O responsável da ATROMA disse a este jornal que os 15 dias de paralisação dos camionistas causaram enormes prejuízos económicos, sendo que o furo financeiro está avaliado em mil milhões de kwanzas nos cofres das empresas detentoras de camiões de mercadorias.
“O frete para Cabinda custa dois milhões de kwanzas, e estiveram envolvidos cerca de 300 camiões no lado do Nóqui, Zaire. Calculan- do pelo número de viaturas, soma 600 milhões, mais os 250 camiões do lado de Kinshasa, equivalente a 500 milhões, resultou num prejuízo de mais de mil milhões de kwanzas às empresas”, revelou.
Relativamente a danos humanos, o responsável afirmou que não existiu actos de agressões a automobilista angolanos, com a excepção do caso do camionista que, na sequência de ataques por parte de grevistas locais, recorreu, de forma isolada, para Matadi, tendo sido arremessado uma pedra que atingiu a parte lateral da viatura, partindo um dos vidros da sua viatura.
Entretanto, a retirada da proibição da circulação dos vários camiões de mercadorias de Angola, em diferentes rotas da RDC, segundo a ATROMA, já se encontra controlada nas fonteiras de ambas as partes.
A convergência entre os dois países aconteceu após as autoridades angolanas, junto de membros de direcção da ATROMA, terem se deslocado nas fronteiras e terem feito pressão contra a RDC, a fim reporem a ordem.
Caso contrário, Angola avançaria com restrições mais fortes. “No decorrer das negociações, os congoleses resistiram, numa primeira fase, mas, em função da pressão feita pela parte angolana, ameaçando-os de proceder do mesmo modo, impedindo igualmente frotas congolesas de avançarem para a fronteira, bem como os kupapatas de transportarem mercadorias, o Congo
entendeu pôr fim às restrições impostas aos angolanos, dando origem à circulação normal de camiões em território congolês.
Garantiu que as situações ainda não ultrapassadas são cenários sob controlo do Estado angolano, pois a RDC, mesmo assim, demonstra pequenas restrições, querendo privar os camionistas de chegarem aos destinos desejados.
Importa sublinhar que a retenção de cerca de 400 camionistas angolanos na RDC foi motivada por uma greve que se verifica nas diferentes partes da fonteira com Angola, promovida por despachantes que exercem suas actividades comerciais.
“Continuamos a trabalhar no pro- cesso, no sentido de haver garantia de que não existirão casos de proibição de camiões. O assunto já é do Ministério das Relações Exteriores, portanto, a ATROMA espera que do lado estatal haja pronunciamento para o cancelamento total da circulação de automobilistas”, disse.
“Violação de regras do comércio” Na visão do economista Alcides Gomes, a revolta manifestada por camionistas congoleses dá a entender que se trata de sentimentos de ciúmes contra os transportadores angolanos, que vão ocupando os seus territórios, afirmando que os reivindicadores acabam tendo razão, olhando para os seus direitos.
“É uma situação de lamentar, porque hoje, quando se fala de zona de comércio livre e abertura de fronteira para se facilitar o comércio e dinamizar as economias, existem países que olham para este prisma muito mal.
O importante é que o empecilho foi levantado, mas, no fundo, o que eu percebi é que Congo vai tendo ciúmes dos transportadores angolanos”, esclareceu. Para o economista, fora dos sentimentos, os congoleses vão violando as regras do comércio, o que não deve acontecer, argumentando que, no âmbito do comércio livre e abertura de fronteira para a facilitação e dinamização da economia, existem países que olham para este prisma de forma negativa.
Conforme a opinião de Alcides Gomes, o povo da RDC carrega um nacionalismo acima do recomendável, por isso, em defesa dos seus interesses, vão demostrando estes sentimentos através de acções de contestação.
Considerou que, diante dos factos, nas relações entre países diferentes, acontecem sempre momentos baixos e altos, sendo que esse acaba de ser um momento baixo entre as partes.
O economista aconselha os países a enveredarem para a reconciliação comercial, sublinhando ser importante não haver mais conflitos, pois ambas as partes perdem, sabendo que os países partilham uma vasta fronteira.
“Se formos mais rigorosos, era descobrir de quem é a causa do problema, no sentido de imputar responsabilidade e ver a questão de ressarcir estes direitos. Mas o caminho é para frente e o importante é que não deva mais acontecer, porque perdem as empresas, perdem os países”, disse.
POR:Adelino Kamongua