O Índice de preços dos Materiais de Construção (IPMC) do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostra também aumento de mais de 2% de Novembro a Dezembro. Cidadãos olham para o cenário de preços altos como verdadeiro travão à capacidade para materializar a casa dos sonhos
Os dados indicam que os preços dos materiais de construção aumentaram 18,4% no comparativo com o registado no mesmo período do ano passado, ou seja, em Dezembro de 2023. Os dados, a que o jornal OPAÍS teve acesso, indicam ainda que os preços dos materiais de construção aumentaram 2,6% em Dezembro de 2023, em relação ao mês de Novembro de 2023.
O item com maior variação mensal foi o cimento e aglomerantes, que aumentaram 5,8% de um mês para o outro. Um valor bem superior ao 1,9% registado no item aço, a segunda maior variação da lista de materiais de construção, como mostram os dados do INE.
Outros itens constantes na lista dos itens com maior aumento ou variação mensal são a pedra britada e mármore, bem como os vidros e artigos de vidro, que, como indicam os dados, aumentaram 1,7% cada, de um mês para outro.
Em sentido inverso na variação mensal, estão os itens betão pronto, com variação de 0,1%, e os produtos sintéticos, que variaram 0,5% de um mês para o outro, e, portanto, são os que menos provocaram dores de cabeça aos cidadãos que têm obras em andamento.
Um conjunto de aumentos que tiveram impacto negativo nas economias daqueles que lutam para concretizar o sonho da casa própria. O jovem Ronaldo José, no- me fictício do entrevistado que não se quis identificar, que está há mais de 10 anos a construir, contou que está a sentir no bolso o peso do aumento dos preços dos materiais de construção. Questionado sobre quais os itens que mais aumentaram de preço e, portanto, mais preocupam, o nosso interlocutor apontou para o cimento e o varão (aço). “São aumentos pesados, e que já se constituem como um verdadeiro travão à vontade, mas sobretudo, à capacidade para materializar a casa dos sonhos. E até mesmo a possibilidade de se ter uma casa condigna para viver”, rematou.
Voltando aos dados, ao se analisar aquilo que são apenas os preços, percebe-se que, no global, os preços saltaram de 211,6, índice de preço registado em Novembro de 2023 para se posicionar no índice de preço de 217,1, em Dezembro do mesmo ano. O betão pronto com índice de preço de 233, como mostram os dados do INE, foi o item com maior índice de preço registado, em Dezembro de 2023. Por sua vez, o aço é o item que registou maior variação no índice de preço no período, saltando de 224,4 de índice de preço registado em Novembro de 2023, para os 228,6 de índice de preço em Dezembro.
Um outro jovem, que também não se quis identificar, tem a sua casa em construção há mais de 15 anos e reconhece ter desleixado durante algum tempo, mas agora que quer retomar as obras vê nos preços um entrave. O interlocutor diz mesmo que ainda não consegue acreditar que o saco de cimento agora custa 5 mil kwanzas, contrariamente aos preços anteriores. “Construir está mais difícil que comprar terreno”, lamentou o interlocutor, que disse ainda que o pior de ter os preços altos é ver que não parece haver controlo, os preços sobem constantemente.
POR:Ladislau Francisco