A depreciação da moeda nacional na sequência da introdução de novo regime cambial, não teve, surpreendentemente, impacto sobre os preços, com a inflação a descer novamente em Janeiro, situando-se agora em 22,72% em termos nacionais.
POR: Luís Faria
Ainda que registando uma variação mensal ligeiramente superior à verificada em Dezembro, a inflação nacional voltou a descer no primeiro mês do ano, situando-se agora em 22,72% em termos homólogos (ou seja, na comparação de Janeiro deste ano com o mesmo mês do anterior), o nível mais baixo desde Março de 2016. A variação homóloga registou, assinala o Instituto Nacional de Estatística (INE) na sua informação mensal sobre o andamento dos preços ontem divulgada INE, um decréscimo de 16,94 pontos percentuais com relação a observada em igual período do ano anterior.
O Índice de Preços no Consumidor Nacional registou uma variação de 1,47%, durante o período de Dezembro de 2017 a Janeiro de 2018. De Novembro para Dezembro de 2017 a variação mensal apurada fora de 1,2%. O ano de 2017 terminou com a inflação homóloga em 23,67%, menos 17,45 pontos percentuais do que o registo apurado no final de 2016. A inflação cumpriu uma rota sempre descendente no último ano, interrompida em Setembro e Outubro, mas retomada em Novembro.
Receava-se que a depreciação do kwanza, em Janeiro, com a introdução de uma nova banda cambial de variação da cotação da moeda nacional, ao encarecer as importações repercutisse já no primeiro mês do ano os seus efeitos sobre o nível de preços. Tal, pelos vistos e pelo menos para já não aconteceu, o que se fará em parte a dever ao peso que o aumento dos produtos nacionais vinha tendo sobre a evolução dos preços dos produtos que integram o cabaz que serve de base às contas do INE.
Ensino lidera aumentos Aliás, olhando para as contribuições relativas de 24 produtos que concentram mais de 50% da taxa global de variação do Índice de Preços no Consumidor Nacional em Janeiro, constata-se que as maiores são dadas por dois produtos nacionais: o ‘pagamento do ensino básico particular’ (cujo valor subiu 20,55%) e tem uma contribuição de 0,18 pontos percentuais no conjunto do cabaz), o ‘serviço de cabeleireiro para senhora’, cujo preço sobe 2,52% e tem uma contribuição de 0,005 pontos percentuais.
O ‘pagamento de ensino secundário particular’ apresenta uma variação de 10,16% e as ‘despesas de serviço matrimonial’ sobem 8,17%. De referir ainda que o produto cujo preço mais sobe é o classificado como ‘despesas por baptismo’, com uma variação de 26,51%. A classe ‘alimentação e bebidas não alcoólicas’ foi a que mais contribuiu para o aumento do nível geral de preços, com 0,50 pontos percentuais durante o mês de Janeiro, seguida das classes: ‘educação’, com 0,27 pontos percentuais, ‘bens e serviços diversos’, com 0,19 pontos percentuais, ‘mobiliário, equipamento doméstico e manutenção’ e ‘vestuário e calçado’, com 0,12 pontos percentuais cada. As restantes classes tiveram taxas inferiores a 0,12 pontos percentuais.
Inflação em Luanda em 25,15%
A inflação homóloga em Luanda, que serve de referência à política monetária, desceu em Janeiro para 25,15%, o que traduz uma descida de 1,11 pontos percentuais relativamente ao valor de Dezembro e um decréscimo de 15,24 pontos percentuais em relação à observada em igual período do ano anterior. A variação mensal registada (1,39%), supera a de Dezembro e Novembro, situando- se, no entanto, claramente abaixo da observada em Outubro (2,98%). Luanda seguiu a regra nacional quanto aos produtos que mais contribuíram para a subida dos preços, salientando-se novamente o ‘pagamento do ensino básico particular’, o ‘serviço de cabeleireiro para senhora’ e as ‘despesas por baptismo’ entre os 24 produtos seleccionados do cabaz com maior contribuição para a taxa de variação do índice de preços no consumidor na capital do país.
Na província de Luanda foi a classe ‘educação’ aquela que registou o maior aumento de preços com 14,95%, destacando-se também os aumentos dos preços verificados nas classes ‘bens e serviços diversos’, com 2,59%, ‘mobiliário, equipamento doméstico e manutenção’, com 1,60%, e ‘saúde’ e ‘vestuário e calçado’, com 1,42% cada. As províncias que registaram maior aumento foram a Lunda- Norte com 3,45%, Moxico com 2,44%, Zaire com 2,24% e Namibe com 1,88%. As províncias com menor variação foram Benguela com 1,29%, Huíla com 1,32%, Cuando Cubango com 1,33% e Luanda com 1,39%.