Em entrevista a OPAÍS, o economista Precioso domingos considera “uma boa notícia” a revisão em alta (2,2%) das perspectivas de crescimento económico de Angola feita pelo Fundo Monetário Internacional, por se aproximar aos ajustes de crescimento previstos pelo Executivo (de 4,9% para 2,4%). Contudo, refere que a economia ganha novos desafios, como a diversificação das exportações
Texto de: Hélder Caculo
As previsões de crescimento do FMI, para 2,2% no presente ano económico e de 2,4% em 2019, representam revisões em alta de 0,6 pontos percentuais e de um ponto percentual relativamente às previsões divulgadas em Outubro de 2017.
A revisão em alta foi motivada pela subida dos preços do petróleo no mercado mundial, “que aumentam o rendimento disponível e melhoram o sentimento económico.” (o barril do Brent, principal referência das exportações angolanas, está actualmente a ser quotado acima dos USD 70) Segundo o relatório de Previsões Económicas Mundiais (World Economic Outlook) divulgado ontem em Washington, Angola deverá acelerar o crescimento, mas continua a ver a economia a expandir-se abaixo da média da África subsahariana.
O crescimento económico real do país foi de 0,7% em 2017. Em 2023 deverá registar, segundo previsões do FMI, um crescimento igualmente real de 4,0%.
executivo deve alargar base das exportações Em declarações a OPAÍS a respeito do relatório do FMI, o economista Precioso Domingos considerou positiva a estimativa do FMI, mas apresentou alguns desafios para o Executivo.
“Se consideramos as previsões anteriores do FMI, em que apontava para um crescimento de 1,3 por cento, essa evolução para 2,2 por cento é positiva para Angola. É uma boa notícia, porque é o crescimento económico que as economias procuram para o seu desenvolvimento”, sublinhou.
O economista ressaltou que o OGE 2018 foi projectado com base na taxa de crescimento do Governo, que sofreu um ajuste de 4,9% para 2,4%, um dado que alterou os pressupostos económicos do documento. “Há um equilíbrio entre as previsões do FMI e as do Governo.
O que é positivo em termos de credibilidade e projecção macroeconómica. Contudo, devemos considerar outras variáveis macroeconómicas, porquanto o défice já não é o mesmo que foi apresentado ao Parlamento, e o peso da dívida em relação à riqueza que é gerada também aumentou”, frisou Precioso Domingos, tendo acrescentado que “fez-se uma revisão em alta, mas a economia angolana depende de quatro motores fundamentais, refira-se: o consumo, os investimentos públicos e os privados, e as exportações”.
Para o economista, a má notícia, prende-se com o facto de o crescimento económico ser sustentado por um único motor (exportações de petróleo) muito dependente do mercado mundial. Por isso, aponta que o alargamento das estruturas para as exportações representa o novo desafio da equipa económica.
“O consumo está em queda por razões muito óbvias, como a perda do poder de compra, a queda nos investimentos públicos, sobretudo em infra-estruturas, estando também os investimentos privados em queda.
O único motor da economia que recupera é o das exportações, e quando falamos de exportações, referimo-nos sobretudo ao petróleo, que representa acima de 98% das nossas exportações.