O ministro lembra que, no passado, em cada aldeia havia uma vala de drenagem para o fomento agrícola, mas que, hoje, não existem, porque, em muitos casos, foram destruídas. Há muito que Isaac dos Anjos se manifesta contra a existência de betão em zonas agrícolas.
Quando questionado, em Benguela, sobre que opinião tinha em relação à construção de um Porto Seco na Catumbela, que vai exigir a destruição de 100 hectares de terras cultiváveis, em poucas palavras, afirmou que “vocês já sabem a minha opinião sobre isso.
Tens de perguntar ao senhor governador”, respondeu a este jornal, à margem da sétima conferência da Revista Economia e Mercado. Um dia depois de ter sido questionado, Isaac dos Anjos presidiu, em Benguela, à reunião do conselho de direcção do seu ministério, na qual defendeu a necessidade de se alterar o modelo de exploração agrícola que leve os agricultores a sair da subsistência para o mercado.
O governante considera imperioso que se defendam os «seus direitos (dos agricultores) à plena cidadania», em que a par- te económica é inclusiva. Em virtude disso, o ministro da Agricultura e Florestas sugere estudo das recomendações da União Africana relativamente aos trabalhos integrados sobre desenvolvimento da agricultura como uma possibilidade de se quebrar aquilo a que chama de «tripé do subdesenvolvimento», reconhecendo, pois, que o sector que dirige tem sido beneficiado com uma série de projectos e programas de financiamento, tendentes ao fomento à produção nacional e em grande escala.
“A agricultura é o mundo da diversidade. Diversidade climática, ecológica, da diversidade de espécies, de solos, de opções e a diversidade de opiniões”, observa, ao acrescentar que não se lhe parece, assim sendo, recomendável que os novos players “pensem que são de quem se espera apenas e que, por tal, se sentem no direito de substituírem os organismos institucionalmente criados para regularem os interesses comuns com as suas regras de arbitrariedade”, adverte Dos Anjos.
De acordo com o titular da Agricultura e Florestas, em Angola há espaços para todos e não há, nesse sector, “yes, man. E até o mais pequenino agricultor e pecuarista é patrão, que merece o nosso respeito total. Não precisa de estar bem vestido para ser atendido por um dos técnicos”, avisa. Dos Anjos acrescentar, sempre na perspectiva de evitar marginalização dos protagonistas do campo, que não é o cheiro da pessoa que determina o que ele é ou não capaz de fazer.
Ele adverte, neste particular, que o Estado não se vai substituir aos produtores, mas avisa aos técnicos do sector que não venham a pedir libertação “quando para aqui vieram livremente, sem obrigação, com opinião de cada um. E a opinião de cada um – melhor dito – não suplanta a das instituições”, alertando que essas têm também a obrigação da defesa do consumidor final. “A isso chama-se compromisso.
E esse é o compromisso que nós trazemos para este primeiro conselho de direcção. Aquele que não estiver em condições vamos ajudá-lo a ultrapassar a dificuldade. Ninguém pode ficar para trás. Isso consta do discurso de Sua Excelência o Presidente na tomada de posse”, sinaliza. O governante é de opinião que se olhe para as causas do insucesso da colonização agrícola, evitando que se marginalize a maioria dos protagonistas.
POR:Constantino Eduardo, em Benguela