As importações de combustíveis caíram de 4,02 mil milhões de dólares em 2022 para 3,06 mil milhões em 2024, uma redução de aproximadamente 24%
Essa diminuição, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA), calculados por este jornal, pode estar ligada às políticas de redução de subsídios e ao aumento da capacidade de produção interna, sobretudo com os avanços na refinaria de Luanda e os planos de construção de novas unidades no Lobito e em Cabinda.
Já os bens alimentares, outra cate- goria crucial para o consumo interno, registaram uma queda expressiva entre 2022 e 2023, passan- do de 2,88 mil milhões de dólares para 1,94 mil milhões. No entanto, houve uma leve recu- peração em 2024, com as importações atingindo 2,04 mil milhões de dólares.
O aumento pode indicar uma maior necessidade de suprir a procura interna devido a desafios na produção agrícola nacional. Diferente de outros sectores, as importações de máquinas e equipamentos apresentaram crescimento contínuo.
Indo ao detalhe, em 2022, o país importou cerca de 3,34 mil milhões de dólares nesta categoria, número que subiu para 3,49 mil milhões em 2023 e atingiu 3,50 mil milhões em 2024. Esse crescimento, segundo o Banco Nacional de Angola sugere que Angola continua a investir na modernização da sua infraestrutura e no desenvolvimento industrial, possivelmente impulsionado por projectos de construção e reabilitação de estradas, energia e telecomunicações.
Outras categorias, como minérios e minerais, também seguiram tendência de queda. Em 2022, esse sector movimentou 201,9 milhões de dólares em importações, caindo para 93 milhões em 2024.
Já os produtos agrícolas e florestais, embora apresentem valores menores no total de importações, cresceram de 18,5 milhões de dólares em 2022 para 24,9 milhões em 2024, o que pode indicar aumento na procura por matérias-primas para o sector agroindustrial.
Cenário económico
A queda nas importações pode ser reflexo de factores como desvalorização cambial, políticas de substituição de importações e desafios logísticos. Além disso, a redução nos combustíveis pode impactar sectores dependentes de derivados do petróleo, como transporte e indústria.
Especialista aponta que a recuperação da economia dependerá do fortalecimento da produção interna, do incentivo ao sector agrícola e da diversificação da economia para reduzir a dependência de importações.
A tendência para os próximos anos dependerá das políticas económicas do governo, da evolução dos investimentos estrangeiros e da capacidade do país de fortalecer a sua produção interna para suprir a demanda do mercado.
Impacto na redução das importações
O economista Eduardo Manuel afirmou que a queda de 24% nas importações de combustíveis entre 2022 e 2024 pode ser atribuída, em grande parte, à expansão da capacidade de refinação nacional e à redução de subsídios.
Segundo ele, o governo planeia avançar com a modernização das refinarias e diminuir os subsídios para, assim, viabilizar a execução de outros projectos de interesse nacional, essenciais para o desenvolvimento económico e social de Angola. Essa redução nas importações tende a elevar os custos dos combustíveis, o que, por sua vez, pode oca- sionar um aumento nos preços dos bens e serviços.
Essa dinâmica pode afectar a competitividade da indústria angola- na, que precisará investir signifi- cativamente na qualidade dos seus produtos para competir, mesmo que a preços superiores aos praticados por outros países da SADC.
No que diz respeito aos bens alimentares, Eduardo Manuel sublinhou que as suas importações sofreram uma queda acentuada entre 2022 e 2023, período em que o governo buscou estimular a produção interna de produtos essenciais para a diversificação económica, em parceria com bancos nacionais e internacionais.
Em 2024, observou-se um ligeiro aumento dessas importações, resultado dos investimentos realizados anteriormente para a fabricação de matérias-primas destinadas às indústrias. Assim, embora a diversificação económica seja uma meta prioritária para Angola, é crucial que o país concentre esforços na produção alinhada às necessidades e potencialidades de cada província, revi- sando estratégias e intensificando o diálogo entre o governo, o sector bancário e os principais parceiros internacionais.
Já o crescimento das importações no sector de máquinas e equipamentos é um sinal positivo, pois indica que os investidores estão direcionando seus recursos para o sector não petrolífero. Esse movimento, impulsionado pelos programas de diversificação económica, pode contribuir para a redução dos preços dos produtos da cesta básica e ampliar as exportações para o mercado regional e internacional, diminuindo assim a dependência do petróleo.
POR:Francisca Parente