A mediação de seguros gerou, no ano passado, prémios totais de 143,2 mil milhões de kwanzas, conforme o relatório de mercado divulgado, ontem, pela Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG)
Este desempenho foi marcado por uma predominância dos ramos ‘não vida’, que representaram 97,3% do total, correspondendo a 139,3 mil milhões de kwanzas.
Dentro dos ramos ‘não vida’, o segmento de acidentes e doença destacou-se, gerando 71,5 mil milhões de kwanzas, o que representa 51,3% dos prémios totais desta categoria.
Esta lide- rança reflecte a procura por seguros de saúde e acidentes, uma tendência que continua a ganhar força no mercado angolano. Segundo a ARSEG, as comissões recebidas pelos mediadores de seguros totalizaram 12,8 mil milhões de kwanzas, o que corresponde a cerca de 9% do total de prémios gerados.
Desse montante, o ‘ramo vida’ contribuiu com apenas 1 milhão de kwanzas, representando 7,8% do total das comissões. Por outro lado, os ramos ‘não vida’, geraram 11,8 mil milhões de kwanzas em comissões, o que representa 92,2% do total, com destaque para o ramo de acidentes e doença, que respondeu por 5,5 mil milhões de kwanzas, equivalente a 43% das comissões dos ramos ‘não vida’.
A ARSEG sublinha que no período em referência, foram regista- dos 458 novos profissionais, o que representa um crescimento de 34% em relação ao ano anterior, elevando o número total de mediadores singulares para 1.810.
Participação feminina
A participação feminina no sector também apresentou um crescimento positivo, passando de 31%, em 2022, para 33%, em 2023, um sinal de maior diversidade e inclusão no mercado.
Além disso, o ramo das empresas colectivas de mediação de seguros registou um aumento com a entrada de seis novas empresas no mercado, fortalecendo ainda mais o sector.
Os mediadores, tanto singulares como colectivos, operam nos ramos ‘vida’ e ‘não vida’, mostrando a abrangência dos serviços de mediação no país.
Apesar da predominância dos mediadores nacionais, o relatório apontou uma presença crescente de profissionais internacionais, provenientes de países como Benin, Cuba, Brasil e Portugal, sugerindo uma ligeira tendência de internacionalização no mercado segurador angolano.
Outros ramos, como ‘incêndio e danos’, foram responsáveis por 18% das comissões, enquanto o ramo automóvel gerou 16,9%. Esses números reflectem a distribuição proporcional das comissões de acordo com a produção de prémios, destacando a importância relativa de cada ramo no contexto da mediação de seguros.
Custos com sinistros
O mercado segurador também registou um aumento nos custos com sinistros, que totalizaram 161,9 mil milhões de kwanzas, o que representa um crescimento de 59% face ao ano anterior.
O ramo “não vida” foi, também, o principal responsável por esse aumento, concentrando 160,3 mil milhões de kwanzas dos custos (+61% em relação a 2022), enquanto o ramo vida registou uma queda nos custos com sinistros, somando apenas 1,6 mil milhões de kwanzas (-26%).
Dentro do ramo não vida, os ramos doenças, petroquímica e automóvel foram os que mais contribuíram para o aumento dos custos com sinistros, representando 49%, 18% e 13% dos cus- tos totais, respectivamente.
As seguradoras pagaram um total de 98,9 mil milhões de kwanzas em sinistros, sendo o ramo não vida responsável por 98% desses pagamentos.
Este aumento nos montantes pagos, especialmente nos ramos de acidentes, doenças e automóvel coloca pressão sobre a liquidez das seguradoras e realça a necessidade de uma gestão de risco eficaz para garantir a sustentabilidade financeira do sector.
A concentração de pagamentos em poucos ramos também aponta para uma vulnerabilidade potencial do mercado segurador a eventos adversos. O ramo de doenças, por exemplo, representou 75% dos pagamentos de sinistros, enquanto os ramos acidentes e automóveis representaram 6% e 15%, respectivamente.
A taxa média de sinistralidade foi de 43%, interrompendo uma tendência de queda observada nos últimos anos. No ramo vida, a taxa de sinistralidade caiu de 9% para 3%, enquanto nos ramos Não Vida houve um aumento significativo de 33% para 49%.
O ramo de doenças, em particular, apresentou uma elevada taxa de sinistralidade de 65%, um aumento de dois pontos percentuais em relação ao ano anterior. Outros ramos, como incêndio e elementos da natureza, registaram uma taxa de sinistralidade excepcionalmente alta de 179%, seguidos do ramo automóvel com 58% e petroquímica com 47%.
Um ponto de destaque é a significativa redução da sinistralidade no ramo vida, que passou de 21% em 2019 para apenas 3% em 2023. Esta queda é atribuída ao aumento dos prémios em produtos de seguros associados ao crédito ao consumo, que tradicionalmente apresentam baixas taxas de sinistralidade.
POR:Francisca Parente