades não eram aproveitadas, quer pela falta de sistemas, ou por cultura de conformismo pautado pelo “sempre foi feito assim ou ainda pelo simples não fazer e resistir a mudança alimentado por jogos baixos de intriga, insulto e calúnia nas redes sociais e em particular em WhatsApps anónimos”, queixou-se. Disse, por outro lado, que as debilidades financeiras impactaram o foco e a priorização da satisfação completa de dívidas com fornece- dores, das acções viradas para o cliente, bem como, na optimização da frota sobretudo no que respeita aos interiores das aeronaves, melhoria do produto do catering e do serviço.