Depois de uma ronda feita pela equipa de reportagem do Jornal OPAÍS, constatou- se que nas últimas semanas o mercado tem registado pressão, tanto nos consumidores quanto nos produtores.
Fruto disso, o cartão de ovos que custava 3 mil e 800 kz passou agora a ser comercializado entre 5 e 6 mil kwanzas nos mercados e armazéns, preços que variam dependendo do tamanho do ovo. Entre os principais factores para esta disparada de preços está a alta no custo do milho, ingrediente fundamental na produção de ração para aves.
De acordo com o engenheiro Isildo de Carvalho, produtor avícola, o milho representa cerca de 70% da composição da ração, sendo essencial para a qualidade dos ovos e o equilíbrio económico do sector.
“A procura pelo milho é alta, mas a oferta é limitada, o que cria um ambiente de monopólio que encarece o insumo. Esse aumento tem um impacto directo e proporcional no custo final dos ovos. Muitos pequenos produtores não conseguem suportar os custos e acabam por fechar as portas”, alertou Carvalho.
A escassez de milho é uma questão central que afecta toda a cadeia produtiva. Angola ainda depende de importações para suprir grande parte da sua pro- cura, o que torna o sector vulnerável a flutuações cambiais e custos logísticos.
“Somente os grandes players, que têm acesso ao milho importado ou investem na produção própria, conseguem estabilizar os preços. Já os pequenos e médios produtores, sem esses recursos, enfrentam dificuldades para manter suas operações”, explicou Carvalho. Além do milho, outros componentes da ração, como premix, soja e óleo de soja, também registaram aumentos nos preços.
Essa combinação de factores encarece a produção e deixa o mercado ainda mais instável. “A solução a longo prazo passa pela autossuficiência na produção de insumos e pela adopção de políticas públicas que apoiem o sector em todos os níveis. Só assim será possível equilibrar a oferta e a procura, garantindo preços mais justos para todos”, reforçou o produtor.
POR:Francisca Parente