O ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, avançou ontem que, no âmbito da elaboração do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2024, está prevista a emissão de garantias soberanas no montante de 330 mil milhões de kwanzas para o sector têxtil
Segundo o ministro José Massano, que falava após o encontro com a Associação da Indústria Têxtil e da Confederação de Angola (AITECA) e os responsáveis da Textang II, o montante disponibilizado não vai apenas aumentar a produção para atingir a capacidade instalada, mas também cuidar da integração, como é o caso da produção de algodão. O responsável referiu que a Textang II está a produzir 10% da capacidade instalada, realçando que a unidade fabril possui um potencial imenso ainda por explorar.
“Da interacção que tivemos com a direcção da AITECA entendemos que há necessidade de reunir condições para pôr esta unidade, a Satec e a África Têxtil, em Benguela, a funcionar no limite da capacidade”, disse. José de Lima Massano apontou que a boa notícia para a materialização desta decisão é, no âmbito da elaboração OGE para 2024, a garantia soberana no montante de 330 mil milhões de kwanzas. “O algodão ainda é essencialmente importado. O nosso compromisso é, até 2027, sermos auto-suficientes na produção da matéria-prima.
Vamo-nos organizar para elaborar uma campanha devidamente estruturada, que deverá iniciar em 2025”, anunciou. José de Lima Massano referiu que, no exercício económico 2024, serão criadas todas as condições logísticas para que em 2025 arranque uma produção de algodão em grande escala, sublinhando que é outra necessidade que também está ao alcance do Executivo para a prestação do devido apoio.
Para o responsável, o país tem de olhar mais para dentro, porquanto o modelo económico ainda é muito assente nas importações, quando o principal produto de exportação, que é o petróleo, está com um comportamento de queda, mas tudo indica, acredita, que nos próximos anos irá manter-se. “Temos de olhar para dentro do país e começar a produzir a farda para a Polícia. O país tem de se organizar melhor para melhorar o bem-estar da população. Cada um de nós deve fazer a sua parte, ver o que temos de potencialidades que estão aí para serem exploradas”, sublinhou.
40 milhões USD por mês em vestuário
O ministro de Estado para a Coordenação Económica salientou que o país continua a importar vestuário no valor de cerca de 40 milhões de dólares por mês, o que considera uma factura insustentável, já que parte do vestuário é fardo e não pode ser tão difícil o país organizar-se para produzir vestuário e atender necessidades básicas. Por sua vez, o presidente da AITECA, Luís Contreiras, referiu que a visita foi produtiva porque foram passadas em análise todas as questões inerentes à indústria têxtil, curtume e calçados de Angola.
O responsável disse que o governante se inteirou da realidade do sector, possíveis constrangimentos, e foram enumeradas as prováveis soluções para alavancar o sector até 2027, por forma a gerar acima de 200 mil postos de trabalho e chegar as 400 milhões de peças produzidas anualmente. “No âmbito do Decreto Presidencial 213, que cria a obrigatoriedade de as instituições públicas comprarem directamente ao mercado nacional, vai potenciar as indústrias locais e dar uma garantia soberana para que possam ter acesso às linhas de financiamentos”, disse.
Luís Contreiras referiu que AITECA, juntamente com o Ministério da Agricultura e Florestas, vai assinar dentro de alguns meses um memorando de entendimento para lançamento de produção de algodão no país, de modo a criar capacidade de potencializar a produção do algodão até ao tecido. A visita está enquadrada no conjunto de iniciativas de acções com vista a continuar a estimular a produção nacional.