De acordo com os da- dos da EMIS, o aumento foi impulsionado principalmente pelo volume elevado de transferências e pela crescente adopção de métodos instantâneos de pagamento.
O relatório financeiro da EMIS de desempenho aponta que o total de 3.146.139 transferências a crédito compensadas atingiu um valor de 1,6 mil milhões de kwanzas, reflectindo um crescimento de 2,3% em relação a Outubro de 2024 e de 12,2% em comparação com Novembro do ano anterior.
As transferências instantâneas destacaram-se no mês, com 664.100 operações processadas, movimentando um total de 16,4 milhões de kwanzas. Este volume reflecte a crescente preferência por métodos de pagamento rápidos e eficientes, registando um aumento mensal de 40,8% e mais de 999% em relação a Novembro de 2023.
Cheques continuam em queda
O uso de cheques manteve a tendência de retracção. Em Novembro, foram compensados apenas 320 cheques interbancários, totalizando 1,56 mil milhões de kwanzas, e arquivados 6.256 cheques intrabancários no sistema ACI.
O volume total de cheques em circulação no SCC diminuiu 17,5% em relação ao mês anterior e apresentou uma redução significativa de 83,0% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Transferências instantâneas exigem maior segurança digital
O economista Eduardo Manuel destacou que o aumento significativo do volume e valor das transferências instantâneas registado em Novembro trouxe um impacto positivo para a liquidez e eficiência do sistema financeiro angolano.
“Este crescimento reflete a maior necessidade dos agentes económicos de realizarem transações bancárias no dia-a-dia, motivados principalmente pela segurança que esse método oferece”, explicou. Segundo o especialista, essa tendência não apenas impulsiona as receitas das instituições financeiras, através das comissões cobradas, como também contribui para o aumento dos depósitos à ordem e a prazo.
Além disso, as transacções digitais geram benefícios para o Estado, através do aumento na arrecadação de IVA. Eduardo Manuel também salientou a redução no uso de cheques, que atribui à mudança de hábitos dos consumidores e às regulamentações bancárias.
“Os consumidores têm optado por alternativas mais práticas e económicas, evitando custos associados à emissão e utilização de cheques, que frequentemente acarretam comissões elevadas”, afirmou.
O economista alertou, no entanto, para os desafios que acompanham esse crescimento. “Garantir a segurança e a continuidade do aumento das transacções digitais exige investimentos contínuos em cibersegurança e na formação do pessoal, especialmente nas áreas de atendimento ao cliente e manutenção”, ressaltou.
Explicou que esses esforços são cruciais para prevenir ataques cibernéticos e o uso indevido de dados, além de garantir operações fluidas. “Esses desafios são ainda mais relevantes em um mercado globalizado, onde a competitividade e a atracção de investidores estrangeiros dependem da qualidade dos serviços prestados pelo sistema financeiro angolano”, concluiu.
POR:Francisca Parente