Alguns produtores, no Pólo Industrial da Catumbela (PDIC), conversaram, recentemente, com o secretário de Estado para Indústria, Carlos Manuel de Carvalho Rodrigues, de quem esperam uma advocacia junto do Governo Central, a fim de que se invista na produção de matéria-prima para abastecer fábricas de produção de alimentos e materiais de construção
Odirector da fábrica Yokimbo, dedicada à produção de farinha de milho, Raúl Fonseca, afirma que, mediante as actuais vivências, esperam do Governo medidas para fomentar a produção de matéria-prima.
O responsável refere que, para produzir as 200 toneladas/dias (fuba e farelo), têm de importar 80 por cento do milho de que precisam para movimentar a fábrica. “Temos de importar, a produção local é completamente insuficiente, não há milho que consiga abastecer a unidade industrial.
Nós podemos dizer que 80 por cento é importado e 20 por cento é nacional”, considera, ao referir que a matéria- prima se afigura como que «um grande a calcanhar de Aquiles», a julgar pelas projecções em termos de produção.
“Quando ela devia ser nacional com todas as facilidades que daí decorrem, não é. Evidente que, mediante também as condições actuais que se vivem, o preço da matéria-prima não é nada competitivo, em termos nacionais”, acrescenta.
Neste momento, conforme dados em posse deste jornal, a Carrinho é das poucas empresas que deixou de importar milho, devido ao fomento à produção em zonas como Dombe-Grande, Baía-Farta, Bié, Huambo, para citar apenas estas regiões.
Essa empresa, por via do BCI, tem financiado várias famílias camponesas para a produção de grãos, com destaque para o milho, visando abastecer o seu complexo industrial no bairro da Taka, em Benguela.
Entretanto, o conforto para quem produz alimento vem do Presidente da República, João Lourenço, que coloca acentotónico na necessidade de apoio aos produtores, com destaque para aqueles focalizados nos bens de primeira necessidade.
Falando na quarta-feira, 21, na abertura do Conselho da República, no Palácio Presidencial, em Luanda, o Chefe de Estado sustentou que a agricultura vai continuar a receber apoio do executivo, sinalizando que é o que o país está a produzir bastante e, por isso, quer o envolvimento de todos.
“As políticas visam estimular a produção de bens alimentares e reduzir as importações, coisa que, felizmente, já tem acontecido”, sublinhou o PR.
Construção acena para desburocratização de processos
O director da CIMANGOLA, Ermos Cruz, ressalta que as empresas do segmento da construção precisam que o Governo desburocratize o processo de obtenção de alvarás, a fim de que possa ter o gesso, calcário, dentre outras matérias- primas, para a produção de cimento.
O empresário lamenta a lentidão, de sorte que pede um certo impulso das autoridades, de modo que o quadro se venha a inverter e esse factor não seja impeditivo para o acesso às matérias de que se precisam. “E são processos antigos, dois, três anos e as coisas não estão a andar.
Quando passa de um departamento para outro, temos dificuldades enormes”, reporta, sustentando que não entende a razão de tanta burocracia, a julgar pelo estatuto de empresas como a dele que granjearam no mercado no que a produção de cimento diz respeito.
“Tínhamos 15 trabalhadores, hoje temos mais de 100 trabalhadores. Já estamos com dois turnos de trabalho – e é uma dificuldade”, frisou.
O secretário de Estado para a Indústria, Carlos Manuel de Carvalho, que avaliou recentemente o estado em que muitas fábricas se encontram no Pólo Industrial da Catumbela, admitiu que, nos últimos tempos, as indústrias – um pouco pelo país – têm apresentado como preocupação a questão da matéria- prima.
O governante aponta, de entre outros factores para muitas empresas produzirem muito abaixo da sua capacidade, a questão relacionada com a matéria-prima.
“Um dos factores está relacionado com as matérias-primas, são importadas maior parte delas. Existem outros factores, muitas indústrias não estão muito bem alavancadas, sobretudo do ponto de vista financeiro e a capacitação de-mão-de-obra especializada,que é igualmente um dos factores.
Mas acho que estamos a fazer todos um bocadinho”, garante, assegurando que, apesar disso, os objectivos, concernente à produção nacional, vão ser alcançados.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela