Governo deixa claro que petróleo não chega para suportar as demandas actuais da economia e que Coordenação Económica, Comércio e Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX) trabalham concertados para mudar quadro
O ministro da Indústria e Comércio, Rui Minguêns, disse na Quarta-feira, durante a 11ª edição do Café Cipra, que a indústria nacional está a produzir a 50%, muito abaixo da sua real capacidade. Rui Minguês mostrou-se preocupado com a situação, o que levará o sector que dirige a desenhar estratégias para mudar o quadro, já que numa altura como esta é importante ter os melhores níveis de produção, para abastecer o mercado nacional e exportar o excedente, de modo a real- mente diversificarmos as fontes de receitas.
Na ocasião, o ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, referiu que Angola está numa fase em que já não basta vender muito petróleo ou vender a um preço mais alto, já que o cenário actual exige mais. O cenário passou a exigir tanto que o petróleo já não responde. Esta realidade obriga a que o Executivo se mova e avance para soluções, buscando uma economia mais forte, resiliente e robusta como todos queremos.
É assim que se avançou para medidas como o PRODESI, tudo para dar vida à produção nacional, já que só assim se resolve realmente o problema. Mas apesar dos esforços, ainda temos muita dependência da importação, já que até mesmo as indústrias existentes no país dependem aqui e ali da importação de material e/ou matéria-prima que não encontram aqui.
É assim, apontaram os facilitadores da 11ª edição do CIPRA, que tem estado a se envidar esforços para abrir espaço à cadeia de produção. Um esforço que parte de uma estratégia e tem estado a ser materializado pela Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX). O presidente do Conselho de Administração da AIPEX, Lello Francisco disse que a instituição teve de se redireccionar para se tornar mais eficiente e trazer mais e maiores resultados.
A luz no fundo do túnel
A esperança para a melhoria da economia angolana vem do sector agrícola que como se ouviu da boca do chefe da pasta, Francisco de Assis, está a acontecer e, por- tanto, cada vez mais vibrante. A agricultura tem visto a crescer o seu orçamento nos últimos tempos, com 5% e mais recente- mente 6,6%. Francisco de Assis adiantou que a título de exemplo, 70% do tomate que consumimos vem do Namibe, facto que ganha contornos de relevância por se tratar de uma zona com uma vasta área desértica.
Outro bom exemplo, referiu o ministro, está relacionado com o facto de termos saído de um nível de produção de quase zero para um nível que ainda não é o ideal, mas já é aceitável. Prova disso, referiu o ministro da Agricultura, Francisco de Assis, é que quando olhamos para as zungueiras, percebemos que elas ao contrário da venda de produtos importados, vendem produtos nacionais, o que não acontecia há quatro anos.
Comprar nacional para impulsionar a indústria
O ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, falou também sobre a medida de obrigar as entidades públicas a comprarem produtos nacionais, que conforme apontou, surge no sentido de dar mais vida às indústrias nacionais, que estavam em situação de fim de linha por falta de mercado. Massano explicou que em contacto com as entidades industriais, percebeu-se que o problema não era matéria-prima, nem exactamente capacidade de produção, mas sim mercado, já que todos importavam quando deviam comprar o nacional. “Foi isso que levou à medida”, disse.
POR: Ladislau Francisco