Angola se depara com a inflação mais acentuada nos últimos tempos e, como consequência, os produtos da cesta básica continuam a aumentar o que deixa os consumidores preocupados e buscam alternativas para manter pelo menos uma refeição diária
“O custo de vida continua cada vez mais difícil para quem trabalha imagina quem está no desemprego” foi assim que Maria José reagiu quando abordada por este jornal em relação ao preço dos produtos da cesta básica, enquanto fazia compras na passada Sexta-feira, 16.
A moradora do bairro Calemba 2 disse que tem feito visita a vários armazéns para encontrar o menor preço dos produtos, mas sem sucesso, pois a realidade parece ser a mesma em todos os mercados e armazéns de Luanda.
“Já passei em vários locais a fazer levantamento de preços, mas não muda muito, a diferença às vezes são de 50 ou 100 kwanzas”, contou.
Maria José, que disse ser funcionária pública, mostrava-se confusa em relação ao que devia priorizar para levar a casa, pois dos cálculos por si feitos nada batia certo com a realidade encontrada nos armazéns.
Aponta como exemplo a caixa de coxa de frango que saiu de 13 mil, em Setembro do ano passado, para 18 mil kwanzas neste momento.
No mesmo local, encontramos Augusta Tomás que estava em busca de pessoas para fazer a famosa sócia.
A interlocutora disse que por causa da alta de preços dos produtos da cesta básica passou a comprar somente cinco quilos de frango e igual quantidade de fígado, ao contrário do que fazia em anos passados em que adquiria uma caixa de cada produto.
“Com 120 mil kwanzas que tenho de salário não dá para ser diferente. Antes com 30 mil Kwanzas fazia-se compras de verdade, mas agora só faço sócia para conseguir ter um pouco de cada coisa.
Há muito tempo que já não sei mais o que é levar uma caixa de coxa para casa” contou.
O aumento de preços na comida fez com que Maria Filomena diminuísse o número de refeições diárias na sua casa, passando de três para duas.
A estratégia encontrada tomar o pequeno-almoço, vulgo tama-bicho, e esperar apenas pelo jantar no fim-dodia.
Para diminuir no sacrifício das crianças, conta, o almoço passou a ser feito mais cedo, sendo que às 18 horas pontualmente ela e o seu agregado de seis pessoas concentram-se à mesa para a última refeição do dia.
“Não tem como ser diferente. O meu salário é de 70 mil Kwanzas. Para além da comida temos outras necessidades com as crianças.
A prioridade é conseguir comprar um saco de arroz, uma caixa de massa e um bidon de óleo de cinco litros”.
No armazém LST grupo limitado, localizado na rua direita do Kero Kilamba que se dedica à venda de produtos a grosso e retalho constatou-se que não foi apenas o frango que alterou o preço.
A caixa de carapau que custava a 37 mil kwanzas, em Setembro, está a ser vendido actualmente, ao preço de 45 mil kwanzas.
De igual modo, o saco de arroz de 25 quilos custa agora 26 mil e 500 contra os 17 mil kwanzas comercializados em Setembro do ano passado.
No local, as diferentes marcas de arroz estão a ver vendidos ao mesmo preço, com a variação de 300 a 500 Kwanzas noutros pontos.
Já a caixa de massa alimentar foi subindo gradualmente para 3.300 kz, 5.000 Kwanzas, estando agora a ser vendido ao preço de 8.300 kwanzas.
No que diz respeito ao óleo alimentar, 20 litros custa 36.500, contra os 23 mil kwanzas anteriores.