Numa altura em que a ministra visita entidades do sector para uma espécie de vistoria geral e reconhece apertos derivados de questões climáticas, maior entidade pesqueira do país fala de aumento da produção na ordem dos 20%
Aposição é do administrador executivo da SFT Angola, António Gama, que, a falar em exclusivo ao OPAÍS, disse acreditar que Angola tem tudo para que a pesca venha a ser o maior contribuinte para o Produto Interno Bruto (PIB).
Uma situação que, por agora, parece longe dos horizontes, já que, apesar dos bons sinais evidenciados com a variação positiva, portanto, movimento para cima de 15,4%, como mostram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), relativos às contas nacionais do terceiro trimestre, a pesca é dos sectores que menos contribui para o crescimento do PIB.
A conjuntura económica é desafiante, um factor que contribui para que muitas entidades do sector estejam de portas fechadas, o que levou a ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen dos Santos, a visitar as entidades para averiguar o que se passa e posteriormente poder ver formas de ajudar as que estejam paradas.
A falar à imprensa na ocasião da visita às entidades do sector, Carmen dos Santos descreveu o sector que dirige como um leão adormecido. António Gama concorda com a ideia, mas entende que o empresariado também está a contribuir para que o sector não esteja no ponto que o potencial permite estar.
“São muitos os empresários que só sabem receber dinheiro do Estado. Entra ministro, pedem; sai ministro, voltam a pedir; e nunca fazem nada de avanços visíveis”, criticou.
O gestor lembrou que há entidades do sector, fundamentalmente da pesca industrial, no grupo dos grandes contribuintes, que agora entram na conta da contribuição por meio do pagamento de impostos.
Produção mais de 26% acima do ano passado
A questão do clima foi uma das problemáticas levantadas pela ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen dos Santos, que disse que, por conta disso, se registou nessa fase escassez de peixe, derivada da situação do oceano, pelo que apela para maior atenção para a aquicultura.
Chamado a falar sobre a temática, António Gama disse que as alterações climáticas levam a que o peixe vá para outro lado. O interlocutor adicionou ainda que não é que o mar esteja mal, só precisa de outros recursos para se chegar ao peixe.
O administrador executivo da SFT Angola esclarece, entretanto, que a situação não é exclusiva de Angola. Conforme o interlocutor, é aqui que entra a questão da preparação por parte das entidades.
Para chegar a este cardume, precisa-se estar mais preparado. “Nós temos entidades mais preparadas e, portanto, capazes de chegar a esse cardume”, disse.
Um exemplo, destacou, é a própria SFT Angola, que viu a sua produção crescer, tendo chegado às 72 mil toneladas, acima das 53 mil toneladas registadas em 2022, um crescimento de exactos 26,3%.
O feito foi alcançado recorrendo ao método arrasto pelágico; portanto, a jogar dentro do que mandam as regras, pois “não se consegue esconder um elefante”.
O interlocutor explicou ainda que, durante todo o processo, têm sempre um observador a bordo, uma caixa monicap, que é na prática um sistema com cobertura global para Monitorização Contínua das Actividades de Pesca.
Por: Ladislau Francisco