Questões burocráticas, como a escassez de divisas e problemas com a banca, são apontadas por Domingos Baptista, director-geral da Geoangol, empresa responsável pela construção da primeira Refinaria de Ouro no país, como factores de constrangimentos na execução da empreitada.
Domingos Baptista explica que, em relação às divisas, agudizou- se entre o mês de Março a Maio, com a desvalorização de 30% do kwanza, e foi necessário o reforço de mais quantia financeira, sendo que os sete milhões em dólares de investimento global mantém-se, mas, em kwanzas, já não é o mesmo valor, tendo em conta a desvalorização, apesar de não revelar o valor do reforço.
Todavia, o responsável da Geoangol sublinha que estes constrangimentos não afectam, para já, os prazos da conclusão da empreitada, aprazada para o primeiro semestre do próximo ano, conforme garantiu na entrevista concedida ao OPAÍS.
Aliás, referiu que, “neste momento, em termos de execução física, a Refinaria de Ouro está a 80% concluída e, nos próximos meses, teremos a instalação dos equipamentos e posteriormente a inauguração (em 2025)”, disse.
Domingos Baptista referiu que, nos próximos três meses, a infra-estrutura poderá estar finalizada, sendo que o primeiro lote dos equipamentos que serão instalados chegam ainda neste mês de Julho, como é o caso dos fornos usados para a separação dos metais em altas temperaturas.
Explicou que a Refinaria de Ouro vai servir para refinação e certificação do ouro em Angola e dará mais credibilidade ao produto para a exportação já trabalhado, sendo que o mineiro bruto sai da mina e chega com o teor declarado, daí a necessidade de comprovar, e este processo vai acontecer na Refinaria.
O responsável lembrou que o país vai contar com os projectos de exploração de ouro de Lombe Mining e Mapele, nas províncias de Cabinda e Huíla, a partir deste semestre, cujos trabalhos de prospecção foram outorgados recentemente pela Agência Nacional dos Recursos Minerais (ANRM).
Por outro lado, a província da Huíla deverá ainda dar um grande contributo para o aumento da oferta de ouro no mercado nacional, por via da entrada em produção do Projecto Mpopo, em que recentemente foi instalada uma nova central de beneficiamento de ouro, com capacidade para processar 250 toneladas por hora.
Para o responsável, “refinar ouro no país vai agregar valor e a commodity será usada na indústria de jóias, bem como na reserva de liquidez internacional”, atesta.
Valências da estrutura
A infra-estrutura dispõe de laboratórios centrais, sala de balanço, área de separação do metal puro, sala para purificação da prata, sala de reatores, área administrativa, sala de formação, salas de reuniões, gabinetes.
O projecto está dividido em duas partes, a Refinaria de Ouro e Contrastaria (certificação dos metais preciosos). Inclui, igualmente, a formação de quadros e apetrechamento com equipamentos de ponta e modernizados para o fomento económico e certificação do ouro no país.
Esta obra está construída numa zona de cerca de mil e 600 metros quadrados, no interior de um vasto quintal detida pela empresa de sondagem geológica e análises laboratoriais, Geoangol.
A infra-estrutura, cuja primeira pedra foi lançada em Junho de 2022, resulta da aposta do Executivo angola- no promover a cadeia de valor dos minerais do país, capitalizando as operações de prospecção, exploração, transformação e comercialização destes recursos.