De Julho ao princípio de Setembro, os preços dos produtos da cesta básica registaram um aumento considerável, com destaque para a coxinha de frango, que saiu de 22 mil para 30 mil Kwanzas, o que perfaz uma subida de 36%
Entre os produtos mais afectados, destacam-se ainda o peixe carapau e o óleo de cozinha, reflectindo as dificuldades económicas que continuam a impactar o poder de compra das famílias. Conforme o levantamento efectuado por este jornal, nos últimos dias, os consumidores têm sentido no bolso o aumento dos preços dos produtos da cesta básica.
Da mesma forma, a caixa de coxas de 10 quilogramas está a rondar os 23 mil kwanzas e a caixa de peixe pescado médio está agora a ser comercializada por 30 mil kwanzas, indicando também um aumento substancial.
Outro item essencial, o peixe carapau médio, está a ser vendido a 45 mil kwanzas por caixa. No caso da galinha rija, o preço fixou-se em 21 mil e 500 kwanzas por caixa, enquanto a asa retalhada e a asa completa estão a custar 25 mil e 500 e 30 mil kwanzas, respectivamente.
Os preços dos produtos secos não ficam atrás.
O saco de arroz, dependendo da marca, da origem e qualidade, varia entre 22 mil e 500 kwanzas e 26 mil kwanzas, indicando um aumento notável em relação ao mês anterior. A caixa de óleo de cozinha está agora a custar 28 mil e 800 kwanzas, com cada litro a ser vendido a 2.400 kwanzas.
Além disso, o quilo de fuba de milho (branco e amarelo), um alimento básico em muitas mesas angolanas, está a ser comercializado entre 700 e 800 kwanzas, e o quilo de açúcar branco, em média, custa 1 mil 800 kwanzas.
O saco de 50 quilos de açúcar está a ser vendido a 47 mil kwanzas, reflectindo o impacto das subidas de preços no mercado nacional. Em meio a estes aumentos, o feijão, outro alimento crucial na dieta dos angolanos, está a ser vendido a 2 mil kwanzas por quilo, um preço elevado numa altura em que o índice de preços continua a aumentar, pressionando ainda mais o orçamento das famílias.
Durante a ronda feita pela nossa equipa de reportagem, em alguns armazéns e mercados informais, encontramos a cidadã Teresa, que se queixa da alta de preço dos produtos. Em função disso, tem sido cada vez mais difícil as famílias terem alimentação saudável e bem cuidada.
“Hoje em dia, a pessoa come o que aparece, comprando aquilo que a nossa possibilidade nos permite, porque até a medida de cabuenha de 200 kwanzas só serve mesmo para cada pessoa de casa comer no máximo duas cabuenhas, a situação está complicada”, lamentou.
Outra cidadã que se identificou por Mariazinha, abordada na entrada de um dos estabelecimentos comerciais do Zango, enfatizou que, para a renda mensal da sua família, actualmente, a sua arca já não chega sequer ao meio, devido ao volume reduzido de produtos frescos e secos que consegue comprar. “O importante é conseguir manter o estômago cheio com o que se consegue comprar.
O restante vamos aguentando as dificuldades. Talvez, com o regresso às aulas, as crianças passarão a comer menos e assim conseguirei economizar melhor”, disse. Estes aumentos destacam a necessidade urgente de medidas para estabilizar os preços dos bens essenciais no país, num contexto económico já marcado por desafios significativos.
Taxa de câmbio e preços dos combustíveis.
O economista Eduardo Manuel apontou que a taxa de câmbio e o aumento dos preços dos combustíveis estão entre os principais factores que têm impulsionado a subida dos preços da cesta básica em Angola. Esses factores encarecem as matérias-primas, que ainda precisam ser importadas devido à limitada capacidade de produção interna.
Manuel alertou que o aumento dos preços afecta severamente o poder de compra das famílias, especialmente as de baixa renda, uma vez que os salários não acompanham o crescimento dos preços. As políticas públicas existentes estão mais direccionadas às zonas rurais e à aquisição de material escolar, mas ainda não têm abrangência nacional. Além disso, as instituições privadas, devido a dificuldades financeiras, não têm conseguido apoiar adequadamente as famílias mais vulneráveis.
Destacou também a dificuldade dos bancos em apoiar o Governo, já que muitas famílias não conseguem cumprir os requisitos de crédito no actual cenário económico. Para mitigar esses efeitos, o economista recomenda a redução das taxas de juro e a estabilização da taxa de câmbio, o que poderia aliviar a pressão sobre os consumidores.
Sugere que o Governo negocie com instituições financeiras internacionais para melhorar a liquidez de divisas e que reduza ou elimine impostos sobre alguns produtos para estimular o consumo. Além disso, Manuel defende a colaboração entre o Governo e grandes empresas, incluindo multinacionais, para apoiar as pequenas e médias empresas na diversificação económica do país.
POR:Francisca Parente