Negócios na Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) são essencialmente de Títulos públicos, numa altura em que o montante custodiado cresceu mais de 50% até Dezembro de 2023
As transacções de obrigações e dívida corporativa, representam 5% do total negociado na BODIVA no período de 2022 até Dezembro do ano em curso, como deram a conhecer ao OPAÍS, Raúl Diniz e Nivaldo Matias, quadros daquela instituição. Por outro lado, as acções corporativas representam 0,2% do total de 6,9 biliões de kwanzas negociados na BODIVA, no período em questão.
O resto, conforme os dados, são referentes a negócios relacionados a títulos de dívida pública, nomeadamente os bilhetes e obrigação do tesouro, com maior destaque para as não indexadas, que são mesmo as mais negociadas. Dos mais de 4.600 negócios realizados no período em questão, 94,8% foram transações ligadas a títulos do tesouro.
Os números mostram que a nossa bolsa é quase que só transacções de títulos de dívida pública, ou seja, tirando excepções, só o Estado se financia na BODIVA. Chama atenção o facto de os investidores preferirem os títulos do Estado, seja por segurança ou por falta de cultura. Raúl Diniz, do departamento de negociação, explicou que é uma realidade que não é desejável, mas é comum em mercados como o nosso.
“Questões como a segurança, já que o Estado é dos emitentes mais credíveis e portanto, seguros que existe, associado à fraca literacia financeira e até à pouca cultura de comprar e vender, levam a isso”, explicou. O responsável foi mais longe, e no intuito de explicar o cenário do mercado bolsista nacional, explicou ao OPAÍS que no campo das iniciativas privadas, as coisas correm na perfeição no mercado primário, mas depois no mercado secundário não há tanta movimentação, nem de com- pra nem de venda.
Mas nem tudo são coisas más já que, apesar de todos os entraves, continuamos a ter um mercado com larga margem de crescimento. A título de exemplo temos o montante custodiado que se posicionou nos 8,4 biliões de kwanzas em Dezembro do ano em curso, registando um crescimento de mais de 50% no com- parativo com o período anterior. Em sentido inverso, as contas custódia, aquelas que funcionam como as contas bancárias mas servem para investimento em bolsa, caíram 53%, ficando em pouco mais de 30 mil contas.
Sublinha-se que a redução surge da “limpeza” feita pela própria BODIVA, que resultou na eliminação de contas inactivas e/ou duplicadas. Um movimento que conforme esclarecido, ajuda inclusive a que se reduzam os custos para o investidor, já que as contas custódia têm custo associado.
Bolsa de mercadorias à vista
A Bolsa de Dívida e Valores de Angola está a preparar a abertura da Bolsa de Mercadorias, estando numa fase de estudo para a sua implementação. O empenho é tal que, no decorrer do ano em curso, quadros da BODIVA deslocaram-se a Etiópia, no sentido de ver “in loco” como funciona na prática uma bolsa do género.
Conforme Nivaldo Matias, a implementação da bolsa de mercadorias visa trazer maior liquidez ao sector produtivo, podendo estruturar-se como uma boa alternativa de investimento para qualquer player. Este avanço vai também ajudar a que BODIVA se posicione mais próximo do objectivo de contribuir para a efectiva diversificação da economia, um objectivo que, como disse Nivaldo Matias, está na génese da criação da BODIVA.
POR: Ladislau Francisco