A província de Cabinda conta, neste momento, com cinco Blocos de exploração e produção de petróleo, nomeadamente os Blocos 0, 14, Cabinda Norte, Centro e Sul. O Bloco 0 (Zero) é o mais produtivo. Infelizmente, por razões conjunturais, em 2020/21, este Bloco teve um declínio de 14% na sua produção e nos anos 2021/22 esse declínio foi menos acentuado, fruto de vários trabalhos que foram efectuados, bem como o rigoroso acompanhamento dos programas de manutenção nas instalações petrolíferas. A extensão do período de exploração para mais 20 anos na concessão marítima de Cabinda vai aumentar a perfuração de mais poços, conferir maior volume de produção e criar mais empregos no país.
O Bloco Zero produziu em média diária, o ano passado, 148 mil barris de petróleo representando cerca de 13% da produção média global prevista para o país. Segundo David Quingongo do Gabinete de Estudo e Projectos da Agência de Petróleo e Gás, que divulgou os dados em Cabinda, no âmbito da actividade de exploração, está em perspectiva a perfuração de três novos poços, dois deles em 2024 e outro em 2026, o que vai proporcionar mais em- pregos para os jovens.
David Quingongo destacou a extensão do período de exploração e produção do Bloco Zero (0) na concessão marítima de Cabinda por mais 20 anos, ou seja, até 2050, operada pelos associados Chevron, Sonangol, TotalEnergies e ENI. Quais os benefícios dessa extensão? David Quingongo explica: “ Aumenta o número de oportunidades associadas a esse bloco. Aumentar também o número de poços a serem perfurados que podem variar de 3, 6 e até 14 poços. Isto resultará em maior volume de produção provenientes deste bloco.
” No que toca à actividade de gás, destacou a conclusão do projecto de incremento do volume de gás ligado à central térmica de Malembo que vem duplicando a sua capacidade de 13 milhões de pés cúbicos/dia para 26 milhões de pés cúbicos por dia. O projecto Longui, neste momento, está em curso a definição de conceito sobre o seu desenvolvimento, cujo objectivo é fornecer 120 milhões de pés cúbicos de gás por dia, 50 milhões dos quais destinados para a central térmica de Malembo e 70 milhões para sustentar o fomento da indústria de fertilizantes e amónia, e não só, previsto para o primeiro trimestre de 2028.
Outro projecto em destaque está relacionado com o Sanha (linha de conexão de gás) e módulo BCM, cujos trabalhos de engenharia estão à volta de 58% e o início da produção prevista para 2024. “Este projecto estima recuperar cerca de 258 milhões de barris de óleo. O Sanha (SLGC) visa fornecer gás à planta Angola LNG, no Soyo”, afirmou David Quingongo. No âmbito da operacionalidade da Lei 6/18, que introduz algumas reformas no sector petrolífero, uma delas tem que ver com os campos marginais, em Cabinda. Segundo o interlocutor do jornal OPAÍS, o projecto começou a ser materializado com a entrada em produção de dois campos, designadamente o Lifua A e o Nsinga, cuja produção de ambos cifra-se em cerca de 2700 barris/dia.
“Há perspectivas de aumento.
Por exemplo, o Lifua poderá chegar a uma produção de 6 mil barris/ dia.” No que toca ao Bloco 14, a sua produção média diária, em 2022, foi de 46 mil barris, contribuindo em 4.1% da produção total média/dia prevista no referido período. Em termos de actividade de perfuração, está em preparação a perfuração de um poço de pesquisa ligado à área de desenvolvimento Tômbua-Lândana (TL), cuja entrada em produção está prevista para o segundo trimestre deste ano, com a criação de mais empregos. As actividades de exploração prosseguem nas áreas de pesquisa (Gabela e Malange) com a descoberta de novos recursos, assim como a operacionalização do desenvolvimento do Bloco 14 com os recursos adicionais provenientes de campos maduros.
Sobre Cabinda Norte, decorre, neste momento, a reavaliação do potencial petrolífero associado a esse bloco e os resultados poderão ser visíveis em 2025. No que toca ao Cabinda Centro, neste momento decorrem os trabalhos de geo- referenciamento de linhas numa extensão de mil quilómetros. Os trabalhos nesse bloco estão a 40% envolvendo 740 trabalhadores, 696 dos quais são nacionais.
No Cabinda Sul, infelizmente, não há qualquer trabalho de realce relacionado a este bloco, mas tem uma produção à volta dos 440 barris, conta com 66 trabalhadores, sendo 42 deles directos. O bloco investiu cerca de USD 150 mil em dez projectos sociais Actividade em 2022 Em 2022, a Sonangol esteve presente em Cabinda, enquanto investidor, em três blocos de operações e produção de petróleo bruto, nomeadamente os blocos Zero, 14 e Cabinda Sul com direitos que variaram em interesse participativo entre os 20 e 41%.
Os direitos líquidos em termos de blocos rondaram entre os 100 barris de petróleo diários a cerca de 60 mil barris/dia, o que permitiu reforçar a sua capacidade financeira e também assumir o compromisso de aumentar a auto-suficiência doméstica em termos de produção petrolífera. A Sonangol, em parceria com a Gemcorp, está envolvida na instalação da Refinaria de Cabinda, com capacidade para processar 60 mil barris/dia de produtos refinados de petróleo, um projecto que vai colocar à disposição do mercado local cerca de 2 mil e 800 barris de JetA1/dia e 6 mil e 500 barris de gasóleo por dia.
“Com os 60 mil barris de petróleo processados vamos atender a demanda local e também servirá para abastecer a região mais ao Norte do país”, assumiu Edson Plataformas petrolíferas no mar de Cabinda com registo de boa produção Pongolola, quadro ligado à política nacional da Sonangol. Além da sua atenção estar muito virada para a exploração e produção de petróleo e no processo de refinação, a Sonangol assegurou, ao longo do ano de 2022, uma capacidade de armazenagem de cerca 112 toneladas métricas de gás e uma capacidade de enchimento de 37 toneladas métricas/dia, o que permitiu ser- vir um consumo médio diário de cerca de mil e 230 toneladas métricas na província.
Neste período, a Sonangol colocou à disposição da província de Cabinda 14 mil e 763 toneladas métricas de gás butano equivalentes a cerca de 3 mil e 700 toneladas métricas por dia para o atendimento à população. Além disso, segundo Edson Pongolola, a empresa serviu, em 2022, as centrais terminais que produzem energia eléctrica com cerca de 2 milhões e 630 mil toneladas equivalentes a 21 milhões de pés cúbicos/dia. Para a actividade de gás, a Sonangol contou com uma força de trabalho de 18 colaboradores afectos à unidade de produção de gás e energias renováveis.
Atendendo às exigências do consumo doméstico, a Sonangol pretende aumentar a autonomia da província de Cabinda em termos gás, elevando a capacidade de enchimento, armazenagem e distribuição de três para 15 dias, bem como aumentar a capacidade de fornecimento de gás natural à central térmica de Malembo dos actuais 13 milhões de pés cúbicos para cerca de 26 milhões de pés cúbicos. Edson Pongolola referiu ainda que a Sonangol colocou no mercado de Cabinda, o ano passado, cerca de 309 mil toneladas métricas de produtos refinados, nomeadamente hidrocarbonetos líquidos.
Em sete dias foram vendidos 120 mil toneladas métricas, enquanto 130 mil toneladas métricas foram reflectidas maioritariamente durante o quarto trimestre, período de maior consumo. Para este exercício, a Sonangol contou com uma redistribuição de cerca de 41 postos de abastecimento dos quais 17 postos operados pela empresa. Para obter maior capacidade de armazenagem e de distribuição, o interluctor anunciou a construção de mais dois reservatórios de cerca de 12 mil metros cúbicos cada um no quadro do processo de melhoria das condições técnicas operacionais no terminal oceânico de Cabinda.
Construção da nova sede
No que diz respeito aos projectos de âmbito social, além da Sonangol estar empenhada na realização das suas actividades com o máximo de redução de emissões carbónicas, Edson Pongolola anunciou a construção, em Cabinda, de uma nova sede para a empresa de modo a conferir melhores condições de trabalho e maior comodidade aos seus colaboradores. A nova sede será um edifício com 13 pisos, devidamente apetrechado, com capacidade para acomodar cerca de 135 funcionários.
As obras de construção iniciam no primeiro trimestre deste ano com a duração de 24 meses. Além disso, adiantou, a Sonangol tem também em carteira a construção da escola técnica profissional em Cabinda com o início das obras marcadas para o primeiro trimestre deste ano com um prazo de execução não superior a 18 meses. A escola técnica profissional da Sonangol terá capacidade para formar quadros que irão beneficiar não somente o sector extractivo ou petrolífero, como também a sociedade no geral.
“A construção desses empreendimentos vão trazer à província de Cabinda uma maior disponibilidade de infra-estruturas que deverão ser suficientes para promover uma condição de trabalho cada vez melhor”, sublinhou Edson Pongolola, tendo garantido estarem ultrapassados os impedimentos administrativos que estavam na base do atraso para o arranque das obras. “Estamos em condições de começar as obras de construção das duas infra-estruturas.”
POR: Alberto Coelho, em Cabinda