O investimento estrangeiro em Angola desceu 69,7 mil milhões de dólares no primeiro semestre de 2023 devido, essencialmente, à rubrica de empréstimos, que têm fluxos de menos 4,5 mil milhões e valorizações de 2,7 mil milhões, apresentando uma redução muito próxima dos 2 mil milhões
De acordo com o relatório do Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola (CIN- VESTEC) do primeiro semestre de 2023, este decréscimo do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), representa 3% por ter saído de 71,7 para 69,7 mil milhões de dólares, isto é a redução de 2 mil milhões de dólares.
O documento aponta que a redução significativa dos fluxos negativos do IDE de 6.599 milhões para 552 milhões (-92%) devido à redução das saídas de investimento estrangeiro petrolífero de cerca de 7 milhões para 4.633 milhões (-32%) e a subida dos investimentos petrolífero de 3.336 para 3.963 milhões que já é um número relativamente positivo (+19%). Entretanto, de acordo com o relatório, o IDE não-petrolífero semestral foi de apenas 117,5 milhões de dólares, o que para os economistas do CINVESTEC torna-se urgente alterar significativamente o ambiente de negócios para captar poupanças quer externas quer internas.
Já o rácio de conversão dos depósitos em empréstimos por crédito concedido pela banca anda à volta dos 50%, apresentando uma evolução por patamares, situando- se, até ao terceiro trimestre de 2022, no patamar de 60%, descendo para 55%, no quarto trimestre de 2022 e no primeiro trimestre de 2023, e novamente para 50%, no segundo trimestre, tendência que parece consolidar-se tendo em conta o mês de Julho. Os especialistas sublinham que o crédito total subiu por dois motivos, sendo o primeiro pelo efeito cambial, e o segundo pelo aumento exponencial do crédito bancário ao Estado em Junho, devido à crise de tesouraria nas contas públicas.
Desde o primeiro trimestre de 2022 até ao segundo trimestre de 2023, o crédito real à produção totalizou cerca de 456 mil milhões de kwanzas, enquanto o crédito às famílias rondou os 429 mil milhões de kwanzas. “É um crescimento mui- to reduzido do crédito num período de seis trimestres”, sublinharam os especialistas.
Despesa por função
A despesa com a educação reduziu 13%, e no entender dos economistas do CINVESTEC, essa despesa deveria aumentar 29%, passando de 10,5 para 14,5% da despesa total. A despesa com o sector da saúde também decresce 12%, sublinharam também que deveria crescer 38% de forma a atingir pelo menos 13,0% da despesa total.
Os especialistas aclararam que situam as suas recomendações para a despesa com a educação e saúde abaixo dos compromissos internacionais, pois, o maior problema é que os elevados níveis de pobreza impedem muitas famílias de qualquer gasto com livros, cadernos, lápis ou medicamentos destinando todo o orçamento familiar para uma alimentação deficiente. A inclusão na educação e saúde destas pessoas, continuaram, exige, primeiro, que se solucionem os aspectos mais básicos do problema social para, depois, ir substituindo o apoio social directo pela educação e saúde.
POR: Francisca Parente