Com a queda da taxa da Facilidade Permanente de Absorção de liquidez, o excesso de liquidez poderá ser canalizado para o mercado de dívida e para o mercado monetário interbancário.
À semelhança de outros países exportadores de petróleo e com níveis moderados de diversificação económica, Angola tem enfrentado momentos desafiantes desde meados de 2014, quando ocorreu a queda abrupta no seu preço internacional. Os níveis elevados de inflação, o baixo nível de crescimento económico e a pressão sobre o défice fiscal e dívida pública, destacam-se como alguns exemplos dos principais desafios a serem enfrentados por esses países.
Com o intuito de garantir a estabilidade na economia, Angola tem recorrido à política monetária, tendo adoptado uma política contraccionista, para fazer face ao aumento do nível geral de preços dos bens e serviços. A última reunião do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) realizada no dia 30 de Novembro de 2017, culminou com a decisão de aumento da taxa de juro de referência do BNA em 2 p.p., para 18%, a manutenção da taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez fixa em 20% desde Junho de 2016 e redução da taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez para 0%.
A decisão do CPM foi suportada pela recente expansão da taxa de inflação, que se fixou em 28,96% em Outubro. Ressalte-se que, desde o início do ano corrente, a taxa de inflação seguia tendência decrescente, tendo passado de 40,39% em Janeiro para 26,95% em Agosto, porém inverteu a tendência decrescente ao longo dos dois meses seguintes.
O aumento das operações de absorção de liquidez – de Setembro a Outubro registou incremento de 102%, situando-se em 289,680 mil milhões AOA -, poderá justificar a recente queda da taxa de Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez, que representa os juros pagos pelo Banco Central aos bancos comerciais pelo excesso de liquidez que estes aplicam junto ao primeiro, o que permite reduzir o excesso de liquidez no sistema financeiro, isto é, o Banco Nacional de Angola deixará de remunerar os bancos comerciais pelo excedente de liquidez que estes aplicarem no BNA, passando a controlar o excesso de liquidez através da intervenção com operações de mercado aberto.
Com esta medida, o excesso liquidez poderá ser canalizado para o mercado de dívida e para o mercado monetário interbancário. Neste último, as operações de liquidez que os bancos comercias realizaram entre si durante o mês de Outubro, apresentaram incremento moderado, de 2% face ao mês anterior, situando-se em 124,913 mil milhões AOA.
As decisões do BNA podem ter contribuído para o comportamento das taxas de juro do Mercado Interbancário, tendo-se verificado um reajuste em todas as maturidades no mês de Outubro. A taxa Luibor Overnight reduziu em 234 p.b., situando-se em 17,36%. Relativamente às restantes maturidades, registaram- se incrementos entre 13 p.b e 108 p.b., destacando-se a taxa Luibor a 12 meses que apresentou o maior aumento, atingindo 23,05%.
Estima-se que o Banco Central mantenha a política monetária contraccionista, que deverá contribuir, em primeiro lugar, para que sejam alcançadas as metas de inflação definidas, em que se prestará particular atenção ao volume de liquidez disponível no sistema financeiro.