O presidente da Associação Nacional dos Produtores de Sal de Angola avançou, em exclusivo ao OPAÍS, que novos investidores nacionais e estrangeiros estão dispostos a ingressar no negócio do sal. Angolanos e chineses são os mais interessados
Texto de: Miguel Kitari
Com uma costa marítima de mais de mil quilómetros, o país possui vários espaços para produzir sal, com realce para a província do Namibe, onde podem surgir novos investimentos nos próximos tempos. De acordo com Odílio Silva, presidente da Associação dos Produtores de Sal de Angola, “muitos investidores têm solicitado espaços para implantar salinas, sendo que alguns projectos já foram aprovados”, avançou, acrescentando que os terrenos foram cedidos na região do Bentiaba (Norte de província) e no Tômbwa, mais a Sul.
Odílio Silva explica que cidadãos angolanos e chineses são os que mais demonstram interesse em entrar no negócio do sal. “Na sua maioria são nacionais”, enfatizou. Realça que com mais investimentos serão criados novos postos de emprego. Referiu ainda que algumas salinas que estavam paralisadas começaram já a ser reactivadas, garantindo assim o aumento da produção de sal em todo o país.
Em relação à cadeia produtiva, que ainda não funciona como o desejável, Odílio Silva entende ser uma boa oportunidade para novos investimentos, sobretudo no subsector da produção de embalagens.
“Enquanto salineiros, não precisamos de uma fábrica de sacos. Precisa-se é de outros empresários para se completar a cadeia produtiva no sector das pescas”, apontou.
Importação de sal em queda livre Por outro lado, revela que até final de 2017 o país recebeu grandes quantidades de sal importado, numa altura em que a produção nacional satisfaz as necessidades do mercado.
A produção consolidada em 2017 foi de 101 mil toneladas de sal em todo o país, e a previsão aponta para 130 mil, em 2018. “Terminou agora o primeiro trimestre e vamos fazer um balanço daquilo que foi o volume de importação.
Todavia, é importante dizer que houve, nos últimos tempos, uma maior preferência pelo sal nacional por parte dos grandes importadores”, reconheceu. Como exemplo, Odílio Silva citou as grandes superfícies comerciais, grossistas e retalhistas que já passaram a adquirir o produto local, o que demonstra uma tendência na redução das importações.
Acrescentou que o Ministério das Pescas tem trabalhado em parceria com o Ministério do Comércio na perspectiva de uma maior valorização do sal produzido em Angola. “No âmbito desta aproximação, os grandes compradores devem primeiro contactar os produtores para conhecerem a sua capacidade de resposta às suas necsssidades.
E, caso não haja capacidade, aí são autorizadas as importações”, elucida o responsável associativo. Segundo Odílio Silva, a falta de divisas joga um papel “positivo” para os produtores de sal, pois está a contribuir para a queda das importações e a elevar as vendas.
Em relação ao encerramento das salinas do Lobito, província de Benguela, referiu tratar-se de uma medida acertada, porque não reuniam condições de higiene para continuarem em funcionamento, em harmonia com as normas do sector.