Sector das telecomunicações está marcado por uma forte concorrência entre os operadores de rede fixa, ao mesmo tempo que internet ganha força e vê correios a morrer aos poucos
Noventa e quatro (94) mil clientes subscritores dos serviços de telefonia fixa são disputados por seis operadoras, segundo dados do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM). Paractus (antigo ITA), Angola Telecom, a Infrasat, a MS Telcom, a Startel e a TV Cabo, controlam o mercado, com uma quota de 44,8%. Apesar da ínfima quantidade de clientes dos serviços da rede fixa que, nos cálculos feitos pelo jornal OPAÍS, dá um saldo de 15,6 mil clientes por operador, há uma “guerra” na disputa pelos subscritores, uma posição alcançada, em parte, pelo trabalho da TV Cabo.
Os dados do INACOM mostram que 59,3% dos clientes desse segmento são os particulares que têm telefone fixo em casa, contra outros 40,7% que são as empresas e, portanto, a rede fixa empresarial. Assim, fica também fácil entender porque a MS Telcom, com 36% do mercado, é o segundo maior player do segmento, seguido de longe pela Angola Telecom, que controla 17,2% do mercado, bem como pela Startel que detém 1,9% do mercado.
Por outro lado, segundo o INACOM, dos quase 28 milhões de clientes dos serviços de telefonia, mais de 23,7 milhões são da rede móvel. Mas aqui, ao contrário da concorrência que se regista no mercado da rede fixa, são apenas três os operadores na disputa, nomeadamente a Unitel, Africell e a Movicel. Na divisão por quota, a Unitel aparece à frente com 70,5% do mercado, a Africell tem 25,3% e a Movicel tem pouco mais de 4,2%, sendo que mais de 99% dos clientes prefere o serviço pré pago.
ZAP controla mercado de tv Os dados do INACOM revelam que existem cerca de 2 milhões de clientes dos serviços de tele- visão, cerca de 6% da população angolana. Destes, 1,9 milhão de pessoas usam Tv por satélite e outros 122 mil usa o serviço de Tv por Cabo. No que ao mercado diz respeito, a Zap detém 70,8%, seguida de longe pela DSTV que detém 26,4%, bem como a TV Cabo que tem 2,9% do mercado.
Um domínio expressivo que leva a que a Zap consiga contro lar mais de 1,3 milhões de clientes do serviço de Tv por satélite e outros 64,3 mil clientes do serviço de Tv por cabo, por intermedio do serviço Zap fibra, contra os 536 mil clientes da DStv, que se restringe ao serviço por satélite e outros poucos 58,3 mil clientes da TV Cabo, que se restringe ao serviço de Tv por cabo.
Internet vs correio
Segundo mostram os dados do INACOM, o serviço de Internet chega a 10,1 milhões de clientes, sendo que este universo de usuários se concentra por meio dos telemóveis. São, no total, 9,3 milhões de usuários de Internet que usufruem dos serviços por meio da rede móvel, contra 739 mil usuários que acessa a Internet por meio de rede fixa. Acresce a isso que 8,7 milhões usa Internet pelo telemóvel, contra apenas 568 mil que usa Internet por outro dispositivo. Aqui também há uma concorrência assinalável.
São 12 os provedores de Internet, nomeadamente a Angola Telecom, Infrasat, Movicel, Zap, Unitel, TV Cabo, MS Telcom, Startel, Africell, Paratus, Net one, Multitel. Por outro lado, o serviço postal vai decaindo, com 61 mil clientes e 33 mil encomendas postais e um registo de pouco mais de 175 mil cartas, como mostram os dados do sector a que OPAÍS teve acesso. Chamado a falar sobre o assunto, Aires Neto explicou que esta é já uma tendência dos novos tempos, mas que ganha contornos de aceleração por conta da ineficiência do nosso correio. Para o interlocutor, são muitas as situações que afastam os clientes dos serviços de correio no país.
Preços elevados limita adesão de Tv por cabo
Sobre a rede móvel, o engenheiro de telecomunicações Aires Neto disse que, na prática, “a Movicel só faz figura”. Para o engenheiro, está claro que o mercado se vai dividir entre a Unitel e a Africell. “A Movicel não tem, nem nunca teve corpo para concorrer e se tornar uma alternativa de telecomunicações viável”, considerou. Aires Neto foi mais além e lamentou que isso aconteça apesar da ligação da Movicel a Angola Telecom que, como se sabe, vende serviços de infraestrutura à Unitel e à Africell.
Já sobre o número reduzido de subscritores de televisão por cabo, Aires Neto entende ser normal, e explica que esta situação pode ser explicada pelo facto de os serviços de Tv por cabo serem mais caros, mas também por não estarem disponíveis em todo o país. “Aliás, nem mesmo Luanda tem toda ela os serviços de tv por cabo”, disse o engenheiro.
POR: Ladislau Francisco