O Banco Nacional de Angola (BNA) mostra que bancos preferem dar crédito ao comércio que à indústria
Desde 2020 que os créditos concedidos ao sector do comércio são duas vezes superiores ao concedido ao sector da indústria transformadora, segundo os dados da lista de Repartição do Crédito por Ramo de Actividade do Banco Central. Os créditos ao sector do comércio, seja a retalho ou a grosso, são os mais robustos de toda a lista de ramos de actividades do BNA, conforme constatado. Só em Junho de 2023, o sector do comércio recebeu 862,8 mil milhões de kwanzas, de um total de 4,biliões concedidos no mês, cerca de 18,5% do total concedido.
Neste mesmo mês, o único sector que se aproximou do registo do sector do comércio foi a indústria transformadora, que ficou com 544 mil milhões de kwanzas, pouco mais de 11% dos créditos concedidos. Mas neste ano de 2023, foi no mês de Março que se registou o maior valor em crédito concedi- do ao sector do comércio. Nesta altura, o crédito ao sector chegou aos 1,2 biliões de kwanzas, seguido da indústria extrativa, que ficou pelos 519 mil milhões de kwanzas.
Os dados do BNA mostram que em 2020 o sector do comércio recebeu 1 bilião de kwanzas, seguido pelos particulares que receberam 806 mil milhões e pelo sector da construção que recebeu 543 mil milhões de kwanzas. Em 2021, o comércio recebeu 1,2 biliões de kwanzas em créditos, mais uma vez seguido pelo sector da construção que recebeu 598 mil milhões de kwanzas naquele ano.
Só em 2022 é que o sector da indústria extractiva apareceu como o segundo maior sector no que a recepção de créditos diz respeito, altura em que recebeu um total de 539 mil milhões de kwanzas, enquanto o sector da construção ficou pelos 382 mil milhões de kwanzas. Mas essa troca no segundo lugar, em nada influenciou a primeira posição, que continuou a ser ocupada pelo sector do comércio que em 2022 recebeu um total de 1 bilião de kwanzas, cerca de 22% do total da carteira de crédito concedido naquele ano. Este cenário ajuda a perceber o contexto e situação em que a economia angolana se encontra, já que a banca está mais aberta a financiar o comércio que a indústria ou outro sector qualquer.
POR: Ladislau Francisco