Em entrevista ao OPAÍS, o presidente do Sindicato Nacional dos Empregados Bancários (SNEBA), Filipe Makengo, disse que não há um mês sem despedimentos e processos disciplinares no sector bancário. De 2020 a 2024, segundo o sindicalista, terão sido encerradas mais de 500 agências bancárias com dificuldades de captação de depósito, concessão de créditos e com as reservas obrigatórias do banco central. Sublinhou que dados da Administração do Banco Económico aponta para uma ‘situação preocupante’ da instituição
Como descreve o percurso do Sindicato?
O Sindicato existe há 28 anos e tinha, inicialmente, como denominação Sindicato Nacional dos Empregados Bancários da Província de Angola. A mudança resulta da proclamação da independência em que todos os sindicatos foram absorvidos pela União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA), que era a única central sindical.
Com a alteração do sistema político partidário, o movimento do sindicato se reestruturou com a abertura de mais sindicatos, sendo que SNEBA surgiu depois do Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF), que foi o primeiro a ser criado de raiz após a independência.
No dia 31 de Maio de 1996, houve uma reestruturação no SNEBA, que passou a estar inserido no sector financeiro e bancário, com o objectivo de de- fender o interesse social e económico dos trabalhadores. O sindicato trabalha com escritórios de advogados para resolver os problemas dos associados.
Qual é a avaliação que faz da banca angolana?
A banca angolana conheceu um período de auge, sendo que antes da proclamação da independência operavam em Angola sete bancos em 1975, os sindicatos privados existentes foram extintos e o Estado confiscou dois bancos, o antigo Banco Comercial de Angola, que veio dar lugar ao Banco Popular de Angola por despacho n.º 70/76 de Novembro, e deu a denominação de Banco Nacional de Angola por despacho 109/76.
Ficou como suporte para o apoio da economia nacional. Nessa altura, o BPC tinha como papel a arrecadação de poupanças que estavam à disposição de particulares, pagamento de determinados serviços como o totobola, rendas de casa, e só em 1991, começou a ter acção como banco comercial.
Com a entrada de investidores privados em 1991, o país conheceu um ‘boom’ em termos de instituições bancárias, chegando a ter 32 bancos, incluindo escritórios de representação de bancos, como no Brasil e outros. Passado alguns anos, reduziu para 30 bancos, por imperativos regulamentares do banco central.
Alguns não cumpriram com as regras prudenciais e foram sendo eliminados do sistema, como foi o caso do Banco Postal, Banco Mais, Banco Kwanza e o Banco Prestígio.