A actual administração da Sonangol não se poupou a críticas à presidente cessante, Isabel dos Santos, exonerada a 15 de Novembro do cargo pelo Presidente da República, tendo, segundo a actual administração, autorizado uma transferência de USD 38 milhões para o Dubai.
A primeira acusação prende-se com a autorização de uma transferência para o Dubai de USD 38 milhões, já depois de exonerada. De acordo com o actual presidente da petrolífera, Carlos Saturnino, o dinheiro teve como destino a Matter Business Solutions DMCC, tendo a anterior presidente da Sonangol usado o banco português BIC para concretizar estas operações.
Ao todo, foram identificadas pela petrolífera do Estado angolana mais de 36 facturas por serviços não especificados, entre os dias 2 de Novembro e 19 de Novembro, submetidas pela Matter Business ao BIC. Segundo Carlos Saturnino, citado pela agência Bloomberg, a Sonangol já reportou o caso às “autoridades competentes”. Carlos Saturnino criticou ainda os gastos efectuados por Isabel dos Santos em serviços de consultoria, para os quais foram encaminhados, entre Novembro de 2026 e igual mês de 2017 USD 135 milhões, lembrando ainda o presidente da petrolífera estatal ter herdado uma situação com ‘um número elevado de conflitos judiciais e arbitrais’.
Recentemente, a imprensa deu conta de que, entre 2012 e 2016, EUR 438 milhões em dividendos da petrolífera portuguesa Galp não chegaram à Esperaza, holding detida pela Sonangol (60%) e Isabel dos Santos (40%) e que, por sua vez, detém 45% da Amorim Energia, a qual controla actualmente 33,34% da Galp.A empresária reagiu a estas notícias afirmando que ‘a Sonangol recebeu os dividendos da Galp e pagou os impostos referentes aos mesmos dividendos às autoridades holandesas’, como OPAÍ noticiou. O assunto não foi referido na conferência de imprensa de ontem.
Quando foi exonerada, em Novembro do ano passado, Isabel dos Santos emitiu um comunicado onde garantia que tinha deixado “à nova administração, como instrumento essencial para a sua gestão, um financiamento no valor de USD 2 mil milhões, com assinatura prevista para os próximos dias, que garantirá o pagamento de todos os ‘cash calls’ relativos a 2017, permitindo, assim, chegar ao final do ano sem dívidas aos nossos parceiros”. E adiantava: “a administração cessante garante ao Executivo as condições financeiras necessárias para a manutenção patrimonial da Sonangol, abrindo garantias de continuidade e de crescimento para o futuro”.
Ontem, Carlos Saturnino precisou que a actual da Sonangol ascende a USD 4,9 mil milhões, adiantando que o Estado disponibilizou USD 10 mil milhões para equilibrar a situação financeira da empresa, tendo metade desta verba sido destinada ao pagamento antecipado de dívida e a outra parte canalizada para investimento. Carlos Saturnino realçou pela positiva a resolução do diferendo que opunha a Sonangol à Cobalt, sendo que a petrolífera norte- americana exigia uma indemnização de USD 2 mil milhões, por força da anulação de um contrato de USD 1,75 mil milhões, acabando as duas partes por chegar a um acordo nos termos do qual a Sonangol compensa a Cobalt em USD 500 milhões, dos quais USD 150 milhões já foram pagos.