Namibe, Huíla e Benguela são as províncias contempladas com fábricas de processamento de tomate que, infelizmente, se encontram inoperantes, o que tem contribuído para o desperdício e escassez do produto em diferentes estações do ano. Neste momento, os produtores queixam- se da perda do investimento, pois, com o excesso do produto, a caixa de 30 kg está a ser comercializada a preços que variam de 800 a mil kwanzas
Namibe é uma das províncias cuja fábrica de concentrado de tomate encontra- se inoperante. A unidade fabril, a cargo do grupo empresarial SANEP, que adquiriu no âmbito do Programa de Privatizações (PROPRIV), carece de equipamentos para dar início às operações, segundo informações avançadas ao OPAÍS pelo director provincial da Agricultura, Zonza Puissa.
A produção experimental da fábrica, por exemplo, estava previsto para o mês de Outubro e o arranque em Dezembro do corrente ano, mas dada a pouca evolução das obras, Zonza Puissa receia que venha a acontecer. “A fábrica estava prevista para começar a funcionar no mês de Dezembro.
No entanto, não temos visto grandes evoluções na obra para dar início à actividade”, detalhou. Com capacidade para 45 toneladas, o empreendimento está projectado para ter uma produção de três toneladas por hora, num investimento que ronda os 600 milhões de kwanzas.
Zonza Puissa referiu que fábrica de concentrado de tomate carece de alguns equipamentos para a produção de polpa de tomate, sendo que, numa primeira fase, estava previsto empregar 50 funcionários.
Localizada nos arredores do município de Moçâmedes, a unidade fabril dispõe de uma capacidade para produzir 10 mil toneladas de polpa de tomate, câmaras frigorificas para a conservação do produto e uma área residencial para os funcionários.
O responsável realçou que o arranque da fábrica vai estimular a produção de tomate, sublinhando que a principal dificuldade que os produtores encontram prende- se com a falta de uma unidade logística que possa absorver as quantidades de produtos, dado o potencial da província, que situa-se entre as principais produtoras de tomate do país.
“Se não tivermos uma unidade a funcionar na sua plenitude teremos constrangimentos, porque com o nível de produção da província do Namibe há sempre excedente de produção de tomate.
Neste momento, a caixa de tomate de 30 quilos está a custar 800 kwanzas”, explicou Zonza Puissa. Acrescentou que o Namibe está com dificuldades de escoar o tomate e abre portas para as parcerias, a fim de motivar a participação no sector agrícola a produzir no limite das capacidades para fornecer matéria-prima à fábrica de modo a produzir a tempo integral.
Com a fábrica de concentrado de tomate da Matala, província da Huíla, a realidade não é diferente. O empreendimento estava previsto para entrar em funcionamento há 13 anos, o que até hoje não aconteceu.
Fonte contactada por OPAÍS, que solicitou anonimato, revelou que o empreendimento aguarda por investidores com capacidade técnica e financeira para poder explorar a unidade fabril.
“Precisa-se de uma linha de montagem de embalagens e outros equipamentos para a fábrica arrancar e absorver o excedente de produção de tomate que anualmente temos registado”, disse a fonte.
A conclusão da reactivação não aconteceu como se previa, em 2009, por causa de uma descarga atmosférica provocada pela chuva que queimou uma peça fundamental no equipamento.
Em 2009, foi anunciada pelo antigo presidente do conselho de administração da entidade gestora, Luis Salvaterra, o arranque da fábrica que não chegou a acontecer, por alegada falta de equipamentos.
A peça não chegou a ser montada, como anunciou, na altura, o antigo presidente do conselho de administração da entidade gestora, Luis Salvaterra, daí o empreiteiro contratado, de origem portuguesa, “ter abandonado o país” para cuidar de outro projecto em Moçambique.O empreendimento tem uma capacidade de processar anualmente cerca de 12,5 mil toneladas de tomate fresco.
Fábrica do Dombe Grande sem data para inauguração
A fábrica de concentrado de tomate da comuna do Dombe Grande, na província de Benguela, com capacidade de processamento de 150 toneladas/dia, estava prevista para arrancar em Março de 2024, o que não aconteceu.
Essa unidade fabril, que tem em vista a transformação de tomate em massa ou polpa, integra o Complexo Agro-Industrial do Dombe Grande, município da Baía Farta, tal como um entreposto frigorífico e uma fábrica de latas para serem usadas como embalagens.
Sob tutela do Ministério da Agricultura e Florestas, a gestão do Complexo Agro- Industrial do Dombe Grande será assumida pelo Grupo privado Adérito Areias, com sede na província de Benguela.
A fábrica de massa tomate e de lata viu parte considerável do seu equipamento vandalizado e, neste momento, a empresa que ficou com a fábrica, mediante expediente de concurso público, procedeu ao levantamentos exaustivo de parte de danos ocorridos.
Juntamente com especialistas espanhóis está a trabalhar para a reposição e consequente funcionamento, mas, por ora, não se sabe, objectivamente, quando acontecerá o seu arranque efectivo. Este jornal tentou, sem sucesso, contactar o empresário Adérito Areias para esclarecimentos adicionais.
Informações colhidas por este jornal apontam que, para a sua construção, o Governo de Benguela investiu 5 milhões de dólares. Para ficar com a fábrica, o Grupo Empresarial Aderito Areias desembolsou, no âmbito do PROPIV, 311 milhões de kwanzas.