O Índice de Preços Grossistas (iPG), que mensura a variação nos preços de bens produzidos internamente e importados, apresentou uma significativa elevação homóloga e acumulada de 25,49% ao longo de 2023, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE)
Este aumento, superior em 6,71% em relação a 2022, destaca uma tendência de crescimento nos últimos três anos, revertida apenas a partir de abril de 2022. O relatório recentemente divulgado pelo INE aponta que, em Dezembro de 2023, o IPG apresentou uma taxa de 2,88%, indicando uma ligeira aceleração de 0,06 ponto percentual compara- da a Novembro do mesmo ano. Este índice, conforme sublinha o INE, foi de 1,68 pontos percentuais maior do que o registado no mesmo período de 2022, apontando para desafios persistentes na estabilidade económica.
A análise detalhada dos dados aponta que os preços dos produtos nacionais experimentaram um aumento de 2,76% em comparação com o mês de Novembro, sendo a Indústria transformadora a principal influenciadora deste crescimento, com um aumento de 2,83%. Itens como carne de vaca com (6,91%), farinha de trigo com (6,88%), carne de cabrito com (5,26%), carne de porco com (4,9%), farinha de milho com (4,55%) e outros produtos contribuíram para um aumento combinado de 31,08%. Enquanto isso, os produtos importados também viram os seus preços a subirem, registando um aumento de 2,92% em Novembro.
A Indústria trans- formadora, com uma variação de 2,92%, foi o principal factor deste aumento. Este cenário aponta para a complexidade dos desafios económicos no país, com impacto tanto na produção interna quanto na importação de bens, exigindo estratégias adaptáveis para conter as pressões inflacionárias. O INE destaca a importância de políticas económicas cuidadosamente direcionadas para lidar com a actual dinâmica de preços e impulsionar a estabilidade económica.
Inflação aumenta para mais de 20% em 2023
A economia angolana enfrenta uma escalada preocupante da inflação, encerrando o ano de 2023 com uma taxa homóloga de 20,1%, conforme dados divulga- dos recentemente pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Estes números confirmam as estimativas antecipadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) em Novembro, que já apontavam para uma taxa de 19,5%, superando a previsão governamental de 17,8%. O relatório do Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN) do INE, aponta um acréscimo de 6,16 pontos percentuais na variação homóloga em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo 13,85%.
Esta significativa aceleração de 1,82 pontos percentuais em comparação com o mês anterior posiciona a taxa de inflação mensal de Dezembro em 2,42%, a mais alta do ano. O documento analisa as variações mensais de Novembro e dezembro, destacando um aumento de 0,21 pontos percentuais (pp) e de 1,55 pp em termos homólogos. O sector da “Saúde” foi identificado como o principal impulsionador do aumento da taxa do IPCN em Dezembro, registando uma variação de 3,05%, seguido por bens e serviços diversos com (2,95%), alimentação e bebidas não alcoólicas com (2,83%) e vestuário e calçado com (2,57%).
A classe de alimentação e bebidas não alcoólicas foi o maior contribuinte para o aumento do nível geral de preços, adicionando 1,67 pontos percentuais durante o mês Dezembro. Em seguida, os bens e serviços diversos representaram um aumento de (0,21%), Saúde com (0,12%) e vestuário e calçado com (0,10%) também impactaram no cenário inflacionário. A variação da inflação mostrou disparidades regionais, sendo mais expressiva na cidade capital (Luanda), com 3,36%, Cabinda com (1,95%) e Huíla com (1,89%), enquanto a província do Moxico registou a menor variação, com 1,34%, seguido por Malanje com (1,43%) e Lunda- Norte com (1,45%). Em Luanda, a variação homó- loga atingiu 26,02%, representando um aumento de 12,88 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano de 2022.
Comparando a variação homóloga de Dezembro com a de Novembro, observou-se uma aceleração de 3,01 pontos percentuais. Segundo o relatório, na subdivisão por classes em Luanda, o sector “Saúde” liderou com um aumento de preços de 4,78%, seguido por bens e serviços diversos (4,35%), vestuário e calçado com (3,87%) e alimentação e bebidas não alcoólicas com (3,83%). A revisão em alta da previsão de inflação pelo BNA em Novembro do ano passado para 19,5% contrastou com as projeções do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, nas suas reuniões anuais conjuntas, previam uma taxa de 18,8% no final de 2023, enquanto em março a previsão era de 12,3%. Este indicador desafia as autoridades económicas a adoptarem medidas ágeis para estabilizar o cenário inflacionário e impulsionar o crescimento sustentável do país.
POR: Francisca Parente