A BODIVA esclarece à imprensa que novo figurino do mercado de capitais abriu portas ao surgimento de novas correctoras e que obrigações das PME podem vir a ter cobertura do Fundo de Garantia de Crédito (FGC)
Os singulares são os que mais investimento s fazem na bolsa, representando 47% dos negócios realizados na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), em 2023, conforme os dados avançados, ontem, pelos responsáveis daquela entidade durante o encontro com os jornalistas. Os intermediários financeiros, bancos e correctoras representam 39,5% dos negócios realizados no período, enquanto as em- presas representam apenas 12% do total de negócios realizados.
Por outro lado, explicou Raúl Diniz, do Departamento de Negociação da BODIVA, em termos de volume as empresas negociaram um valor muito superior ao montante negociado pelos singulares. Acresce a isso que, de 2022 para 2023, o montante negociado na BODIVA cresceu mais de 346%, chegando aos 6,9 biliões de kwanzas, apesar da queda de 19% no número de negócios que se posicionaram no total de 4651 negócios, conforme os da- dos apresentados.
Oito novas correctoras
Sobre a nova configuração do mercado de capitais, mais especificamente sobre a questão da saída dos bancos comerciais da actividade de intermediação, a BODIVA explica que este novo figurino já resultou no surgimento de oito novas entidades. As entidades como Standard Invest, Aurea SDVM, BFA SD VM, Inovadora SDVM, Prospectum SDVM, Prime SCVM, Standard SCVM, a Resultados SCVM e a Lucrum SCVM foram registadas de 2022 para cá, e que de resto, mostram que esse avanço vai abrir uma janela de oportunidades, seja para as entidades, seja para a qualidade dos serviços.
Questionados sobre o facto de estarem os bancos a criar correctoras, os representantes da BO- DIVA explicaram que no fim das contas vai haver uma separação entre o que é banco e o que é a correctora, permitindo especialização, sem esquecer os Homebrokers junto das novas corretoras que vão facilitar o acesso ao mercado por parte dos pequenos investidores.
A BODIVA esclarece que apenas trata das questões ligadas à operação, remetendo as questões de regulação à Comissão do Mercado de Capitais. Importa referir que os dados apresentados referem até ao dia 1 de Dezembro do ano em curso.
FGC pode dar garantia a obrigações emitidas por PME
Criado em Outubro do ano de 2023, o segmento de mercado para as Pequenas e Médias Empresas da BODIVA ainda não têm qualquer entidade registada. A reflectir sobre o assunto, Raul Diniz disse que há muitos factores que concorrem para isso, mas na perspectiva da BODIVA, a fraca literacia financeira é mesmo a causa mais gritante, pelo que, apela ao trabalho conjunto com a comunicação social.
Um trabalho no sentido de se levar a que os empresários percebam que, por exemplo, se podem financiar, de forma mais barata, com menor taxa de juros que a banca oferece e com maior controlo, permitindo melhor fluxo de caixa no mercado de capitais. Da parte da BODIVA há plena noção de que os investidores procuram certezas e o menor risco, pelo que foram desenvolvidos trabalhos junto do Fundo de Garantia de Crédito (FGC), para que as obrigações ou acções a serem emitidas pelas PME possam ter uma garantia de até 75% do FGC.
Acresce a isso, e já olhando noutra perspectiva, que foram pensados mecanismos para tornar a vida mais facilitada para as PME na sua entrada no mercado bolsista, com a possibilidade de terem as contas revistas por um perito contabilista ao invés de uma empresa de auditoria, o que implicaria maior custo, por exemplo.
POR: Ladislau Francisco