Desde que foi elevada de município à província, o Icolo e Bengo acelerou o seu movimento, e a sua carteira de investimento tem registado crescimento diversificado, impulsionado pelo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto que, brevemente, vai abrir as portas para transportação de passageiros.
Governantes, população e os investidores preparam-se para essa nova fase, e todos acreditam que o acontecimento trará novas oportunidades de negócio, emprego, e mais investimento para o desenvolvimento inteiro da comunidade.
O administrador para a área técnica do Icolo e Bengo, Evaristo da Cruz, em representação da administradora principal, Isabel Kinquema, disse, durante a nossa reportagem, que as solicitações para a colocação de novos investimentos atingiram o “pico ‘’.
“Vários investidores estão aqui, estão à procura de parcerias. Só para lhe revelar que a carteira de investimento está muito cheia, muito elevada.
Tantos empresários solicitaram e muitos continuam a solicitar”, afirmou. Evaristo da Cruz disse que espaço há sempre, mas que é preciso perceber que a terra não estica, mas os problemas aumentam, daí que o governo local tem-se desdobrado em resolver os problemas de terras para que as pessoas produzam.
O responsável antevê, com o início das operações de passageiros no Novo Aeroporto, um ambiente económico melhor para o Icolo Bengo, explicando que a infra-estrutura irá ligar o município com os diferentes destinos do mundo.
Acredita que muitas pessoas poderão ter a necessidade de explorar os maiores pontos turísticos que a localidade apresenta. Destaca que, para além dos serviços aeroportuários, o município e futura província beneficia de um caminho-de-ferro que interliga os diferentes pontos da província de Luanda, bem como as estradas nacionais 100 e 230, que dão acesso para as demais províncias de Angola.
As estatísticas, segundo o administrador Evaristo, apontam para um crescimento muito rápido da província. O dirigente manifesta o desejo de que o retorno das contribuições financeiras do município para a Conta Única do Tesouro seja em benefício das populações, por meio da construção de escolas, hospitais, empresas e criação de novos empregos, que constituem as principais necessidades.
A cidade está de portas abertas para novos investimentos, diz o governante, que avalia o Icolo e Bengo como sendo uma área de potencial para tudo, desde a exploração mineira, agricultura, rios e terras aráveis.
Turismo acelera preparação
Quanto ao turismo, o Icolo e Bengo parece estar preparado. Ao longo do percurso para os diferentes distritos e comunas, são visíveis certos lugares para visitar e viver um lazer. A administração fala de mais 30 resorts.
“Te- mos muitos pontos turísticos para visitar, existem mais de 30 resorts aqui no município e disponíveis para qualquer turista”. Em visita a um dos pontos turísticos, por exemplo, conhecemos o do resort Sousa e Filhos, um lugar que desperta a atenção de qualquer visitante, o espaço oferece motivos para um convívio familiar, composto por hospedaria, piscina, salão de evento e pistas de dança. O lugar é coberto de plantas e tantos enfeites para entreter e prender qualquer visitante.
O responsável, Sousa Costa, contacta- do por este jornal em meio a uma correria de encontros com empresários, afirmou que o seu negócio corre bem e é saudável. Sousa Costa avançou que tem estado a receber muitos clientes, sendo maior parte de Luanda. O empresário prepara-se para uma nova fase: o início das operações de passageiros do novo aeroporto.
Aparentemente satisfeito, Sousa revela que se encontra a melhorar os serviços, alargando o espaço e aumentando os serviços para acolher os futuros turistas que virão de diversas partes do país e do mundo.
“Hoje estamos com cerca de 25 quartos para hospedagem, mas temos a previsão de aumentar o número para 31, devido ao arranque do novo aeroporto, que vai movimentar o turismo. Estamos a preparar todas condições necessárias para receber os nossos visitantes, pois acredito que a procura dos serviços de hotelaria e turismo será grande”, reconheceu.
Apesar de se ter pronunciado positivamente, o empresário contou que, em alguns momentos, os serviços não têm rendido, tem havido dificuldades e momentos difíceis sem facturação, sendo que a solução tem vindo dos funcionários de algumas empresas nas proximidades. Espera que, com a movimentação de pessoas no novo aeroporto, a situação se inverta.
O agro-negócio do Icolo e Bengo
O município tem um grande potencial para se tornar um dos líderes no agro-negócio em Angola, devido aos seus solos férteis e ricos, bem como as condições naturais favoráveis, tanto para a criação de animais quanto para plantação de diversas culturas. É assim que definem os produtores locais.
Mas a falta de matérias-primas tem condicionado os trabalhos dos camponeses, tornando- se num “calcanhar de Aquiles”, segundo João Alexandre, director de produção de ovos da empresa Agroativa.
O empresário confessou não estar satisfeito com o nível de produção de ovos da sua empresa, que produz uma média de 30 ovos por dia. João Alexandre explica que o problema reside na falta de máquinas, referindo que no contexto actual não se pode mais viver de enxadas nem catanas.
“Estamos com uma produção aceitável, embora estando com dificuldades quanto à matéria-prima, que tem si- do um calcanhar de Aquiles, principalmente para a produção do milho e farinha de soja estratificada”
O avicultor defende que o Governo deve apostar mais na mecanização agrícola, porque poderá dar para este sector mais dinamismo, sendo que, no seu parecer, a agricultura moderna se faz cotractor, não com enxada, nem mais catanas.
“Se nós apostarmos na mecanização e o Governo apostar aos camponeses na preparação de terra, o município pode registar uma grande produção agrícola e cereais, bem como outros insumos que vão aumentar a produção de avícola”.
O presidente da cooperativa dos ex-militares da comuna do Mazozo, Arlindo Ulíce Sebastião Diogo, reconhece igualmente a evolução do município do Icolo e Bengo, admitindo que o movimento populacional mudou, mas deseja que haja mais atenção no apoio aos investidores locais.
Acredita que com o novo aeroporto se espera muitas mudanças, que poderão desenvolver a cidade. Prevê que haverá mais oportunidades económicas, como o aumento de venda dos produtos do campo, e garantia à sustentabilidade interna.
“O Icolo e Bengo está ser uma área de crescimento, uma área de hotelaria e turismo. Com o novo aeroporto, os visitantes vão ter que passar por aqui. Por exemplo, os distritos de Bela Vista, Catete e Tari estão com muita população nos últimos dias, por conta do desenvolvimento”.
Arlindo Sebastião disse que o Mazozo colhe, em média, três a quatro toneladas de arroz, e dispõe de mais hectares para o cultivo, porém, a falta de apoio no escoamento e produção impossibilita a dinamização do negócio.
Já na nova aldeia de Caxicane, levantou-se a voz do presidente da cooperativa agropecuária Dr. António Agostinho Neto, Diogo Baltazar, que não se mostra contente, alegadamente pela maneira como se encontra a região que viu nascer o primeiro Presidente de Angola. Alertou que a população de Caxicane cresceu, mas não há universidade, nem boas escolas para os jovens em constante crescimento.
A aldeia alberga um número de pessoas vindas de diferentes províncias do país, como Huambo, Bié, Cuanza-sul e Cuanza-Norte. Diogo Baltazar reclama que o desenvolvimento na aldeia de Caxicane não é como se esperava, apesar de ter reconhecido algumas mudanças na agricultura familiar.
O dirigente tenta colocar esperança no novo Aeroporto Internacional, para levar vida para o município.
Vias de acesso
As principais vias de acesso para o município de Icolo e Bengo, a Estrada Nacional 100 e 230, estão reabilitadas, a circulação de automobilista acontece de forma fluida, convidativa para uma possível visita.
Ao longo do percurso, é visível um conjunto de investimentos, empresas de diferentes serviços, apesar de a maioria estar virada para os produtos do agro-negócio. Há também terras livres, aráveis para o cultivo e novas construções.
POR:Adelino Kamongua