A economia real angolana registou, em 2022, crescimento à volta de 4,22%, com uma taxa média anual de 4,70%, segundo dados avançados ontem, em Luanda, pela directora-geral adjunta do Instituto Nacional de Estatística (INE), Anália da Silva.
Ao falar na conferência de imprensa sobre a divulgação da “Nova série do Produto Interno Bruto (PIB), resultante da Actualização Metodológica do Sistema de Contas Nacionais”, a gestora sublinhou que, em termos reais, o PIB teve um crescimento médio de 19,84%, entre 2015 e 2022.
Explicou que o PIB a preços correntes fixou-se nos 15,81 biliões de kwanzas, em 2015, e 65,60 biliões de kwanzas, em 2022, registando um aumento médio anual de 22,77%.
O PIB na base de 2015, que mede a criação de riqueza no “território económico”, aumentou 1.86 biliões de kwanzas, ou seja, uma revisão em alta de 13,31%, relativamente ao da base 2002. Conforme a directora, esta melhoria explica-se pelas alterações ocorridas nos diferentes ramos de actividade.
Frisou que o sector da agricultura, produção animal, caça e florestas registou a maior revisão em alta de 138,1%, com impacto de 7,90% do PIB de 2015.
A melhoria no valor acrescentado, disse, deve-se, principalmente, ao aumento da cobertura das fontes de informação, tais como o Inquérito ao Emprego e o Inquérito às Despesas e Receitas dos orçamentos familiares (IDR) 2018/2019.
Segundo Anália da Silva, o sector de extracção de petróleo e gás assinalou uma revisão em baixa de 16,9%, com impacto negativo de 3,72% no PIB de 2015.
Sublinhou que tal facto justifica-se pela reclassificação feita em algumas empresas que antes estavam agregadas como serviços petrolíferos e passaram para outras actividades, fruto das disponibilidades de informações desagregadas.
Segundo os dados apresentados, o sector da administração pública variou positivamente em 12,3%, contra os 12,2% anteriores, pelo facto de ter sido incorporado no cálculo do valor da produção desta área o valor estimado do consumo de capital fixo.
Contas Nacionais
Por seu turno, o chefe de Departamento de Contas Nacionais e Coordenação Estatística (DCNCE), Henrique Nsingui, fez saber que o documento visa apresentar o ponto de situação sobre o processo de actualização metodológica do Sistema de Contas Nacionais (SCN), que compreende a migração do SCN 1993 para o SCN 2008 e a alteração do ano de base (2002) das Contas Nacionais.
Acrescentou que as mesmas visam, em termos globais, calcular de forma mais rigorosa a contribuição dos sectores da economia e melhorar o valor global do PIB, permitindo ao Governo obter uma visão mais clara dos resultados económicos.
A migração do Sistema de Contas Nacionais de 1993 para o de 2008 faz parte de um dos pressupostos de integração das estatísticas no concerto das nações, para efeito de comparação, enquanto recomendação emanada dos diferentes grupos de que Angola faz parte, como a SADC, União Africana (UA), Nações Unidas (ONU), Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI).
Referiu que a maioria dos países utiliza actualmente o sistema mais recente do FMI para as Contas Nacionais, actualizado em 2008, e um ano de referência muito mais recente para cálculo, em termos reais, do PIB. Entretanto, Angola continua a utilizar a versão de 1993 do SCN e o ano de referência de 2002, pelo que se recomenda a migração do Sistema de Contas Nacionais para o de 2008.