A primeira fase da instalação da Refinaria de Cabinda termina em Dezembro do corrente ano e o processo de produção e comercialização dos produtos refinados nomeadamente gasóleo, Jet-A1, óleo e nafta está aprazada para o primeiro trimestre de 2024.
A refinaria de Cabinda, orçada em USD 400 milhões, tem como único accionista a empresa Gemcorp, contando com a comparticipação de 10 por cento da Sonangol, representada pela subsidiária Sonaref, responsável pelas operações de refinação em Angola. O director da Gemcorp/Angola, Marcus Weyll, afirmou, em Cabinda, que o nível de execução da primeira fase está na ordem dos 26 por cento e com 100% de financiamento garantido.
Apesar dos atrasos verifica- dos na implementação do projecto, marcados pela pandemia da Covid-19 e pelo conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o responsável da Gemcorp garante que a fase-1 da refinaria será mesmo concluída em Dezembro de 2023, já que os equipamentos da unidade de destilação, ou seja, a refinaria propriamente dita, já se encontram em Cabinda e a serem montados no local, assim como iniciou a construção dos tanques onde serão acondicionados os produtos.
“Asseguro-vos que a Gemcorp, enquanto investidor e accionista da Refinaria de Cabinda, está empenhada no seu compromisso em comissionar a primeira fase do projecto durante o ano em curso e de avançar rapidamente com os trabalhos das segunda e terceira fases”, garantiu Marcus Weyll. A refinaria de Cabinda contará com uma capacidade instala- da para processamento de 60 mil barris por dia, após a conclusão das três fases. O projecto está a ser implementado numa área de 313 hectares na planície de Malembo a Norte do campo petrolífero do Malongo e muito próximo do terminal oceânico de Cabinda. A refinaria comporta três fases de execução.
Concluída a primeira fase, a mesma terá uma capa- cidade de processamento de 30 mil barris de petróleo/dia através da instalação de duas unidades: uma de destilação atmosférica e outra de adoçamento de quero- sene que vão permitir a obtenção de produtos refinados como a nafta, jet-A1, gasóleo e o óleo combustível pesado. Esta fase tem como previsão concluir-se em Dezembro de 2023 e iniciar a disponibilidade de produtos refinados para o mercado no início de 2024.
Na fase 2, o principal objectivo é duplicar a capacidade de procesamento da Refinaria de Cabinda e iniciar a produção de gasolina e gás butano. Já na fase 3 tem como finalidade, melhorar a qualidade dos produtos da refinaria com a instalação de unidades de tratamento e aumentar, ainda mais, a capacidade de produção de refina- dos como a gasolina e o gasóleo.
Este empreendimento está dividido em três principais áreas de construção, nomeadamente a refinaria propriamente dita, que comporta as unidades de processamento, o parque de armazenagem para o crude e produtos refinados e todas as suas infra-estruturas de suporte, bem como a parte do offsite e o offshore. Para o fornecimento de crude a partir do terminal do Malongo será instalado um piplane (linha de transporte) e para a exportação dos produtos refinados como o jet-A1, gasóleo, óleo e nafta será criado um corredor que partirá da refinaria até ao terminal oceânico de Cabinda.
“Chegando à estação de bombagem da refinaria, teremos para o offshore a instalação de duas linhas, uma de nafta e outra para óleo combustível pesado, a instalação de uma monobóia convencional de amarração com capa- cidade de atracar embarcações até 75 mil toneladas métricas”, explicou Jorge Ferreira, um dos responsáveis ligados à Refinaria de Cabinda. Esta infra-estrutura, disse, terá ainda a capacidade alternativa de importar crude para a refinaria de Cabinda e também trazer gasolina para o terminal oceânico de Cabinda.
Nível de execução
Segundo o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, algumas pessoas dizem inverdades sobre a implementação do projecto da refinaria de Cabinda, afirmando que o projecto não está a ser desenvolvido. E “ouvimos, às vezes, pessoas a dizerem que estamos a gastar mal o dinheiro público. Isso não é verdade, porque o projecto é privado e tem, sim, como parceiro a Sonangol”.
Diamantino Azevedo fez “mea culpa” sobre o atraso que se regista na conclusão do projecto e assumiu: “Nós, como sempre, somos claros e abertos nas nossas intervenções públicas e tive a oportunidade de dizer que, efectivamente, reconhecemos que há um atraso e expliquei os factores endógenos e exógenos que são responsáveis por esse atraso. Também temos que fazer mea culpa, mas não estamos a esconder nada a ninguém sobre o desenvolvimento deste projecto” O responsável solicitou aos jornalistas para que “façam todas as perguntas que vos vão à alma para que possam transmitir com verdade o que está a ser feito nesse projecto.
Assim, também ajudam-nos a corrigir o que não está a ser bem feito e ter em conta que estamos neste e em outros projectos que estamos a desenvolver com toda tranquilidade, com todo respeito ao nosso país e ao nosso povo”. As obras da primeira fase estão em 26 por cento de execução física. Neste momento, o projecto está na fase mais crítica e mais importante do processo. Estão em construção os sete dos 18 tanques reservatórios onde serão acondicionados o crude e os produtos já refinados.
Todas as unidades que compõem a Refinaria de Cabinda foram construídas em Houston, Estados Unidos da América, e obedecem a padronização de qualidade internacional e de sustentabilidade e será a primeira refinaria em África em queima de gás. Apesar dos atrasos, o nível de execução da obra é satisfatório e a Gemcorp, investidor do projecto, garante a conclusão das obras de construção da primeira fase no final do corrente ano.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda