A produção de seguros registou um crescimento de 379 mil milhões de kwanzas, o que representa um aumento de 21,4% em relação ao ano anterior, que somou 312 mil milhões de kwanzas
Este crescimento reflecte o fortalecimento do sector de seguros no país, sendo o ramo de saúde o principal impulsionador, com uma participação de 33% no total da produção.
Outras áreas, como os seguros petroquímicos, automóveis e de acidentes de trabalho, também contribuíram significativamente para o desempenho positivo. Segundo o director do Gabinete de Estudo e Planeamento Estratégico da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), César Marcelino, o sector de seguros está a afirmar-se como um importante investidor institucional.
“As seguradoras precisam investir mais dos fundos captados, pois isso as torna investidores institucionais, o que acaba por impactar a economia nacional de maneira robusta”, explicou Marcelino.
As seguradoras, disse, têm desempenhado um papel crucial no financiamento da economia, com investimentos que rondam os 370 mil milhões de kwanzas, dos quais 46% estão aplicados em instrumentos de dívida pública.
Este volume de investimento sublinha o compromisso do sector de seguros com o desenvolvimento económico do país, canalizando recursos para áreas estratégicas que fomentam o crescimento.
Os dados disponíveis até ao segundo semestre de 2024 apontam para uma continuidade do crescimento robusto.
Pela primeira vez na história dos dados trimestrais, o sector iniciou o ano com um valor de produção de três dígitos, totalizando 111 mil milhões de kwanzas, e em Junho, esse valor quase duplicou, atingindo os 222 mil milhões de kwanzas.
“Estamos confiantes de que, até Dezembro deste ano, a taxa de crescimento continuará positiva”, afirmou César Marcelino.
Governo prioriza seguro agrícola
O seguro agrícola tem sido uma prioridade tanto para o Governo angolano quanto para a ARSEG. Foi assinado um protocolo de cooperação entre o Ministério das Finanças e o Banco Mundial, através da International Finance Corporation (IFC), com o objectivo de dinamizar este segmento.
Este acordo está estruturado em três vertentes, sendo a primeira destinada ao atendimento das necessidades das associações de camponeses e cooperativas agrícolas; a segunda virada para capacitar empresas de seguros, e a última identificar os riscos específicos do sector agrícola.
“Hoje, estamos a trabalhar no fortalecimento da oferta, capacitando os técnicos das seguradoras, para garantir que os produtos de seguro agrícola estejam à altura das necessidades do mercado,” sublinhou o director da ARSEG.
Outro indicador do dinamismo do sector, segundo César Marcelino, é o volume de indemnizações pagas pelas seguradoras, que atingiu os 163 mil milhões de kwanzas em 2023, um aumento de 59% em relação ao ano anterior.
Deste montante, cerca de metade esteve relacionado com o ramo da saúde, evidenciando a importância do seguro de saúde para a estabilidade médica e medicamentosa no país.
“As seguradoras têm cumprido a sua função social, garantindo que os angolanos que possuem seguros de saúde tenham acesso aos cuidados necessários”, destacou Marcelino.
Além disso, o número de seguradoras em operação no país aumentou para 23, com a criação de duas novas empresas em 2023, ampliando a oferta de produtos e serviços de seguros aos cidadãos.
No que respeita aos fundos de pensões, estes continuam a cumprir o seu papel de garantir a protecção complementar para os angolanos. Os benefícios pagos pelos fundos aumentaram em comparação com o ano anterior, com mais de 80% desses benefícios relacionados com a reforma.
Em 2023, os fundos de pensões totalizaram cerca de 1,1 mil milhões de kwanzas, um valor significativo para a economia. César Marcelino sublinhou que a nova Lei de Mediação e Corretagem de Seguros (Lei 6/24, de 3 de junho) trouxe uma mudança importante ao permitir que o processo de mediação das pensões, anteriormente a cargo das seguradoras, seja agora gerido por mediadores independentes.
Marcelino acredita que esta mudança poderá aumentar a penetração dos fundos de pensões em vários sectores da economia, especialmente no sector petrolífero, que já detém nove dos 38 fundos de pensões existentes em Angola. Apesar dos progressos, o sector de seguros ainda enfrenta desafios.
A taxa de penetração de seguros na economia nacional é de apenas 0,60% do PIB, o que demonstra o potencial de crescimento. Um dos principais desafios apontados por César Marcelino é o aumento da literacia financeira no país. “Precisamos educar os angolanos sobre a importância social e económica dos seguros”, destacou.
POR:Francisca Parente