Além do petróleo, outros produtos começam já a ser exportados. É o caso do ferro-gusa, explorado na província do Cuando Cubango, que, para Janísio Salomão, economista, representa um avanço para o país
A Companhia Side- rúrgica do Cuchi (CSC) realizou a primeira exportação de 20 mil toneladas de ferro-gusa verde. Para o economista Janísio Salomão, a exportação do mineral é uma mais-valia, pois é necessário diversificar a balança de exportação, realçando que os produtos energéticos ainda têm uma grande fatia na exportação, como é o caso do petróleo, que representa mais de 95%, e posteriormente outros produtos, como os diamantes, a madeira e os pro- dutos do mar. “Estamos a atravessar um grande desafio, que passa pela obtenção de maior receita, sobretudo na aquisição de divisas e a exportação de ferro-gusa verde que acaba de ser materializada.
Vem, sem sombras de dúvidas, contribuir para a diversificação da economia, assim como para a balança de exportação e a geração de divisas”, disse. Janísio Salomão referiu que o país possui um forte potencial em recursos, no entanto, grande parte deles ainda está por se explorar, daí a necessidade de fazer um grande esforço de trabalho para tirar maior proveito de todos os potenciais recursos no país.
No que toca ao impacto no cor- redor de Moçâmedes (do Namibe ao Cuando Cubango, passando pela Huíla, o especialista defende que vai dinamizar o próprio sector dos transportes no papel que o caminho-de-ferro pode exercer na transportação de mineiros até ao porto, que é um canal crucial para a exportação de produtos e mercadorias.
Por outro lado, as empresas que geram postos de trabalho são bem-vindas, tendo em conta os desafios enfrentados, como o custo de vida, a Covid-19, e outras crises sucessivas e cíclicas que se tem atravessado. “Quem deve gerar emprego é o sector privado e a missão do Estado passa por criar condições propícias para que haja mais iniciativas privadas no sentido de absorver grande parte da mão-de-obra, contribuir para a redução da taxa de desemprego e da criminalidade”, explicou.
60 milhões USD investidos na Companhia Siderúrgica do Cuchi
O PCA da empresa, Rui Silva, disse a que primeira exportação de ferro-gusa verde acontece dentro do prazo previsto, sublinhando que o navio esta a zarpar para o Porto de Mombaça, no Quénia. Essa operação, surge depois da inauguração da siderurgia que ocorreu a 31 de Agosto último. De acordo com o responsável, até ao momento a Companhia Siderúrgica do Cuchi investiu na mina e siderurgia perto de 60 milhões USD.
“A nossa meta, agora com a fábrica em funcionamento, é a de produzir 8 mil toneladas de ferro-gusa mensalmente e fazer uma exportação de 24 mil toneladas do produto de três em três meses”, explicou Rui Silva. Neste momento, a empresa mantém os mil e duzentos postos de trabalho directos repartidos entre a fábrica e a mina.
Para o ano de 2024, Rui Silva avançou que projecção será a de produzir 96 mil toneladas de ferro-gusa verde e o ano seguinte atingir as 516 mil toneladas, com a conclusão de mais três fornos de 140 mil toneladas cada um, cujo plano de investimento está a ser trabalhado com a banca, no valor de 250 milhões USD.
“Vamos atingir os cinco mil postos de trabalho directos e a meta final será chegar a 1 milhão de toneladas em 2027 e também apostar na produção de aço em Angola”, vaticinou. Acrescentou que a aposta é, além de atingir os cinco mil postos de trabalho, gerar mais divisas para o país e contribuir para as metas “que todos almejamos em termos de exportações e também de consumo interno do aço”.