A electrificação será de alta, média e baixa tensão, com 46 sistemas isolados, 12 conectados à rede e três subestações
O Governo angolano começou a materializar, esta quarta-feira, 15, o projecto de electrificação rural, que beneficiará mais de um milhão de pessoas em 60 comunas das províncias do Bié, Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malanje e Moxico. Para tal, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, testemunhou, na vila mineira de Cafunfo, município do Cuango, província da Lunda-Norte, a consignação do primeiro dos 46 parques solares a serem instalados nas 60 comunas.
Com uma capacidade voltaica de 265 megawatts (MW) de potência fotovoltaica e 595 MW de armazenamento em baterias, o valor económico aportado pelo projecto, considerando a poupança perante soluções alternativas e o ganho no rendimento da população, situa-se entre 3.1 e 5.9 mil milhões de euros. A primeira fase do projecto vai abranger as províncias de Malanje, Lunda-Norte, Lunda-Sul e Moxico. A segunda fase, com início previsto para o primeiro semestre de 2024, prevê abranger a província do Bié.
O projecto calcula 202 mil e 657 ligações domiciliares, 12 sistemas conectados à rede (electrificação de mais três subestações). A electrificação será de alta, média e baixa tensão, com 46 sistemas isolados, 12 conectados à rede e de três subestações conectadas à rede. Na província da Lunda-Norte, o projecto vai beneficiar 74 mil e 368 famílias em 15 comunas. Na vila de Cafunfo, onde foi feito o lançamento oficial do projecto, serão feitas 29.150 ligações domiciliares com sistema pré-pago. Será construído um parque fotovoltaico com 72 mil painéis, que terão a capacidade de produzir 41.4 megawatts, mais 111,45 MW armazenados em baterias, para produção nocturna.
O parque fotovoltaico de Cafunfo será construído em três anos e conta com parceiros estratégicos, cujo financiamento e/ou apoio financeiro de 1,2 mil milhões de euros será feito pela empresa alemã Euler Hermes. A MCA, uma empresa portuguesa, é a construtora das 46 minirredes solares, e os britânicos Satanderd Chartered são os responsáveis pela montagem e operação do projecto energético. O projecto faz parte da estratégia do Plano Angola 2025, definida pelo Governo, que visa levar a energia eléctrica limpa a áreas urbanas e rurais, através da expansão da rede eléctrica nacional e da construção de parques fotovoltaicos, transformando Angola num país próspero, moderno e com uma inserção crescente na economia mundial e regional.
O Estado angolano pretende dar um contributo ambiental positivo através da redução de emissões de gases de efeito estufa, que se situa entre 4.2 e 8.0 milhões de dióxido de carbono (CO2). Angola é, por excelência, um local com distintas condições para a utilização da energia solar, com uma radiação global em plano horizontal anual média compreendida entre 1.370 e 2.100 kWh/ m2/ano. A tecnologia mais adequada para aproveitar o recurso solar é a produção de electricidade através de sistemas fotovoltaicos, sendo esta a tecnologia de mais rápida instalação (prazos inferiores a um ano) e com menor custo de manutenção, e que gradualmente deixou de ser tão onerosa, conferindo um maior sentido para soluções de pequena/média dimensão e descentralizadas.