O comandante provincial da Polícia Nacional em Benguela, Aristófane dos Santos, advoga a necessidade de o Estado definir um Plano Geral de Segurança para o Corredor do Lobito, tendo em conta a sua posição estratégica
Aristófane dos Santos, que falava num encontro mantido, recentemente, com jornalistas a que se convencionou chamar de “Tertúlia”, sob auspícios do Clube de Imprensa de Benguela (CIB), manifestou ser de opinião que, do ponto de vista securitário, o corredor devia ser estar à parte, dispondo de mecanismo próprio.
O oficial comissário fez vincar uma ideia vertida no conselho consultivo do Ministérios dos Transportes, realizado em Benguela, de que, para o aludido programa, se afigurava importante envolver as províncias atravessadas pelo CFB, nomeadamente Huambo, Bié e Moxico.
O plano devia ter natureza nacional, de modo a facilitar um melhor controlo no âmbito do corredor, não fosse aquele um objectivo estratégico do Estado.
Por outro lado, o comandante provincial da Polícia diz haver uma tendência de aumento do sentimento de insegurança, tendo apontado o município de Benguela como aquele que cuidado no que se refere à criminalidade. Porém, apesar disso, Aristófane dos Santos assegura estar tudo controlado.
O município sede da província de Benguela dispõe, neste momento, de apenas oito esquadras, quando as necessidades apontam para 11. Todavia, rigorosamente falando, conforme sublinha o comandante Aristófane dos Santos, apenas uma esquadra reúne as condições de que uma estrutura daquela natureza precisa, a da praia Morena.
A esse município, no que à criminalidade diz respeito, junta- se a cidade ferro-portuária do Lobito, a nível do litoral, ao passo que o Cubal é a região que deixa as autoridades sob alerta no interior.
As razões de Benguela figurar no gráfico são sobejamente conhecidas – segundo o Comandante – destacando a densidade populacional como um dos factores. “Tem tudo mais do que os outros municípios”, afirma.
Dados sobre a criminalidade fora do controlo da Polícia
De acordo com o comandante, ainda existem muitos dados sobre a criminalidade fora do controlo da Polícia Nacional, daí ter sugerido a feitura de um estudo por via do qual se vá aferir as razões de os mesmos não chegarem ao conhecimento da sua corporação.
“Porquê é que as pessoas não têm cultura de queixa? Então é este problema”, salienta, para quem nem sempre há aumento de crime, o que se verifica, por conta disso, é o sentimento de insegurança, advertindo que esse “não é proporcional à subida de crimes.
É só para dizer que a situação de segurança na província, tendo em atenção esses três factores a que me referi, não é endémica verifica, como muita gente diz”, desmistifica.
Acrescenta de seguida que “o que preocupa mesmo – aliás, por isso é que aceitei de bom grado este encontro aqui – é o problema do sentimento de insegurança, e eu penso que devemos bater isso com franqueza”.
O também delegado do MININT em Benguela reprova a ideia de responsabilizar a Polícia por tudo que é crime que aconteça. “Uma das questões candentes que se coloca quando se fala do problema de insegurança, da criminalidade é que chama- se a Polícia…
Entende-se que se há criminalidade então a culpa é da Polícia. As pessoas até ficam tristes, ficam zangadas…mas não é a Polícia.
Temos de analisar os factores e as condições que propiciam o crime, e são científicas”, sustenta, ao reclamar falta de efectivos e deu conta de que 40 por cento do seu efectivo precisava de ser rejuvenescido.
“Para dizer que um país, uma localidade está segura diríamos que seria um polícia para 250 cidadãos. Nós estamos com um polícia para 1900 cidadãos.
Significa que, do ponto de vista genérico dos padrões securitário, nós estamos aquém dos padrões aceitáveis”, ilustrou, num encontro em que não faltou o pedido de colaboração aos jornalistas para o combate à criminalidade em Benguela.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela