João Lourenço lançou a campanha com a colheita simbólica de algumas espigas, tendo subido ao tractor para, na direcção do automóvel, percorrer alguns hectares a colher o trigo, o famoso ‘ouro’ do momento.
No local, o Presidente da República recebeu explicações do empresário Alfeu Vinevala sobre os desafios enfrentados e as projecções em carteira, tendo como fim último ‘inundar’ o mercado com o cereal, isso também para evitar que o país gaste um bilião de dólares na importação de trigo, conforme dados obtidos por este jornal.
Ao PR se lhe informou sobre a história de superação e resistência da família Vinevala, com o empresário Alfeu na liderança. Lote Chicomba, membro da família, deu a conhecer que Vinevala se lançou ao campo em 1980, à época, impulsionado pela sua mãe, Florinda Namoma, tendo começado com cultivo de repolho.
Em 2003, a mãe impulsiona-o a produzir batata-rena, de quem recebe um cesto de semente para o fomento.
“A benevolência da nossa mãe fez com que, de um cesto de sementes, chegássemos a milhares de cestos, estando, pouco depois, entre os maiores produtores de bata-rena na região”, vincou Lote, ao sinalizar que, a partir de 2004, surge a Fazenda Vinevala, que começa a fornecer sementes melhoradas produzidas localmente aos projectos, monitorados pela organização internacional Visão Mundial e a FAO.
“Assim encorajamos Vossa Ex- celência a continuar a apostar na produção nacional e deste cereal em particular. Pode contar connosco nesta empreitada, a fim de que Angola um dia atinja níveis de auto-suficiência alimentar”, disse Lote Chicomba.
As soluções adaptadas às condições reais do produtor local, com máquinas simples e de fácil manejo parecem, na visão da agricultora, um caminho a explorar, tendo reforçado que a Fazenda Vinevala possui, no Bié, três áreas de produção, sendo duas no Chinguar e uma no Andulo, que totaliza mais de 10 mil hectares, 5 mil 80 dos quais cobertos inteiramente de trigo.
Porém, a produção de trigo propriamente dita remonta de 2015, com apenas um hectare de área cultivada. Passados 9 anos, o empresário conseguiu 5 mil 80 hectares e conta, igualmente, com o suporte de 300 produtores individuais.
Alfeu Vinevala quer mais, justificando que, actualmente, o Bié já não dispõe de terras para aquilo que são as suas ambições e o que tem em carteira.
Vinevala já pensa na auto-suficiência
Neste sentido, o empresário, que neste momento é tão-somente um dos maiores, senão o maior em- pregador da província, com mais de 3 mil funcionários, lamenta o facto de haver pessoas pelo país, com enormes quantidades de terras sem as explorar, quando produtores como ele precisam de estender o raio de produção.
O produtor bieno ainda não se sente satisfeito com as mais de 15 mil toneladas de trigo que, até Setembro, vai ter à disposição para abastecer o mercado nacional.
Parte do que ele produz vai ser transformado na fábrica de produção de farinha, um empreendimento industrial que o Presidente da República visitou ontem, quinta-feira, 11, também no Chinguar, tendo o Chefe de Estado encorajado o empresário a continuar a trilhar o caminho da produção.
A fábrica tem capacidade para processar 60 toneladas e o empresário projecta, para os próximos tempos, a instalação de uma outra indústria para a produção de massa alimentar.
Saliente-se que a primeira vez que João Lourenço se referiu a Vinevala como um grande produtor foi em 2022, no Huambo, em um discurso de campanha eleitoral.
Na altura, o então candidato à PR disse que teria muito gosto em visitar a fazenda, pois o produtor era a prova inequívoca de que se estava no caminho certo no que à produção de cereal dizia respeito, contrariando, deste modo, posições de críticos, que apontavam para a inação do país na produção de alimento.
O governador provincial do Bié, Pereira Alfredo, admitiu apoio à produção a empresários do agronegócio, como Alfeu Vinevala, tendo congratulado com o facto de a região do Chinguar estar a assumir o estatuto de capital do trigo.
Já o ministro da Agricultura e Florestas, António Francisco de Assis, sinaliza que o processo de produção de trigo no país é irreversível, “é mesmo para continuar e famílias apoiar”, por via do FADA, que estão bastante satisfeitas com os resultados alcançados.
O ministro sustenta que elas tinham um ano de carência, mas, para o espanto do Governo, em pouco tempo, já se acharam capazes para o desembolso do financiamento. Para além de trigo, a fazenda possui dois mil hectares de feijão, 600 para milho e 200 para culturas diversas, segundo revela Lote Chicomba